quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

“Androides sonham com ovelhas elétricas?”, de Philip K. Dick – Roy Baty representa o maior perigo ao caçador; Rachael oferece um dispositivo que anula momentaneamente o inimigo humanoide; reflexões sobre a coisa que é o androide

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/12/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_3.html antes de ler esta postagem:

Conforme Rachael falou sobre a desalentadora situação de ambos (caso partissem juntos para enfrentar Roy Baty), foi também desabotoando o casaco de Deckard.
A moça andy queria explicar que Pris Stratton poderia substituí-la, inclusive no papel de “objeto de satisfação sexual” para Deckard...
Ele queria fazer entender que a sua situação não era outra senão a de ter de eliminar os três andys que restavam, pois só assim poderia pagar a cabra nubiana...
Vemos que suas preocupações não se relacionavam.
(...)
Deckard levantou-se para ingerir mais vinho. Ele estava trêmulo... Concluiu que estava no limite e que sua desvantagem em relação ao confronto com Roy Baty era abissal.
De pé no meio do quarto, considerou ter atingido o fundo do poço... Em sua opinião era Roy quem “dava as cartas”... Calculou que os embates que tivera com os Nexus-6 foram oferecendo desafios cada vez mais pesados conforme foram se sucedendo... Considerou que Roy podia representar o mais difícil de todos e que, se havia lógica em seu drama, aquele vilão seria o último que confrontaria...
Deckard sentia que o medo o dominava.
Ele disse a Rachael que não poderia prosseguir sem a sua companhia e colaboração... De sua parte, a pequena ia se despindo aos poucos... Cambaleante, quis explicar que Roy, de fato, era diferente de Polokov ou Garland... Esses dois praticamente o haviam procurado...
(...)
Rachael possuía vários objetos em sua bolsa... Eles lembravam produtos de “pequenos furtos”... Falou sobre um mecanismo que estava em meio aos seus badulaques, um mecanismo que trouxera da fábrica de Marte... Era um dispositivo para emergência que lembrava uma ostra e que era utilizado em inspeções de andys...
Sob a colcha, praticamente nua, ela estava pronta para atender aos apetites de Deckard... Mas ele começou a vasculhar a bolsa dela até encontrar uma esfera metálica. Rachael explicou que ao acionar o botão aquilo interrompia a respiração por alguns segundos... Os humanos que estivessem próximos conseguiriam sobreviver sem maiores problemas... Mas os humanoides não suportam o sufoco e “apagam” por causa do “nervo pneumogástrico”. É certo que aquilo duraria uns quatro ou cinco segundos, fragmento de tempo suficiente para o caçador agir enquanto o andy estivesse em “estado de catalepsia”...
Ela fazia movimentos como que a ensiná-lo de que modo deveria proceder... Bastava segurar o dispositivo e apertar o botão... Faltaria ar para o humanoide, pois suas células cerebrais seriam afetadas drasticamente... Assim, o tubo laser colocaria fim ao seu drama.
Deckard viu que havia uma arma laser na bolsa da parceira. Ela explicou que não era verdadeira, já que androides não tinham autorização para portarem armas reais...
(...)
Na sequência, Rachael teceu reflexões sobre a cama impecável onde espalhava o seu corpinho nu... Era uma cama digna de possibilitar a concepção de filhos... Seria um desperdício o fato de os androides não poderem gerar filhos? Qual seria a sensação de gerar um filho?
É claro que ela não podia responder a essas questões... Doutra parte, para que respondê-las?
Qual seria a sensação que se tem ao nascer? Androides não nascem... Mas quem pode dizer a respeito da sensação do próprio nascimento?
Androides não crescem... “Em vez de morrer de doença ou de velhice”, os andys se desgastam... Sua condição é similar à das formigas (mais uma vez esses insetos!)...
(...)
Rachael quis sentenciar que ela se tratava de algo sem vida... Mas Deckard sabia disso... Ela advertiu que não era com uma mulher que ele se deitava... Ele também sabia disso.
É claro, ela entendia... Durante o ato ele não problematizaria a situação porque havia o risco de, por razões psicológicas, falhar.
Antes de se envolverem totalmente, ele beijou o ombro nu da outra... Parecia ensaiar “preliminares”, mas emendou que ainda precisava aposentar os demais andys... E que precisava da presença dela na ação, pois tinha certeza de que o tubo que carregava na bolsa...
Não pôde finalizar o seu juízo porque Rachael o interrompeu perguntando se ele acreditava que ela iria aposentar um dos andys.
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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