quarta-feira, 18 de maio de 2011

“Relação técnica-homem-tecnologia-cidadania” na análise da máquina do sistema funicular da vila de Paranapiacaba

Apresentei ontem a reprodução de uma fotografia feita por ocasião de uma excursão a Paranapiacaba em 1991. Dezesseis anos depois, retomei a imagem e resgatei parte do projeto que desenvolvemos inicialmente para inseri-los em um trabalho proposto no Módulo Cidadania e Tecnologia do curso Cidadania e Cultura promovido pela UNICAMP.
O texto que produzi segue abaixo:


“Relação técnica-homem-tecnologia-cidadania” na análise da máquina do sistema funicular da vila de Paranapiacaba.

A fotografia aqui reproduzida registra parte da “casa das máquinas” na Vila de Paranapiacaba. A vila foi edificada em estilo Vitoriano durante a segunda metade da década de 1860 e é um dos símbolos da engenharia inglesa em nosso estado. Paranapiacaba significa, em tupi-guarani, “lugar de onde se avista o mar”.
Hoje ela pertence ao município de Santo André e nos faz lembrar certas vilas fantasmas, principalmente quando sobre ela baixa o fog. Mas durante o chamado “ciclo do café” o lugar gozou de certa autonomia e foi fundamental para que a “locomotiva cafeeira paulista” não parasse. A São Paulo Railway Company tomou a iniciativa da construção da vila a caminho do porto de Santos devido à sua posição estratégica. Lugar de onde se avista o mar é, também, ponto inicial da descida da Serra do Mar. Daí a necessidade de um complexo sistema de funicular para que constantes descarrilamentos fossem evitados e prejuízos auferidos.
O funicular é um sistema de cabos que puxava e fazia descer composições ferroviárias a eles engatadas. Uma visita a Paranapiacaba revela-nos a relação técnica-homem-tecnologia-cidadania. Vejamos: a máquina não mais funciona, Há uns trinta e cinco anos o funicular (escrevi o texto em 2007) foi trocado por um sistema mais moderno e mais seguro conhecido como “cremalheira”. A presença daquele portentoso exemplar garante-nos que houve um momento (A máquina e o tempo da máquina) em que ela era a solução para o transporte da riqueza econômica serra abaixo. A máquina leva-nos a refletir sobre a sua criação, produto de uma necessidade e possibilidade advinda de uma tecnologia que, por aquele tempo, era o que havia de mais avançado. Podemos dizer que a máquina “regeu” a formação da vila. A vila e os homens ali existiram por causa dela. O seu funcionamento e manutenção dependiam do trabalho de homens ali empregados. Podemos detectar, a partir da observação de ferramentas remanescentes, dadas as suas dimensões e peso, o quanto sofreram aqueles ferroviários trabalhadores, cidadãos de uma vila caracterizada pela máquina, seus trens, sua estação... Notamos o seu abandono, vagões (alguns muito curiosos, como o funerário e o do imperador) ao relento sendo corroídos... Esquecidos... Mas a máquina lá está. Pronta, em potência, para re(funcionar).



Um abraço,
Prof.Gilberto

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