domingo, 23 de junho de 2019

“Os Direitos Humanos”, de Ari Herculano de Souza – os danos provocados pela desnutrição das gestantes e de recém-nascidos nos dezoito primeiros meses de vida; dificuldades das mulheres carentes, equívocos durante a fase de amamentação e prejuízos sociais; recorte sobre o estudo de caso da vila de São José do Murialdo; da saúde dispensada às famílias nos países mais desenvolvidos

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2019/06/os-direitos-humanos-de-ari-herculano-de_22.html antes de ler esta postagem:

O doutor Paulo Marrone, que presidia a AMRIGS, informou à reportagem que “a desnutrição é o mais grave problema do Brasil porque causa danos irreversíveis”... Explicou também que as crianças geradas por mulheres desnutridas nascem menores do que as consideradas “normais” e, além disso, com menos neurônios e “menor quantidade de sinapses – relação de contato entre os dendritos das células nervosas”.
Outro alerta era por conta dos dezoito meses após o parto, período crucial para a formação do sistema nervoso central do bebê. O doutor deixou claro que o leite materno é o alimento essencial para o recém-nascido nessa fase. No entanto, por diversos motivos a amamentação não ocorria conforme o indicado pelos especialistas.
Acrescentou que, em muitos casos, “a mãe precisa voltar para o trabalho e portanto deixa de amamentar. Ou então, o stress causado pelas condições de pobreza em que vive é fator de inibição da lactação. Há ainda uma terceira razão: o leite em pó, distribuído pelo governo, induz ao desmame, pois as pessoas humildes acreditam que ele é mais forte do que o materno”.
(...)
A falta do leite materno retira da criança recém-nascida a possibilidade de adquirir anticorpos... Evidentemente isso aumentava ainda mais os índices de pobreza dos países menos desenvolvidos. Daí a comparação que a reportagem apresentou sobre a mortandade de crianças por complicações causadas pelo sarampo: para cada uma que morria nos países desenvolvidos, outras 428 morriam na América Latina.
O doutor Marrone foi incisivo ao cravar que o país (referia-se especificamente ao Brasil) não podia “continuar produzindo gerações de débeis mentais”. Dessa maneira, quis lembrar que o baixo desenvolvimento mental é uma das consequências irreversíveis da desnutrição... Daí advém as inaptidões e os baixos aproveitamentos escolares e, para acrescentar uma informação que mais chama a atenção dos que se debruçam sobre os dados econômicos, a precariedade resulta também em “baixa produtividade no trabalho”.
Neste ponto vale registrar trecho em que a matéria da “Revista Visão” destacou um estudo de caso realizado na periferia de Porto Alegre. Como podemos depreender, os casos de delinquência e de insucessos escolares vinham sendo relacionados à desnutrição:

                   “Pesquisa realizada numa vila de Porto Alegre – São José do Murialdo -, onde a Secretaria da Saúde executa um trabalho de atendimento modelar, mostrou que metade das crianças é constituída por marginais inferiores e débeis mentais, sendo que isso foi atribuído à desnutrição. A criança nessas condições acaba por abandonar os estudos, pois se sente humilhada diante dos colegas”.

Como se vê, o texto atribuía conceitos que consideramos vexatórios para se referir às crianças que passavam por diversas precariedades. A matéria se encerra com a informação de que a AMRIGS estava se movimentando para “dimensionar o problema com rigor” e, com base nisso, solicitar ações do governo para combater “a desnutrição da gestante e da criança até dezoito meses”.
(...)
O autor faz uma síntese finalizando a temática e salienta que a reportagem selecionada não é novidade quando se trata de discutir a questão da saúde nos países pobres.
Todos devem ter direito à saúde. Esse é um direito fundamental! Evidentemente não se trata apenas de discutir as atitudes pessoais relacionadas à saúde, pois o tema se refere, e está intimamente relacionado, à ”estrutura da sociedade na qual as pessoas vivem”.
Dessa forma, não é por acaso que, diferentemente do que ocorre nos países citados anteriormente, nos mais ricos e desenvolvidos a desnutrição era praticamente inexistente, e já havia muito tempo em que, nestes, “as mães geram filhos mais bem nutridos; as famílias têm maior assistência médica, sanitária e hospitalar; a poluição é mais controlada”.
Leia: Os Direitos Humanos. Editora Do Brasil.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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