O aniversário de Helena era dia 28 de agosto... Muita tristeza ela teve de suportar nesta data em 1895.
É que a condição de dona Teodora estava cada vez mais delicada e todos viam que a doença não cedia ao tratamento.
(...)
Helena completava quinze anos de idade...
Em
seu diário registrou que ainda era cedo quando a avó mandou chamá-la. Ela conta
que ao entrar no quarto sensibilizou-se com o estado debilitado da “coitadinha”.
Dona Teodora deu-lhe
um vestido de presente e a beijou. Depois disse que sabia que a neta seria
sempre feliz, e que nunca se esqueceria da “avozinha que tanto a amava”.
A
boa mulher tentou, mas não conseguiu conter a emoção e pôs-se a chorar. Também
Helena não conseguiu segurar as lágrimas e retirou-se rapidamente para o seu
quarto...
(...)
O pranto de Helena
crescia na medida em que via que, mesmo definhando na cama, dona Teodora não se
esquecia dela, da importância dos estudos e de seus deveres escolares.
A garota só conseguia
pensar que o tempo de convivência com ela estava se esgotando... Isso a
torturava porque achava que devia ter sido bem melhor para aquela avó, sempre tão
boa e dedicada.
(...)
Helena deixou
registrado nas linhas de seu diário que, assim que a avó melhorasse, se tornaria
“um anjo” para ela.
No final de seu
texto, afirma que entraria novamente no quarto de dona Teodora mais tarde para
agradecer-lhe. Em seu íntimo tinha certeza de que a boa senhora lhe perguntaria
sobre as lições, se já havia realizado as tarefas da escola... Certamente
recomendaria que se alimentasse antes de dormir e enfim se despediria com um “vai
com Deus”.
(...)
Nos registros de 31 de agosto de 1895, Helena esclarece que já fazia
sete dias que dona Teodora estava
acamada.
Toda família vivia momentos de angustiante ansiedade. Apesar disso,
ninguém perdia a esperança... Dizia-se que se ela melhorasse naquele mesmo dia
conseguiria se salvar.
Em seu isolamento, a menina pedia a Deus para
que tudo acabasse bem. Fazia promessas... Mas algo lhe dizia que a situação era
muito grave. Perguntava-se por que, no final das contas, Deus havia permitido
que convivesse com dona Teodora... Por que não ocorreu como com a sua avó
paterna?
A mãe de seu
Alexandre faleceu quando Helena era bem pequena... Então considerava aquele um
fardo injusto... Indagava a si mesma se sua felicidade não estaria garantida se
tivesse de viver apenas com os pais, “fortes e sadios”.
(...)
O drama familiar prosseguiu.
Helena conta que todas (ela, as tias, as primas e as negras) permaneciam
em oração. Muita gente aparecia para visitá-las, mas quase não davam atenção
devido aos cuidados com dona Teodora e as intermináveis preces.
Certa
Esmeralda chegou para ajudar e ensinou “umas rezas”. No entendimento de Helena
seria impossível Deus não atendê-las... Todas rezavam com muita fé! Mas
ela notava que a atmosfera na casa era de pesar. A condição de dona Teodora
piorava a cada hora... O doutor aparecia, receitava uns remédios e ia embora...
A pobre mulher permanecia acamada e agonizante.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/07/minha-vida-de-menina-de-helena-morley_30.html
Leia: A
Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto