Rachael aceitou partir ainda naquela noite para se encontrar com Deckard em São Francisco... Marcaram no St. Francis, o “único hotel mais ou menos decente” em Bay Area.
Rick seguiu para o St. Francis e se instalou num quarto, onde ficou assistindo ao programa do Buster Gente Fina.
(...)
Deckard decidiu analisar as
fichas que possuía... Roy e Irmgard Baty apareciam em imagens 3D coloridas mal
definidas, mesmo assim considerou que Irmgard era atraente, já o tipo masculino
era “diferente”, “algo pior”.
Ficou sabendo sobre as atividades farmacêuticas em
Marte... Definitivamente isso não combinava, pois todo andy era concebido para
funções operárias... Ou será que androides também sonhavam e tinham ambições?
A resposta para aquela questão era positiva, pois somente o fato de
desejarem “algo melhor” justificaria terem assassinado seus senhores e fugirem
para a Terra. Pelo menos ele julgava que aquele devia ter sido o caso de Luba
Luft, que largou a aridez marciana para cantar “Don Giovanni e As Bodas de
Fígaro”...
A ficha de Roy estava cheia de anotações feitas por
Holden. Elas informavam que ele se tratava de um tipo “dado a preocupações
místicas”. Sabia-se até que ele havia proposto a fuga para a Terra, e que fazia
proselitismo “sobre a sacralidade androide”... Outras informações eram as que
davam contam das experimentações de drogas diversas. A esse respeito, ele havia
declarado que almejava uma fusão para os andys tal como os humanos realizavam
com o mercerismo.
(...)
Deckard notou que Dave Holden sentiu aversão em relação ao Roy... Talvez
porque concluísse que o seu plano de assassinato tinha a ver com a fracassada
experiência de fusão através das drogas.
Mas Rick aceitava que aquilo deveria acabar... Ele colocaria termo à louca aventura andy liderada por Roy Baty. Estava claro que se ele não
obtivesse sucesso, outro tomaria o caso... Afinal foi isso o que aconteceu
quando Dave teve de ser substituído.
(...)
Rachael chegou ao quarto onde Rick estava instalado... O voo teve
duração de menos de uma hora. A garota andy estava “com um longo casaco escama
de peixe sobre sutiã com short combinando”. Ela trazia grande bolsa de tecido
grosso e uma sacola de papel com uma garrafa de Bourbon.
Ela aparentava ter se esforçado para alcançá-lo o mais rápido que
podia... Rick foi dizendo que o pior dos andys que devia caçar continuava
vivo... E foi passando-lhe a ficha ao mesmo tempo em que informava a respeito
do endereço do condapto no subúrbio, onde ”cabeças de galinha” e “cabeças de formiga”
se escondiam.
Rachael se interessou
também pelos outros dois humanoides... Rick adiantou que eram fêmeas e se
chamavam Irmgard Baty e Pris Stratton.
A ficha de Pris foi a que
mais chamou a atenção dela... Mas não demorou e Rachael largou os papéis para
se dirigir à janela... Disse que era bem provável que Deckard se surpreendesse
com aquele exemplar específico.
Ele não entendeu o
que ela quis dizer e tomou novamente os papéis para uma melhor análise...
Rachael respondeu que era momento de abrirem o Bourbon original, de antes da
guerra...
Deckard notou que ela estava bem perturbada... Quis saber qual era o
problema, e ela despejou que ele havia dito pelo vidfone que, se se
encontrassem, desistiria da perseguição e que “fariam outra coisa”.
Ele insistiu ao querer
saber sobre o que a incomodava... Ela insistiu em saber o que fariam juntos
naquele quarto do St. Francis.
Rachael tirou o casaco e,
enquanto se dirigia para pendurá-lo, Deckard analisou o seu contorno... Considerou
estranhas as sua proporções (cabeça grande, seios pequenos, silhueta quase
infantil...)... Seus olhos eram bem feitos e característicos de mulheres
adultas... À mente de Rick surgia a figura de um caçador da espécie
Cro-Magnon... Nenhum excesso de carnes, “barriga plana” e nádegas também
pequenas... Um tipinho celta bem jovem de longas pernas...
(...)
Serviram-se do vinho... Ele sorveu com certa
dificuldade... Ela engoliu de uma só vez.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/12/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_3.html
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto