sábado, 22 de junho de 2019

“Os Direitos Humanos”, de Ari Herculano de Souza – considerações sobre o necessário envolvimento de todos no combate à desigualdade social; iniciando as reflexões sobre o quarto direito básico do ser humano, a saúde, a partir de recorte de reportagem da Revista Visão de 29 de novembro de 1982; atuação da AMRIGS pela proibição do cigarro em recintos fechados; o II Congresso Brasileiro de Nutrição e Metabolismo Infantil e os dados alarmantes sobre a mortalidade infantil relacionadas à desnutrição

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2019/06/os-direitos-humanos-de-ari-herculano-de_21.html antes de ler esta postagem:

Devemos considerar que o texto de Ari Herculano de Souza se destinava especificamente aos estudantes do Ensino Básico. Isso explica a didática utilizada e o foco na formação de jovens mais conscientes a respeito das causas relacionadas aos direitos humanos...
Principalmente no contexto dos anos 1980, marcados pelo debate e recuperação paulatina de direitos que haviam sido suprimidos durante as décadas de ditadura militar, livros como ”Os Direitos Humanos” salientavam a importância de uma participação mais consciente dos jovens no processo de redemocratização e de reconstrução da cidadania.
(...)
Portanto, não é por acaso que ao final das reflexões sobre o terceiro direito básico dos seres humanos, o autor insistia que as pessoas deviam ser vistas para “além da cor, do sexo, do nível de instrução, do grau de riqueza, do traje, da raça, da beleza, e da sua filosofia de vida”.
Salientava ainda que, para que o direito à igualdade fosse exercido por todos, a sociedade organizada deveria exigir:
                   * Leis justas e igualitárias;
                   * Justiça não discriminatória, que julgue de acordo com a lei;
                   * Justiça distributiva, que permita a distribuição dos bens produzidos pela humanidade a todos os indivíduos; de modo equitativo;
                   * Distribuição dos meios de produção e da riqueza, para que todos possam levar uma vida digna.

E se conscientizar sobre a necessidade de:
                   * Participação plena das pessoas nas lutas e decisões da sociedade;
                   * Aceitação das pessoas e dos grupos sociais como eles são.

(...)
Um longo recorte de texto da “Revista Visão” de 29 de novembro de 1982 abre a discussão sobre o quarto direito básico dos seres humanos, o “direito à saúde”.
A matéria tem como título “Alerta Geral – Impedir a desnutrição da gestante e cuidar da alimentação da criança é a campanha iniciada pelos médicos gaúchos” e trata de iniciativas da AMRIGS (Associação Médica do Rio Grande do Sul, dedicada à defesa dos interesses da classe) em prol da saúde da população.
Uma das campanhas da associação que vinha merecendo destaque era contra o fumo. Graças a ela, a prefeitura da capital gaúcha havia proibido o fumo nas lojas. Além disso, o DAER (Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem) também determinou a proibição nos ônibus intermunicipais*. As iniciativas foram muito bem aceitas pela população.

                   * Ler o recorte na atualidade nos dá uma ideia dos hábitos nocivos normalmente incentivados pelas campanhas publicitárias da indústria tabagista da segunda metade do século passado... O movimento iniciado pela AMRIGS chama a atenção também pelo fato de estar à frente do que viria a ser um consenso nacional apenas décadas mais tarde.

Outra campanha da mesma associação citada pela reportagem era contra a desnutrição. No início daquele ano havia ocorrido em São Paulo o II Congresso Brasileiro de Nutrição e Metabolismo Infantil... O médico Fernando José da Nóbrega, que havia presidido o encontro, apresentou informações alarmantes a respeito da mortalidade infantil no Brasil: a cada ano, num universo de mil crianças brasileiras, 84 morriam antes de completar o primeiro ano de vida; a cada ano nasciam vinte mil crianças já acometidas pela desnutrição.
A cada vinte minutos, a desnutrição ceifava uma das pequenas vidas no país. Os médicos da referida associação chamaram a atenção da sociedade. Na ocasião, o doutor Paulo Marrone presidia a AMRIGS e afirmou à reportagem que (sobre reverter o quadro):

                   “Não é uma tarefa impossível assistir 120 mil gestantes por mês, garantindo-lhes boa nutrição pelo menos durante o último trimestre da gravidez, que é o período crítico da formação do sistema nervoso central”.

Leia: Os Direitos Humanos. Editora Do Brasil.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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