terça-feira, 11 de julho de 2017

“Minha Vida de Menina”, de Helena Morley – os registros de 28 e 31 de agosto de 1895; o aniversário de Helena e o triste encontro com a debilitada avó; sem entender a angústia do momento; aguardando a chance de se tornar uma pessoa melhor; atando as últimas esperanças às orações e promessas

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/07/minha-vida-de-menina-de-helena-morley.html antes de ler esta postagem:

O aniversário de Helena era dia 28 de agosto... Muita tristeza ela teve de suportar nesta data em 1895.
É que a condição de dona Teodora estava cada vez mais delicada e todos viam que a doença não cedia ao tratamento.
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Helena completava quinze anos de idade...
Em seu diário registrou que ainda era cedo quando a avó mandou chamá-la. Ela conta que ao entrar no quarto sensibilizou-se com o estado debilitado da “coitadinha”.
Dona Teodora deu-lhe um vestido de presente e a beijou. Depois disse que sabia que a neta seria sempre feliz, e que nunca se esqueceria da “avozinha que tanto a amava”.
A boa mulher tentou, mas não conseguiu conter a emoção e pôs-se a chorar. Também Helena não conseguiu segurar as lágrimas e retirou-se rapidamente para o seu quarto...
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O pranto de Helena crescia na medida em que via que, mesmo definhando na cama, dona Teodora não se esquecia dela, da importância dos estudos e de seus deveres escolares.
A garota só conseguia pensar que o tempo de convivência com ela estava se esgotando... Isso a torturava porque achava que devia ter sido bem melhor para aquela avó, sempre tão boa e dedicada.
(...)
Helena deixou registrado nas linhas de seu diário que, assim que a avó melhorasse, se tornaria “um anjo” para ela.
No final de seu texto, afirma que entraria novamente no quarto de dona Teodora mais tarde para agradecer-lhe. Em seu íntimo tinha certeza de que a boa senhora lhe perguntaria sobre as lições, se já havia realizado as tarefas da escola... Certamente recomendaria que se alimentasse antes de dormir e enfim se despediria com um “vai com Deus”.

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Nos registros de 31 de agosto de 1895, Helena esclarece que já fazia sete dias que dona Teodora  estava acamada.
Toda família vivia momentos de angustiante ansiedade. Apesar disso, ninguém perdia a esperança... Dizia-se que se ela melhorasse naquele mesmo dia conseguiria se salvar.
Em seu isolamento, a menina pedia a Deus para que tudo acabasse bem. Fazia promessas... Mas algo lhe dizia que a situação era muito grave. Perguntava-se por que, no final das contas, Deus havia permitido que convivesse com dona Teodora... Por que não ocorreu como com a sua avó paterna?
A mãe de seu Alexandre faleceu quando Helena era bem pequena... Então considerava aquele um fardo injusto... Indagava a si mesma se sua felicidade não estaria garantida se tivesse de viver apenas com os pais, “fortes e sadios”.
(...)
O drama familiar prosseguiu.
Helena conta que todas (ela, as tias, as primas e as negras) permaneciam em oração. Muita gente aparecia para visitá-las, mas quase não davam atenção devido aos cuidados com dona Teodora e as intermináveis preces.
Certa Esmeralda chegou para ajudar e ensinou “umas rezas”. No entendimento de Helena seria impossível Deus não atendê-las... Todas rezavam com muita fé! Mas ela notava que a atmosfera na casa era de pesar. A condição de dona Teodora piorava a cada hora... O doutor aparecia, receitava uns remédios e ia embora... A pobre mulher permanecia acamada e agonizante.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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