domingo, 1 de maio de 2011

Considerações sobre o 1º de Maio, Dia do Trabalho; Dia do Trabalhador

Hoje se homenageia o trabalho e os trabalhadores.
Ultimamente (pelo menos em nossa cidade) a data tem sido marcada por shows. Multidões concentram-se em praças para os eventos organizados por centrais sindicais, que reúnem sindicatos afiliados. Percebemos a concorrência entre elas na busca do maior público . Em várias partes ocorrem shows com artistas populares e sorteios diversos durante as festividades...


É claro que temos mesmo de comemorar a data. Não fosse o trabalho e a sociedade sequer estaria organizada ou desfrutando dos bens, conforto e serviços disponíveis.
Refletir sobre este dia é pensar (também) nas situações difíceis que a classe trabalhadora enfrenta em seu cotidiano. As jornadas de trabalho são longas e estafantes, os salários estão aquém do suficiente para a subsistência, perde-se muito tempo nos trajetos entre o local de trabalho e a moradia (estou tratando aqui de cidades como São Paulo, onde o transporte público não atende as demandas, não flui como deveria e está sempre abarrotado). Aquele que trabalha vive (praticamente) exclusivamente para o trabalho, e quase não dispõe de tempo para a convivência familiar, seu lazer e formação intelectual. Isso sem contar que sempre que a Economia sofre algum abalo, os trabalhadores são os primeiros a sentir na pele as consequências, tendo o emprego e direitos ameaçados.


A data nos traz à memória motivações operárias. O 1º de maio está historicamente marcado por lutas de trabalhadores em todo o mundo por melhores condições de vida e trabalho. A Revolução Industrial permitiu a aceleração na produção e maiores quantidades de bens produzidos, mas gerou também a chamada Questão Social... Empresários exploraram a força de trabalho o mais que puderam para obter o maior lucro... Todos aí sabem das longas jornadas, dos baixos salários, da exploração de mão de obra infantil e feminina, das péssimas condições dos bairros operários. Os sindicatos de trabalhadores foram constituídos no processo de reivindicações de mudanças naquela realidade.


Em todo o mundo, onde tenha ocorrido industrialização, foi assim... Houve organização de trabalhadores para resolver os graves problemas sociais que surgiram com a “exploração capitalista selvagem”. Os sindicatos eram dirigidos por anarquistas, socialistas e mais tarde por comunistas... Em toda parte houve repressão desproporcional das forças policiais a serviço de patrões e oligarquias.
No Brasil, o presidente Washington Luís, que foi deposto em 1930, dizia sobre a greve de 1917 que A agitação operária é uma questão que interessa mais à ordem pública do que à ordem social, representa o estado de espírito de alguns operários, mas não de toda a sociedade! Os episódios grevistas de 1917 foram tratados de tal forma que sua frase bem pode ser entendida como “a Questão Social é uma Questão de Polícia”.


Para muitos o 1º de maio refere-se aos episódios que tiveram início nesta data (em 1866) na cidade de Chicago, quando, por diversos dias seguiu-se uma perseguição implacável aos trabalhadores grevistas. Dezenas foram mortos durante os protestos e cinco de seus líderes foram condenados à morte na forca (Parsons, Engel, Spies, Fischer e Lingg, que se suicidou na prisão). Mas a data acabou entrando para a História das lutas operárias dos trabalhadores de todo o mundo, não apenas para celebrar os acontecimentos e Chicago, mas porque outros 1º de maio foram marcados por lutas seguidas por repressão e martírios.
Após a Revolução Russa em 1917 os sindicatos de trabalhadores tomaram novo fôlego e Partidos Comunistas foram fundados em todo o mundo. No Brasil o PCB foi fundado em 1922. Por toda parte os movimentos de reivindicação cresceram. A crise que o Capitalismo passou enfrentar a partir de 1929 colocou em cheque a estabilidade daquele modelo nas sociedades. Tanto é verdade o Estado se fortaleceu para garantir o Bem Estar Mínimo (preconizado por John Maynard Keynes) e direitos trabalhistas que, de certa forma, apaziguaram as classes trabalhadoras.


No Brasil, por exemplo, vivenciamos a Era Vargas marcada pela aproximação do governo Getúlio Vargas em relação aos sindicatos, que eram tutelados e dos quais o presidente recebia apoio político. Enquanto Vargas governou, o 1º de maio foi data de eventos em que a comemoração em memória das lutas trabalhistas confundia-se com as homenagens ao presidente, aquele que elaborou as leis trabalhistas, chamado de “pai dos pobres”, “líder da juventude nacional”...



Um abraço,
Prof.Gilberto

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