segunda-feira, 2 de maio de 2011

Fragmentos de O Estado de São Paulo de 11 de julho de 1917 - A Greve

Para hoje estou deixando este “recorte” que ilustra o contexto operário de nosso país ao tempo da República Velha, notadamente por ocasião da greve de 1917. Pretendo escrever sobre ele nas próximas postagens.
Esses fragmentos não são difíceis de serem obtidos. Tenho em casa um volume de Documentos de História do Brasil (Scipione), de Mary Del Priore, Maria de Fátima das Neves e Francisco Alembert, em que o documento é apresentado a partir de E. Carone: Movimento Operário no Brasil (1877-1944). O formato aqui apresentado foi recolhido de outra coletânea.


Fragmentos de “O Estado de São Paulo” de 11 de julho de 1917
“Ontem foram distribuídos boletins com os seguintes dizeres:
http://seuluiz.blogspot.com/2009_04_19_archive.html


‘Soldados! Não deveis perseguir os nossos irmãos de miséria. Vós também sois da grande massa popular, e, se hoje vestis a farda, voltareis a ser amanhã os camponeses que cultivam a terra, ou os operários explorados das fábricas e oficinas.
A fome reina em nossos lares, e os nossos filhos pedem pão. Os perniciosos patrões contam para sufocar as nossas reclamações, com as armas que vos armaram, oh! Soldados.


Essas armas eles vo-las deram para garantir o seu direito de esfomear o povo.
Mas, soldados, não façais o jogo dos grandes industriais que não têm pátria.
Lembrai-vos que o soldado do Brasil sempre se opôs à tirania e ao assassinato das liberdades.


O soldado brasileiro recusou-se no Rio, em 81 (1881), a atirar sobre o povo, quando protestava contra o imposto do vintém, e, até o dia 13 de maio de 1888, recusou-se a ir contra os escravos que se rebelavam fugindo ao cativeiro.
Que belo exemplo a imitar!    Não vos presteis, soldados! Servir de instrumento de opressão dos Matarazzo, Crespi, Gamba, Hoffman etc..., os capitalistas que levam a fome ao lar dos pobres.    Soldados!    Cumpri o vosso dever de homem! Os grevistas são vossos irmãos na miséria e no sofrimento: os grevistas morrem de fome, ao passo que os patrões morrem de indigestão!
Soldados! Recusai-vos ao papel de carrasco!’”



Um abraço,
Prof.Gilberto

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