sexta-feira, 14 de junho de 2019

“Os Direitos Humanos”, de Ari Herculano de Souza – início da terceira parte do livro; fragmento de documento da Assembleia da CNBB de 1973; os direitos básicos dos seres humanos; sobre uma matéria da “Revista Visão” de 13 de agosto de 1984 a respeito da desnutrição de crianças no sertão pernambucano

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2019/06/os-direitos-humanos-de-ari-herculano-de_12.html antes de ler esta postagem:

Logo depois de reproduzir a Declaração Universal dos Direitos da Criança (ONU; 1959), Ari Herculano de Souza apresenta alguns dados sobre o triste panorama de meados da década de 1980 sobre a condição das crianças no mundo...
Especificamente no Brasil, por diversos motivos, a cada hora morriam 40 crianças. A UNICEF anunciava que a cada semana cerca de 280 mil crianças morriam por causa da desnutrição nos países economicamente dependentes dos mais desenvolvidos.
O analfabetismo tornava ainda mais graves os índices de pobreza... As populações da Etiópia e do Chade tinham cerca de 95% de analfabetos. No Gabão esse índice atingia quase 90%, e no Afeganistão 80%. É claro que nesses países pobres a maioria das crianças não tinha acesso à escola.
A contradição se torna ainda maior quando se percebe que a prioridade de muitos dirigentes políticos desses países estava distante dos anseios que inspiraram a declaração. No Paquistão, por exemplo, país que por aquele tempo tinha “73% de sua população em estado de analfabetismo”, o governo investia em educação apenas 5,1% de seu orçamento, já os gastos militares correspondiam a 31%.


(...)

A terceira parte do livro trata dos “Direitos Básicos do Ser Humano” e apresenta uma série de reportagens que evidenciavam o quanto eles vinham sendo desrespeitados pelas sociedades.
Logo na abertura, há um fragmento do documento da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) referente à sua Assembleia Geral de 1973:

                   “A Declaração Universal dos Direitos Humanos propiciou um avanço no sentido de maior liberdade da pessoa humana, enquanto despertou uma consciência mais clara desses direitos e maior disposição para defendê-los... e, na medida em que foram incorporados às legislações de muitos países, permitiu caracterizar como criminosa sua violação”.

Abaixo seguem os “Direitos Básicos do Ser Humano” tratados pela publicação:

                   1- Direito à vida;
                   2- Direito à liberdade;
                   3- Direito à igualdade;
                   4- Direito à saúde;
                   5- Direito à moradia;
                   6- Direito à educação;
                   7- Direito à segurança;
                   8- Direito à defesa;
                   9- Direito à propriedade;
                   10- Direito ao trabalho e remuneração dignos;
                   11- Direito de associação e reunião;
                   12- Direito à participação política.

Um fragmento de reportagem da “Revista Visão” de 13 de agosto de 1984 estampa uma reprodução fotográfica de uma pobre família do sertão nordestino. O título “Marcadas para morrer” antecipa a matéria a respeito da desnutrição que assolava as crianças da região mais carente do país.
O texto apresenta um desabafo sobre as periódicas matérias jornalísticas a respeito do tema... Longas reportagens tratavam da desnutrição infantil no Nordeste e, quase que como uma regra, nutricionistas eram chamados a apresentarem depoimentos sobre as graves consequências. Seguiam-se discursos políticos nos jornais, mas logo o assunto era esquecido.
Dados oficiais apontavam que cerca de 60% das crianças que viviam nas áreas rurais do Nordeste sofriam de “desnutrição grave”, e uma pesquisa da Universidade Rural de Pernambuco anunciava que na capital (Recife) 70% das crianças com idade entre 1 e 3 anos estavam desnutridas. O próprio Governo Federal admitia que a mortandade de crianças com menos de um ano seria de 23 mil (em 1984) só naquele estado.
(...)
Evidentemente as doenças se agravavam por causa da desnutrição. Ao fim da matéria levantava-se a questão: “Será que nada, realmente, pode ser feito?”
Leia: Os Direitos Humanos. Editora Do Brasil.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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