terça-feira, 23 de dezembro de 2014

“Androides sonham com ovelhas elétricas?”, de Philip K. Dick – reflexões sobre os episódios do dia; uma criatura viva em meio à desolação; condição existencial definitivamente alterada?

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/12/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_21.html antes de ler esta postagem:

Ao dizer que não pretendia que o pessoal do Departamento o resgatasse do território fronteiriço do distante Oregon, Deckard queria que a srta. Marsten entendesse que ele não pertencia mais ao grupamento chefiado por Herry Bryant... Ele parecia decidido a não mais lidar com os androides em troca de recompensas...
A secretária concluiu que as ideias dele não podiam ser levadas a sério porque o seu dia havia sido de muito esforço... Deckard só podia estar estafado... Então a moça sugeriu que ele retornasse para casa e se entendesse com a esposa... Emendou que ele era o melhor profissional do Departamento, e que assim que o senhor Bryant retornasse ela lhe falaria a respeito de sua situação.
Deckard disse que a situação se devia à perda da cabra... Sentenciou que Rachael errou ao dizer que ele não teria condições de eliminar os andys... Também o cabeça de galinha estava errado ao sugerir que ele não mais se fundiria a Mercer...
(...)
É claro que a srta. Marsten não tinha como ajudá-lo, e tampouco entendia o que ele dizia... Mesmo assim ela voltou a insistir que ele devia retornar o quanto antes... No Oregon não havia viventes!
Deckard estava atordoado... Ele achou muito estranho ter se fundido a Mercer... Falou sobre isso com a secretária... A situação provocou espanto porque ele estava absolutamente só... De repente ele havia se tornado o próprio Mercer! Pedras reais o atingiram!
A srta. Marsten disse que todos estavam comentando que Mercer era uma farsa... É claro que estava repercutindo a “edição bombástica” do programa do Buster Gente Fina...
Deckard respondeu imediatamente que tinha certeza de que Mercer era real... Tão real como a colina que estava à sua frente e a Poeira que dominava a atmosfera... Depois disse que estava com medo de não mais “deixar de ser Mercer”.
Será que teria de passar o resto de sua vida ali? Teria de subir a colina indefinidas vezes e ser atacado por violentas pedradas?
(...)
A secretária Marsten encerrou a ligação... Ela lhe pediu que prometesse que ligaria para a esposa...
Deckard prometeu... Não havia motivo para prosseguir incomodando a jovem funcionária do Departamento...
Ele pensou sobre a possibilidade de descansar em uma cama limpa... Lembrou-se de que a última vez que estivera numa cama havia sido com Rachael (e também pensou sobre o significado ilícito daquela situação)... Depois concluiu que, se a tivesse eliminado, sua cabra estaria viva...
(...)
A experiência vivida por Deckard na colina o transformara... Ele quis saber o que aconteceria se continuasse na caminhada... Era bem provável que atingisse o “ponto onde Mercer morre”... O local do “triunfo de Mercer se manifesta, lá no fim do grande ciclo sideral”.
Ora se ele havia se tornado Mercer, significava que nunca morreria... “Mercer é imortal”...
(...)
Deckard ligou o vidfone mais uma vez... Pretendia falar com Iran.
Mas, em vez disso, foi tomado por paralisia.
Aconteceu que enquanto se apossava do aparelho comunicador, captou um pequeno movimento no chão empoeirado que estava quase fora de seu campo de visão...
Entre algumas pedras estava um animal... Lentamente, Deckard buscou a sua edição da Sidney’s... Ele conhecia aquele bicho de filmes antigos... A espécie, e todas as suas variedades, estava extinta há muito tempo... Tratava-se de um sapo.
Sua intenção foi a de capturá-lo... Mas tinha de fazer isso sem provocar movimentos bruscos...
Calmamente se dirigiu à mala do carro, onde sabia que possuía uma caixa de papelão... 
(...)
O sapo sofria alterações em sua pigmentação e dessa maneira se camuflava na paisagem... É claro que aquela criatura havia se adaptado às transformações que o ambiente sofrera...
Descobrir que o bicho estava ali, e naquelas circunstâncias, foi muita sorte...
Deckard pensou sobre o que aquilo poderia significar... Lembrou-se das honrarias e premiação em dinheiro (uma soma vultosa cedida pela ONU) para os que capturassem um animal em extinção...
Será que aquilo realmente ocorria com ele?
Ele teria se tornado um “especial”?
Teria deixado de ser Rick Deckard e se transformado definitivamente em Wilbur Mercer?
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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