sexta-feira, 21 de julho de 2017

“Minha Vida de Menina”, de Helena Morley – registros de 17 e 21 de dezembro de 1895; sobre o fim dos exames escolares; início das férias e expectativa de partir para a Boa Vista; despedida no “baile” organizado por Bibiana; jogo do bicho; instalando-se no rancho

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/07/minha-vida-de-menina-de-helena-morley_20.html antes de ler esta postagem:

Estamos chegando às últimas postagens sobre “Minha Vida de Menina”, o diário de Helena Morley (pseudônimo de Alice Dayrell Caldeira Brant)...
Faltam poucas postagens! A parte final reserva situações muito interessantes.
(...)
Em seus registros de 17 de dezembro de 1895, Helena explica que os exames do segundo ano haviam se encerrado.
Os resultados foram satisfatórios. Como sabemos, ela ficou de “segunda época” em Física, mas ninguém duvidava de sua aprovação.
A redação transmite a alegria pelo início do período de férias... Seu Alexandre estava terminando o rancho na Boa Vista e aguardava a esposa e os filhos para passarem a temporada no campo.
Helena conta que certa dona Juliana a convidara para curtir as férias em sua propriedade na Palha... Apesar de apreciar a localidade e a companhia das colegas, não trocaria os bons momentos com a família na querida Boa Vista.
(...)
No dia anterior (16 de dezembro, uma segunda-feira), Bibiana reuniu os primos para uma despedida do “ano de estudos”... Som de piano e o bailado da moçada marcaram o encontro.
Helena registra que dois “bicheiros” que haviam se instalado na cidade também foram convidados para o “baile”. João Antônio, o afilhado de Dindinha, salientou que as garotas não deviam dar confiança aos forasteiros porque os tipos que se metiam com “banca de jogo do bicho” eram “desclassificados” entre as pessoas de bem do Rio de Janeiro.
A garota não concordou... Entendia que os moços eram simpáticos e, por isso, deviam ser bem tratados. Em sua opinião, eles trouxeram animação à cidade e as pessoas passaram a movimentar o dinheiro.
Helena reforça suas considerações garantindo que o jogo era uma boa invenção... De sua parte, gostaria de ter dinheiro para jogar diariamente... Ela cita certo “seu Costa”, que dizia que ela poderia “jogar fiado”. Mas como não tinha coragem de se meter em dívidas, não usava desse expediente.
Ela revela que em três ocasiões ganhou dinheiro no jogo... Todavia entendia que o contentamento das pessoas que “ganhavam no bicho” era efêmero... Na esperança de ganhar mais, acabavam gastavam o prêmio em novas apostas. A solução seria guardar o dinheiro para gastar em algo útil.
Os bicheiros explicaram que não se demorariam na cidade porque os comerciantes estavam reclamando que seus negócios estavam sendo prejudicados por causa da concorrência deles.
(...)
Colegas e primos de Helena mostraram-se chateados por conta de sua ida à Boa Vista. Dona Carolina dizia que era porque ela era o “divertimento da família”... Também ela parecia ficar satisfeita ao notar que todos sentiam falta de sua Helena.
O final da redação deixa claro que a alegria para a menina estava mesmo em poder passar as férias junto dos pais e irmãos “naquele lindo lugar” onde experimentavam “dias tão felizes”.

(...)

A viagem para a Boa Vista aconteceu no dia 21 de dezembro...
Dona Carolina saiu com os filhos às sete da manhã. Chegaram ao rancho por volta de meio-dia.
Seu Alexandre andou fazendo umas reformas nas instalações. O tio Joãozinho era o seu companheiro de empreitada.
Na localidade os dois tocavam uma lavra de diamantes... Logo a família poderia se acomodar numa construção maior e distante da área onde o pessoal lavava o cascalho. Mas enquanto a “construção de telha” não ficava pronta, iam se virando no rancho menor, que era utilizado basicamente para dormir.
Havia o rancho onde Siá Etelvina cozinhava, e era nele que tinham de tomar café. Como se vê, o local tinha sua precariedade. Seu Alexandre e o tio Joãozinho estavam animados com a lavra e esperavam obter bons resultados... Dona Carolina demonstrava que não se empolgava “antes da hora”.
(...)
Helena não se intrometia nessas especulações... Para ela o que importava era a união da família, a paisagem, a paz do lugar os passeios e os frutos da terra.
Estava satisfeita com tudo isso e com as tábuas que o pai havia juntado para montar uma mesa... Assim ela podia ler e escrever. Ele gostava de vê-la com a pena (para escrever) e os livros.
Nada lhe faltava...
Leia: Minha Vida de Menina. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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