quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

“Androides sonham com ovelhas elétricas?”, de Philip K. Dick – Rachael lamenta saber que pode ser substituída por Pris; uma andy que se embriaga; não está ali para ajudar Deckard em sua ação, pois sua missão é registrar os pontos a serem aperfeiçoados nas próximas gerações Nexus

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/12/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas.html antes de ler esta postagem:

Deckard sentou-se ao lado de Rachael na cama... Ela estava mergulhada em suas reflexões. Ficaram muito próximos e ele tomou-lhe a mão... Mais uma vez pediu que ela se abrisse.
Sem dúvida trata-se de uma conversa estranha, dado que era com um humanoide que ele falava tentando transmitir confiança.
(...)
Rachael revelou que pensava na ficha do último andy (referia-se a Pris Stratton)... O que a deixava perturbada era o fato de ambas serem do mesmo modelo... Deckard devia ter notado, pois as descrições não deixavam dúvidas... É claro que podiam se vestir ou arranjarem os cabelos de modo diferente. Mas não havia dúvida.
Ela acrescentou que foi bom a empresa ter deixado claro que também era uma andy...Se isso não acontecesse, logicamente ele notaria a similaridade entre ambas ao contatar Pris.
Rachael reclamava que estariam juntos quando Deckard encontrasse Pris... Garantiu que os três restantes só podiam estar juntos no Condapto 3697-C. Conhecendo a “psicologia dos Nexus-6”, Rachael tinha certeza de que os fugitivos estavam juntos naquele momento... Nós sabemos que ela estava certa. Ela ainda acrescentou que seria temerário organizarem-se em torno de Roy Baty, o desequilibrado.
(...)
Deckard a ouviu com atenção e solicitou que não se desesperasse. Tocou o seu queixo pontiagudo e imaginou como seria beijá-la... Então fez isso... Não houve nenhuma reação da parte de Rachael.
Ela disse que se soubesse (sobre Pris) não teria voado até o St. Francis... Para Deckard ela sentia empatia... Rachael confirmou que era algo como “identificação” o que a deixava incomodada... Como seria presenciar a eliminação de uma “igual”? E ele não poderia se confundir e atirar nela em vez de acertar Pris? Nesse caso, a outra poderia seguir para Seattle e substitui-la...
Que tipo de existência era aquela? Existência? Mas como falar de existência quando se é máquina produzida em série e se faz parte de uma leva que lembra a condição das “tampinhas de garrafas”?
(...)
Rick achou engraçadas as considerações desesperadas de Rachael... Disse que as formigas são “fisicamente iguais” e não se sentiam daquela forma... De modo áspero ela respondeu que “formigas não sentem, e ponto final”... Ele tentou falar sobre os gêmeos humanos idênticos, mas ela o interrompeu dizendo que eles têm uma “ligação especial” e que se “identificam entre si”.
A moça andy se levantou e bebeu mais do vinho... Andou pelo quarto e depois se atirou sobre a cama dizendo que, se morresse, talvez ressurgisse num outro modelo criado pela Associação Rosen... Estava muito cansada da viagem e precisava dormir.
Ela quis saber se Deckard tinha alguma ideia dos motivos que levaram Eldon e os demais a aprovarem o seu encontro com ele, um caçador de androides... Rick respondeu imediatamente, pois para ele estava claro que ela deveria levar-lhes informações sobre as operações. Dessa forma poderiam trabalhar na evolução dos Nexus e fazê-los “inidentificáveis”.
Rachael não desmentiu, e sua fala confirmou que ficava claro que (provavelmente) os Nexus-7 não seriam a versão mais próxima do ser humano, mas a intenção da empresa era exatamente essa.
Deckard perguntou-lhe se conhecia o Teste do Arco Reflexo Bonelli... A resposta de Rachael foi um total “descompromisso com a seriedade”... Ela foi falando de modo automático que aquela escala já havia sido estudada pela Rosen e que aquele instrumento se perderia “no passado, na mortalha cinzenta de esquecimento espiritual”.
(...)
Então aconteceu que Rachael passou a não mais lamentar a sua condição... Em vez disso, pareceu provocar a própria condição de Rick... Ora, de que lhe adiantaria eliminar aqueles três últimos fugitivos?
Ele mandou-a ao inferno... Ela garantiu que estava bêbada (isso também acontecia aos Nexus-6!), então ele podia partir para a caçada e contar-lhe tudo assim que regressasse.
Mas na opinião de Deckard não haveria reencontro porque acreditava que Roy Baty acabaria com ele... Rachael argumentou que não poderia ajudá-lo porque estava realmente bêbada e, além disso, ele sabia da verdade: ela não interviria em momento algum para salvá-lo, já que sua condição seria de mera espectadora.
Além de não salvá-lo, e de nem se importar com isso, Rachael calculou que podia acabar vitimada pela ação de Baty...
E o pior: Pris a substituiria.
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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