Conforme haviam acertado, Pris Stratton se transferiu para o apartamento de J.R. Isidore... É claro que ele se encarregou de transportar as tralhas da amiga.
Pris insistiu que a pesada televisão não podia ficar para trás porque o programa do Buster Gente Fina com o seu prometido bombástico anúncio estava para começar...
O “cabeça de galinha” se esforçava o mais que podia para atender a todas as solicitações da garota andy... Disse que seu aparelho sintonizava o canal do governo, mas Irmgard fez coro com Pris e pediu que ele trouxesse a televisão porque o programa era simplesmente imperdível.
Roy Baty se acomodou numa cadeira... Ele exigia pressa a Isidore como se fosse o patrão do pedaço...
(...)
Depois de algumas idas e voltas, J.R. estava mesmo cansado, mas
sentia-se bem ao experimentar a sensação de utilidade. Ele considerava mesmo
que os três estavam dependentes de seus esforços.
Isidore, que tinha o costume de ouvir o programa do Buster pelo rádio do
caminhão, achou que seria muito legal assistir pela televisão... Ainda mais que
se anunciava que a notícia bombástica seria embasada em farta documentação.
Ao se perceber sozinho enquanto se preparava para
carregar o aparelho, Isidore notou o quanto precisava da presença daqueles três
estranhos... Já não admitia continuar a viver como antes da chegada deles... Em
seu íntimo agradecia a Deus porque haviam decidido permanecer.
(...)
Quando posicionou a televisão sobre uma mesinha, J.R. estava com os
dedos doendo bastante, mesmo assim pôs-se a falar animadamente sobre como o
sinal era bom naquele prédio... Roy não escondeu a sua irritação e exigiu que
ele se concentrasse apenas em instalar o aparelho.
Ele desceu mais uma vez para pegar mais algum acessório... No caminho,
pensou que estava sendo explorado por Roy, Pris e Irmgard... Mesmo assim
sentenciou para si mesmo que eram bons amigos.
(...)
Em sua “última viagem”, coletou também algumas roupas de Pris... Dirigiu-se
ao corredor carregando as malas que havia organizado debaixo do braço... No
empoeirado caminho, notou que algo minúsculo se movimentava bem à sua frente.
Deixou as malas de lado e apoderou-se de um pequeno frasco de vidro que
carregava no bolso. Era um vidro comum que possuía uma tampa cheia de furos
feitos com agulha... Não era raro os humanos portarem vidros como aquele para
capturar alguma forma de vida (talvez um inseto) que eventualmente encontrassem.
De fato, Isidore deparou-se com uma pequena aranha.
(...)
Ao chegar novamente em seu
apartamento, Isidore pôde ouvir que o Buster Gente Fina já iniciava a
transmissão da tão aguardada notícia... Ele dizia que fizera uma descoberta
incrível e que pesquisadores a analisaram com extremo cuidado nas semanas
anteriores...
J.R. Foi dizendo aos
companheiros que havia encontrado uma aranha... Roy Baty não queria saber de
conversa enquanto o programa estivesse rolando... Pris se interessou e quis
verificar o bicho... Ela o examinou com curiosidade e disse que não entendia
porque ele precisava de tantas pernas.
Isidore não soube
explicar e disse que aranhas eram insetos assim mesmo, possuíam oito pernas...
Irmgard também se espantou com a quantidade de pernas da aranha e perguntou se
quatro não lhe bastariam... Pris achou que ela não precisava de tudo aquilo,
enquanto que Irmgard sugeriu que a amiga cortasse a metade das perninhas, pois “certamente”
ela conseguiria se movimentar satisfatoriamente.
(...)
Irmgard entregou a Pris uma tesoura que retirou de sua bolsa...
J.R. Isidore entrou em
pânico, mas nada falou imediatamente.
Pris abriu o frasco e soltou a aranha sobre a mesa da
cozinha... Antecipou-se concluindo que provavelmente ela não conseguiria se
movimentar tão rápido, mas, como não havia nada para ela caçar por ali, não
demoraria a morrer.
J.R. implorou... Pris perguntou se “aquilo” valia alguma coisa...
J.R. pediu que não a
mutilasse...
Pris cortou uma das perninhas e pôs-se a
observar.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/12/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_12.html
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto