Topsius e Teodorico se encaminhavam para o templo...
Pararam quando se aproximaram das ruínas de uma arco coberto de hera... Algumas pessoas se aglomeravam para prestar atenção aos movimentos e palavras de um essênio muito irritado.
O alemão logo reconheceu Gade vociferando irritado contra um tipo magro que tinha duas argolas douradas nas orelhas... O homem de barba rala e ruiva tremia enquanto se esforçava para negar a acusação do essênio.
(...)
Em síntese, Gade queria mostrar que conhecia o tipo e que ele se
recusava a confirmar que havia sido curado por Jesus... Disse que sabia que a
sua mãe era cardadeira em Cafarnaum. No mesmo instante o outro recuou e, como se
estivesse fazendo uma correção, garantiu que se chamava Refraim, e que era filho
de Eliézer, da localidade de Ramá...
Emendou
que todos sabiam que sempre fora “são e forte como a palmeira nova”. Gade amaldiçoou
a mãe que amamentara aquele mentiroso... Depois insistiu que outrora o tipo não
passava de um inútil e que não passava de um “torto ramo infrutífero”, um “cão e filho de
um cão”.
(...)
Gade gritou que o
vira em Cafarnaum, numa viela onde havia uma fonte, junto à sinagoga... Acusou
o tipo de ter se aproximado do Rabi de Nazaré... Atirou-se aos Seus pés,
enchendo de beijos as Suas sandálias, e pedindo encarecidamente que o curasse...
E por quê? Porque sua mão direita era de uma “negra secura” que o impedia a
realizar qualquer tarefa.
O essênio revelou aos
berros que a ocasião fora das mais temerárias porque estavam em pleno sabá...
Os chefes da sinagoga e mais Élzear e Simeão presenciaram tudo! As autoridades
religiosas prestaram atenção nos gestos do Rabi, pois queriam conferir se Ele “ousaria
curar no dia do Senhor”. Todos viram que o tipo rolava no chão como um
desgraçado...
O Rabi
não o repeliu ou indicou-lhe a raiz do baraz como tratamento... Pelo contrário,
orientou-o a estender-Lhe a mão apodrecida. E Foi só tocá-la para que todos a
vissem renovada como que “regada pelo orvalho do céu”.
Sem disfarçar emoção,
Gade disse que o milagre havia acontecido... O tipo pôde movimentar os dedos
para o espanto dele próprio e de todos que estavam presentes.
(...)
Neste ponto de sua
narrativa, o essênio que Topsius e Teodorico haviam conhecido na grande casa de
Gamaliel lançou os braços para o ar... Depois arrematou para todos os que o
ouviam que a caridade do Rabi de fato havia curado o tipo.
Então voltou-se ao
seu acusado e perguntou se Ele lhe estendera a ponta do manto para receber
qualquer moeda... O próprio Gade respondeu que não.
(...)
A irritação de Gade era
por conta de ter visto aquele tipo no pretório juntar sua voz aos demais que
pediam a libertação de Barrabás e a crucificação de Jesus. Mas não era aquela
uma atitude comparável à dos porcos?
Seu discurso inflamado tornou-se perigoso para o pobre de barba rala e
ruiva... Alguns dos que ouviam se mostraram escandalizados e atacaram com
gritos de “maldito!” Um velho foi o primeiro a abaixar-se para pegar duas pontudas
pedras... O tipo acusado por Gade de ser “o ingrato de Cafarnaum” percebeu que
sua situação tornava-se dramática... Sussurrou que era de Ramá e que nada tinha
a ver com os episódios narrados.
O essênio ainda mais se enfureceu e agarrou o seu acusado pelas barbas.
E para que não pairassem dúvidas, anunciou que por baixo da manga da túnica
nova daquele tipo havia um braço marcado por duas cicatrizes provavelmente
resultantes de golpes de foice. Na sequência rasgou o tecido para evidenciar o
que acabara de denunciar.
Todos viram o que Gade antecipara, pois ele
mesmo cuidou de agarrar o tipo pelo braço para arrastá-lo por entre as pessoas.
(...)
Rito Sumário...
Gade lançou o seu acusado à turba, que o perseguiu com gritaria e pedradas.
Topsius e Teodorico se aproximaram do conhecido... Sorriram e elogiaram sua fidelidade e convicção em Jesus.
Mais calmo, o essênio estendeu as mãos para um vendedor de água que acompanhara o desenrolar das ações que haviam atraído as pessoas àquela localidade... Refrescou-se o quanto pôde, limpou as mãos numa toalha de linho que trazia à cintura e anunciou que certo José de Ramata reivindicara o corpo do Rabi. Disse ainda que o pretor concedera-lhe o pedido.
Gade lançou o seu acusado à turba, que o perseguiu com gritaria e pedradas.
Topsius e Teodorico se aproximaram do conhecido... Sorriram e elogiaram sua fidelidade e convicção em Jesus.
Mais calmo, o essênio estendeu as mãos para um vendedor de água que acompanhara o desenrolar das ações que haviam atraído as pessoas àquela localidade... Refrescou-se o quanto pôde, limpou as mãos numa toalha de linho que trazia à cintura e anunciou que certo José de Ramata reivindicara o corpo do Rabi. Disse ainda que o pretor concedera-lhe o pedido.
(...)
Ele parecia apressado...
Explicou que podiam se encontrar no pátio da casa de Gamaliel “à nona hora
romana” (15:00 horas)... Perguntou para onde os dois estrangeiros se
encaminhavam... Topsius respondeu que estavam a caminho do templo.
Então Gade cobriu a cabeça com o capuz e, antes que saísse apressado em meio às pessoas que nutriam respeito pelos essênios, pronunciou que “Vão é aquele que admira pedras!”
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2018/01/a-reliquia-de-eca-de-queiroz-da_4.html
Leia: A Relíquia – Coleção “Biblioteca Universal”. Editora Três.
Um abraço,
Prof.Gilberto
Então Gade cobriu a cabeça com o capuz e, antes que saísse apressado em meio às pessoas que nutriam respeito pelos essênios, pronunciou que “Vão é aquele que admira pedras!”
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2018/01/a-reliquia-de-eca-de-queiroz-da_4.html
Leia: A Relíquia – Coleção “Biblioteca Universal”. Editora Três.
Um abraço,
Prof.Gilberto