sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

“Androides sonham com ovelhas elétricas?”, de Philip K. Dick – Deckard volta para casa; a vingança de Rachael; será o fim?

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/12/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_18.html antes de ler esta postagem:

Harry Bryant parabenizou Rick Deckard pelo trabalho que acabara de realizar... Os seis andys da lista foram eliminados no mesmo dia! O chefe sugeriu que ele retornasse para casa e descansasse.
Um pessoal perito seria enviado para o prédio do Condapto 3697-C... Os restos humanoides seriam retirados do local e encaminhados para eventuais exames.
(...)
É isso...
Você pode imaginar que a história se encerra aí... Mas PKD dá prosseguimento a alguns contextos que fizeram parte da condição existencial de seu personagem “caçador de recompensas”.
Vemos Deckard sugerindo a Isidore que saísse do apartamento até que a polícia limpasse o local... Ele comentou que Roy Baty imaginou que ele fosse mesmo o cabeça de galinha e por isso abriu-lhe a porta... Sentenciou que os “androides são estúpidos”, e disse isso como se estivesse concluindo a trama da caçada.
Isidore estava abalado... Não é para menos... Disse que abandonaria aquele prédio... Deckard respondeu que havia um apartamento vago no local onde morava... Mas J.R. rechaçou imediatamente a cogitação e garantiu que não desejava morar perto dele.
(...)
Isidore se retirou da cena da ocorrência policial... Deckard ficou mais uma vez sozinho e pensou sobre o seu trabalho, comparando-o a um flagelo, “como a fome ou a peste”... Mercer teria razão? Ele só era chamado para realizar tarefas erradas... Se era assim, por onde passava, carregava uma “maldição antiga”.
Ele estava cansado... Talvez, se retornasse para junto de Iran, o tempo curaria seu trauma... Tudo seria esquecido.
(...)
Iran o aguardava no terraço... Seu semblante não era de alegria ou surpresa... Para Deckard, aquele não era momento de problematizar a relação. Ele nem tinha condições físicas ou mentais para isso.
Ele abraçou a esposa e foi dizendo que havia cumprido a tarefa... Talvez não ocorresse novamente... Harry Bryant poderia designá-lo a outro setor...
Talvez suas vidas mudassem... Mas Rick não conseguiu concluir suas expectativas porque Iran o interrompeu dizendo que a cabra estava morta.
Esse era o tipo de notícia que poderia provocar profunda indignação e revolta... Porém a reação dele foi de quase indiferença... É claro que ele se sentiu pior, mas não demonstrou comoção. O contrato de compra previa certas garantias... Ele lembrou que se o animal adoecesse nos primeiros noventa dias podiam ser ressarcidos de alguma maneira.
Mas Iran deixou claro que a cabra estava saudável... Aconteceu que alguém a retirou do engradado... O próprio Deckard concluiu a frase iniciada pela esposa... No mesmo instante ele arrematou que o bicho foi empurrado do alto do prédio... Quis saber se ela havia visto o criminoso.
A mulher respondeu que viu claramente... Na verdade, uma moça (de baixa estatura, cabelos escuros, magra e de grandes olhos negros) não se importou em ser observada em sua ação...
Iran completou que o tipinho usava “longo casaco escama de peixe” e “bolsa tipo malote dos correios”.
Deckard soube que era Rachael... Ele disse que entendia por que a garota não fazia questão de se manter incógnita... É claro que sua intenção era fazer com que ele soubesse de sua vingança...
Iran explicou que o senhor Barbour ainda estava no terraço e que ligaram para a polícia... Mas a moça já havia se retirado e a cabra já estava morta.
(...)
Iran estava aterrorizada... Deckard a beijou ternamente... Ela devolveu-lhe o beijo...
A ação de Rachael havia ocorrido há apenas meia hora... Fez a sua vingança, nitidamente...
(...)
Deckard entrou novamente no hovercar... Ele parecia entender... A atitude não podia ser classificada como “despropositada”... Havia “um motivo androide”.
Ele funcionou o motor... Iran quis saber para onde ele estava indo... Depois perguntou se ele soubera das revelações do programa do Buster Gente Fina... Ele acreditava que o mercerismo era uma fraude?
Enquanto respondia que “tudo era verdade”, se ajeitava para partir... Iran perguntou se ele ficaria bem...
Deckard respondeu que sim... E refletia sobre a morte, que também é uma verdade.
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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