quinta-feira, 19 de novembro de 2015

“A Guerra do Futebol”, de Ryszard Kapuscinski – Kapuscinski retornou à Polônia, mas as notícias sobre agitações políticas no Congo o atraíram novamente para a África; Jarda Bouczek, jornalista tcheco, aceita a companhia do polonês rumo às florestas temerárias; incertezas no Congo, Lumumba preso

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/11/a-guerra-do-futebol-de-ryszard_73.html antes de ler esta postagem:

Vemos Kapuscinski de volta ao seu país... Os “menos avisados” se espantaram com a sua aparência bronzeada... A Polônia vivia dias de intenso inverno e perguntaram-lhe se havia passado uma temporada em Zakopane, famosa estação de esqui...
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No começo do segundo semestre de 1960, ele escrevia para a Revista Polityca... Seu chefe, Mieczyszlaw F. Rakowski, o enviara para o interior do país... Então foi numa localidade como Oleck ou Ornec que ficou sabendo que o Congo havia sido sacudido por uma agitação política com potencial para provocar “desdobramentos mundiais”.
O Congo era conhecido por ser um dos países mais fechados e desconhecidos de todo o continente africano... Sua independência colocara fim ao brutal passado de colônia belga. Mas pouco tempo depois teve início uma rebelião de militares do exército...
Os antigos colonizadores fugiam como podiam... A Bélgica enviou paraquedistas e o massacre foi escancarado nas páginas de jornais de todo o mundo.
Havia muita confusão no Congo... Mas era para lá que Kapuscinski quis se dirigir. Foi por isso que ele pediu para Rakowski que o enviasse em missão.
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Acontece que o ambiente no Congo não era nada favorável aos egressos de países socialistas... Todos os que lá estavam instalados haviam sido expulsos! O máximo que Kapuscinski conseguiu foi certa quantia em dinheiro e uma passagem para a Nigéria, onde “nada” (comparado aos episódios congoleses) ocorria.
Ele ficou sabendo que um jornalista tcheco partiria do Cairo para o Congo através das florestas... Isso, sem dúvida, era temerário. Kapuscinski não pestanejou ao avaliar as possibilidades de trocar a sua passagem... Oficialmente seguia para a Nigéria, mas o seu destino seria o Cairo.
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Uma vez no Cairo, ele se encontrou com Jarda Bouczek, o jornalista tcheco que foi logo explicando que o seu intento era o de chegar ao Congo pelo Sudão... Então viajariam de avião até Cartum, e depois para Juba, onde teriam de comprar um carro...
Bouczek topou a companhia de Kapuscinski, mas deixou claro que depois de Juba podiam esperar pelo pior... Ousariam chegar a Stanleyville, a “capital da província oriental do Congo” que vivia dias de incertezas e muitas ameaças.
Em Stanleyville encontrava-se refugiado o governo de Lumumba, um dos libertadores do país e que havia sido destituído do posto de Primeiro Ministro... Lumumba estava preso... Seu amigo Antoine Gizenga tentava manter unida a sua equipe de governo. Enquanto isso, o exército realizava manobras que confundiam os que pretendiam entender os rumos que o país estava tomando.
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A expedição incluía a navegação pelo Nilo até o rio Congo, que banha Stanleyville. Kapuscinski convenceu Jarda a aceitá-lo também porque garantira que o governo polonês o havia recomendado... Evidentemente isso não era verdade.
O tcheco ratificou sua concordância, mas repetiu que a empreitada poderia custar-lhes a vida. Não foi por acaso que ele entregou uma cópia de seu testamento, devidamente registrado em cartório, ao companheiro... Orientou-o a fazer o mesmo.
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Kapuscinski conta que não foi nada fácil conseguir o visto sudanês na United Arab Airlines, onde trocou o seu bilhete de destino para Lagos por um para Juba (com escala em Cartum)...
Jarda permaneceu por mais algum tempo no Cairo, onde aguardou um colega de seu país... Eles se reencontrariam novamente em Cartum.
Leia: A Guerra do Futebol. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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