Depois que acabaram de tomar o café, Deckard e Rachael seguiram para o terraço onde estava o hovercar...
(...)
Em direção ao subúrbio, ela comentou sobre a agradável noite que podia
contemplar pela vidraça... Deckard lembrou que a sua cabra devia estar dormindo
àquela hora... Também podia ser que não, já que ele nem tinha certeza dos
hábitos caprinos, se eram ou não noturnos...
Rachael perguntou sobre a
esposa de Deckard... Ela estava curiosa, mas ele nada disse... Depois da
insistência da garota andy em saber como era a Irã, Rick falou que se (em vez
de androide) Rachael fosse uma mulher de verdade se casaria com ela...
Rachael sugeriu que, em vez disso, poderiam “viver em
pecado”... Mas ela nem era humana! Deckard não concordou totalmente com essa
afirmação... Entendia que Rachael não fosse um “tipo vivente”, mas não podia
compará-la aos animais falsos feitos de “circuitos transistorizados”.
Ele disse essas coisas e pensou no curto tempo que restava a ela...
Pensou também nos momentos que passaram juntos. Depois voltou a garantir que,
após eliminar os Baty, colocaria fim à sua “carreira de caçador de recompensas”.
Ela notou a tristeza do amigo e sentenciou-lhe que ele
não conseguiria caçar androides por muito mais tempo. Rachael afirmou que todos
os caçadores de andys que tinham se envolvido com ela acabaram deixando a
profissão... Corrigiu-se na sequência e se lembrou de um “tipo maluco”, que
possuía “metodologia muito estranha”... Esse foi o único que, depois de passar
momentos de intimidade com ela, prosseguiu friamente com suas caçadas... Ela se
lembrou de como o tipo se chamava: Phil Resch.
Foi como se Deckard recebesse um choque... Ele disse apenas que a
entendia...
(...)
A garota andy esclareceu que ele não se arrependeria do contato que
faria com Roy Baty, um tipo “maravilhoso, espiritual”... Sim, ela conhecera
todos “quando ainda existiam”... Bem que ela havia tentado pará-lo antes que
Polokov o alcançasse... Mas, como se sabe, não lograra êxito...
Rachael falou também sobre a convivência com Luba Luft... Quis saber se
ele havia tido uma boa impressão da cantora lírica... Deckard respondeu
positivamente.
Gostou, mas a matou?
A essa pergunta, ele
respondeu que o assassino de Luba havia sido Phil Resch...
Só então Rachael ficou
sabendo que Deckard havia sido acompanhado por Resch em seu retorno à Casa de
Ópera... A comunicação (do esquema de proteção aos andys envolvia o “Departamento
de Polícia paralelo” e, certamente, alguns elementos da Rosen, como Rachael)
havia falhado. E é por isso que ela imaginava que ele havia sido o autor da
eliminação de Luba.
(...)
Lembrando-se das
notas de Dave, Deckard calculou que poderia aposentar Roy Baty. Talvez não
fosse eficiente contra Irmgard (devido à sua empatia pelas andys)... Admitiu
que, em relação à Pris, seria mesmo incompetente.
Deckard pensava sobre essas coisas... Rachael esclareceu que a Rosen se
dedicava a contatar caçadores de recompensa (nos EUA e na URSS). Com ares de
inocência, disse que não entendia por que tinha de se envolver com aqueles
homens todos... Deckard disse que não acreditava que aquele expediente funcionasse
perfeitamente... Ela discordou afirmando que “no caso dele” haviam logrado
êxito...
(...)
Depois dessas revelações,
Deckard lançou a dúvida... Será que ele havia sido mesmo afetado pelas “manobras”
da Rosen, nas quais Rachael funcionava como pivô?
Ele quis saber de quantas
outras “operações” como aquela ela havia participado...
Rachael não soube responder imediatamente...
Seis, sete ou oito... Então se lembrou e cravou “nove”... Nove vezes esteve em
ação nas operações de cooptação de caçadores de androides.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/12/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_6.html
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto