O dia 8 de dezembro de 1895 foi um domingo em que Helena passou a maior parte do tempo na chácara se divertindo com os primos... O dia começou com a “missa da madrugada”, mas depois foi só de brincadeiras e danças.
Mais tarde dona Carolina chamou a atenção da filha... Disse que não estava certo passar o domingo todo na “vadiagem”. Será que a menina achava que o mundo estava para acabar?
A farra dos primos começou por volta das seis da manhã! A mãe de Helena não se conformava que ela não demonstrasse o menor senso de responsabilidade... Será que ela não percebia que “tudo o que sai do normal escandaliza”?
A garota não interrompeu a falação da mãe... Ouviu advertências a respeito de sua falta de responsabilidade com os estudos, pois estava na época das provas finais e só pensava em se divertir. Certamente as colegas de escola passaram o dia entretidas com os livros.
Dona Carolina quis que a filha levasse em consideração que o seu limite naquele caso resumia-se a permanecer ajoelhada e em oração por várias horas enquanto as provas ocorriam. Era demais!
Helena respondeu que não via nenhum problema em se divertir com os primos. Não concordava com a mãe que insistia em ver apenas sofrimento na vida. Ela bem que poderia ter ficado com as irmãs enquanto a moçada se divertia. Em vez disso preferiu retornar para casa e se atarefar.
(...)
No final do dia,
enquanto redigia em seu diário, Helena teceu considerações sobre o
desentendimento com a mãe... Entendeu que ela não deixava de ter razão, mas não
via sentido em estudar num dia como o domingo.
Além do mais, estava
convencida de que se sairia bem em Geometria... Faria a prova oral no dia
seguinte sem maiores preocupações porque sabia que se sairia bem no exame
escrito.
(...)
Em seus registros do
dia 10 de dezembro, Helena revela que o exame de Geometria foi como esperava.
Ela explica que o
professor Catãozinho também a tinha em elevada consideração. A amizade teve
início logo que dona Teodora se mudou para a Rua Direita... Após as visitas à
avó, passava várias tardes na casa de uma de suas vizinhas, dona Gabriela...
Sem entrar em maiores detalhes, Helena escreveu que este Catãozinho e
certo Ramalho também moravam lá... Depois acrescentou que à noite toda família
se acomodava fora de casa para boas conversas... As moças Clélia, Edésia e
Nícia logo se recolhiam, mas ela gostava de ficar por mais tempo. E nisso era incentivada
pelo professor, que a sossegava dizendo que “não precisava estudar”, pois
podiam levá-la para casa às nove horas.
(...)
Em relação ao exame escrito, tudo correu muito bem. Clélia lhe passou o “borrão”
(cola) antes da prova... Helena só teve o trabalho de copiar.
No intervalo de 15 minutos antes da prova oral,
a mesma Clélia chamou-a para lhe explicar alguns teoremas. Como se recolheram a
um salão que não estava sendo usado, teve condições de decorar
satisfatoriamente.
No momento do exame,
o professor Catãozinho deu-lhe a oportunidade de escolher “expor o ponto” ou
responder às questões que lhe fossem feitas. Ele bem sabia que ela se saía
melhor expondo o que guardava na memória.
E foi isso o que ela fez! Expôs sem problemas os teoremas que havia
decorado. Na sequência, Catãozinho disse que estava satisfeito e quis saber se
os demais examinadores tinham algo a dizer. Eles responderam negativamente.
(...)
À noite, Helena esteve na casa de dona Gabriela.
O
professor Catãozinho disse que ela havia se saído muito bem na prova. Mas não
lhe dera “distinção” por causa de sua “vadiagem” durante o ano. Todavia não
teve como não lhe atribuir um “plenamente”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/07/minha-vida-de-menina-de-helena-morley_65.html
Leia: Minha
Vida de Menina. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto