O diálogo entre Fogg e Proctor foi ríspido...
Aouda empalideceu e no mesmo instante notou que seu coração disparou. Foi por impulso que levou a mão ao braço de seu protetor.
O momento era dos mais tensos, já que notava-se que Fogg estava disposto a partir para o ataque físico ao seu desafeto... Quem o visse retirar a mão da jovem com toda delicadeza não diria que ele estivesse disposto ao combate corporal.
Também Passepartout tornou-se agitado e em vias de se atirar sobre o coronel americano... A tensão cresceu ainda mais quando Fix caminhou em direção ao tipo que não parava de fitar Phileas Fogg de modo provocativo.
(...)
O policial pôs-se a
dizer que o coronel devia se lembrar que era entre ambos que havia diferenças,
já que, por ocasião do “meeting” em São Francisco, ele e não Fogg havia sofrido
seus insultos e agressão física.
Phileas
Fogg o interrompeu no mesmo instante e observou que a desavença era com ele
mesmo, pois todos ouviram quando o outro o provocou ao se intrometer em sua
jogada com a carta de espadas... Certamente o intruso teria de responder também
por esse último gesto irresponsável.
Proctor não se deu
por rogado e respondeu que o inglês podia escolher o local, momento e armas com
as quais duelariam.
A jovem Aouda se
desesperou... Inutilmente tentou convencer Fogg a abandonar a disputa... Fix
também não obteve êxito em sua nova tentativa de afastar os desafetos...
Passepartout mostrou que estava disposto a se atracar com o insolente coronel
ali mesmo, mas recuou ao notar que o patrão sinalizava em proibição.
(...)
Fogg retirou-se do
vagão e foi seguido de perto pelo coronel Proctor.
No corredor o inglês
foi dizendo que tinha “muita urgência de retornar à Europa”... Qualquer atraso
na viagem lhe traria prejuízos tremendos.
O americano deixou claro que não tinha nada a ver com os problemas
dele... Fogg prosseguiu dizendo que depois do episódio em São Francisco estava
decidido a retornar àquele país para procurá-lo. Lamentou que, no momento,
tinha assuntos que não podiam ser resolvidos na América... O retorno à Europa
era mesmo inevitável e precisava fazê-lo o quanto antes.
Proctor o ouviu sem dar a menor importância... Fogg quis saber se não
poderiam se reencontrar em seis meses. O americano debochou e perguntou se ele
não precisava de um prazo de seis anos...
O inglês respondeu polidamente... Disse que
seria pontual e garantiu que em seis meses voltariam a se encontrar. Mas de
nenhum modo o americano concordou com o adiamento do duelo.
Fogg quis mostrar que
também estava disposto a resolver a situação. Então perguntou ao tipo se ele
viajava para Nova York, Chicago ou Omaha... Proctor negou e depois disse que
não devia satisfações a ele.
Na sequência o coronel americano perguntou se o estrangeiro conhecia
Plum Creek... Evidentemente Fogg não tinha a menor ideia a respeito daquela
localidade. O tipo explicou que se tratava da próxima estação, onde o trem
devia fazer uma parada de uns dez minutos. Era tempo mais que suficiente! E sendo
assim eles poderiam descer e resolver a pendenga.
(...)
Fogg
concordou...
Disse que desceria na
próxima estação...
O coronel Proctor acrescentou com ironia que tudo indicava que seu rival
“desceria e lá permaneceria”.
Fogg
ouviu... E respondeu que ninguém podia ter certeza do que se sucederia. Depois
deu as costas ao tipo e retornou ao seu vagão.
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Leia: A
Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto