sexta-feira, 27 de maio de 2011

Produção de texto, temática tempo & trabalho, análise de imagens

Segue o texto que elaborei para responder a questão que foi exposta em   http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/05/exercicio-analise-de-imagens-producao.html:


As imagens nos fazem pensar em, pelo menos, três “atmosferas”. A primeira delas é exatamente a do momento em que tais obras foram edificadas. A segunda é a que evoca a existência dos seres humanos que tomam (ou podem tomar) contato com elas, quer dizer, quem são, como vivem, quais as relações que mantêm com as edificações, e assim por diante. Há o quadro, que também pode nos sugerir essas análises. A terceira “atmosfera” é a da imponência das edificações, o modo como elas documentam um passado e, ao mesmo tempo, deixam as marcas no presente, no agora. Além disso, notamos o seu entorno e percebemos se elas estão mais envolvidas por outras edificações, assim ajudando a compor um “todo”, ou se estão mais isoladas, sendo, dessa maneira, o “todo”.


As imagens lembram-nos os seres humanos. O que pretendem ao erigirem tais edificações? De que modo estão organizados? Qual seria a hierarquia das suas prioridades? As edificações demandaram um esforço nelas concentradas. Há uma “certeza” de que os homens e mulheres que tiveram (ou que têm) contato com as edificações não sobrevivem a elas, enquanto que elas permanecem, embora não sejam “elementos naturais”, vão se constituindo elementos da natureza por tempos de longuíssimas durações. Para os que as contemplam também fica a sensação de um “pertencimento”, não ajudei na elaboração de nenhuma das igrejas, dos vitrais ou das torres, mas elas não me são estranhas. É quase o que ocorre em relação à cidade em que vivo, apenas existo e nela me locomovo, acesso a determinadas paragens e faço uso de seu sistema de transportes, tudo isso de modo “natural”, assim vou também fazendo parte daquilo que a cidade é.


O que chama a atenção na série de “fotogramas”, dispostos de modo seqüencial, é a referência ao tempo, à sua passagem e aos eventuais registros que devem ter a ver com o produto das atividades humanas, seus negócios. Percebemos pastas que servem para arquivar notas (?), o relógio e o calendário... Fazendo parte da seleção de imagens, os 
“fotogramas” nos inquietam também porque há   alguns que registram certos detalhes, como frestas, fachadas, janelas que nos remetem à imaginação sobre o que é o outro lado... Quer dizer, são detalhes tão pequenos que fazem parte do cotidiano das pessoas que eles são “quase inexistentes, ou invisíveis”. A imagem que vem imediatamente a seguir é a de um ser humano posicionado no interior (?) de uma construção tão imponente, que dessa feita é o rapaz que nos passa despercebido, tornando-se um “quase inexistente, ou invisível”.

Fazer referência ao momento em que foram edificadas, é pensar na relação que os homens e mulheres mantinham com o seu tempo, como o dividiam, contavam, enfim, como se apropriavam dele. A imagem do relógio nos remete a um momento em que os fenômenos naturais contavam muito para a divisão do tempo. A marcação de passagem do tempo, ali, é natural. A leitura dos textos leva-nos a concluir que “o tempo ficou mais curto” para aqueles que têm interesses na produção em maiores quantidades na mais curta duração de tempo possíveis (se bem que a lógica do capitalismo atual não é mais essa, já que os lucros das grandes empresas crescem a cada dia independentemente do total produzido). É o chamado “time is money”. E os senhores do capital acabam se tornando, também, senhores do tempo, já que são eles que impõem os ritmos de produção e, por conseguinte, os ritmos de vida. As sociedades já foram rurais. A Revolução Industrial transformou essa situação. São Paulo não nasceu aquilo que é representado na fotografia noturna. A edificação que oficialmente marca o nascimento da cidade é bem simples e certamente a “lentidão” do tempo está ali, ainda que em seu entorno os arranha céus, o movimento do tráfego e o ensurdecedor barulho insistam em sufocá-la.




É quase o que ocorre em relação à cidade em que vivo, apenas existo e nela me locomovo, acesso a determinadas paragens e faço uso de seu sistema de transportes, tudo isso de modo “natural”, assim vou também fazendo parte daquilo que a cidade é.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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