sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – Quetzaltenango; planos para os encontros dos próximos anos; de Motzatenango à cidade da Guatemala e, enfim, cidade do México

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/02/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_5.html antes de ler esta postagem:

A surpresa que Lewis reservou para Anne (ele conseguiu que o porteiro do hotel intermediasse a negociação com a velha índia, e assim conseguiu comprar o seu “velho huipil maravilhoso”) rendeu bons momentos de pura harmonia ao casal...
E tudo favorecia: lareira e tapete do quarto, uísque e chuva à noite inteira...
(...)
O “clima” só foi alterado quando a conversa sobre o futuro incerto dos amantes veio à tona mais uma vez... Anne manifestou que gostaria muito que pudessem “eternizar a união”... Lewis também disse que esperava o mesmo, e emendou que tudo se resolveria se ela se divorciasse...
Mas é claro que não era bem assim... Na avaliação de Anne, sua idade já não suportaria aquele tipo de aventura, e além do mais não podia desprezar de um momento para outro a sua condição de esposa de Robert e mãe de Nadine... E isso sem se levar em consideração a sua vida profissional...
Lewis disse que não se importava com nada daquilo... Então Anne perguntou-lhe sobre o que achava de se mudar para a França... Uma máquina de escrever é tão fácil de transportar (outros tempos)... Ele refutou no mesmo instante e deu como justificativa o fato de não falar francês e de “não poder escrever em outro país”.
(...)
Lewis admitia que uma série de empecilhos inviabilizasse uma hipotética transferência para o outro lado do oceano... Anne quis mostrar-lhe que o seu caso não era muito diferente... De sua parte, queria deixar claro que, pelo amor que devotavam um ao outro, valia a pena “esperar na felicidade” e assegurar que se encontrariam todos os anos que tivessem pela frente.
Ele levantou a questão sobre perderem “três quartas partes” de sua vida esperando pelos momentos em que podiam desfrutar desse amor... Por que tinham de esperar tanto? Anne disse que, também para ele, “o amor não é tudo”.
Essas palavras pesaram-lhe no coração porque em seu íntimo ela sabia que não poderia perdê-lo... Lewis concordou repetindo que “o amor não é tudo”, e Anne completou que as demais coisas que os prendiam não deviam impedir que eles continuassem a se amar...
Ela finalizou dizendo que essa era uma constatação que não podia impor um “mal querer” da parte de Lewis.
As lágrimas enchiam os olhos de Anne, que precisava da aceitação do amado... Foi quase sem poder se sustentar sobre as pernas que ela se lançou para os seus braços.
Lewis notou o pranto e pediu que ela não chorasse... Disse que essas situações é que o faziam sofrer... Mimou-a chamando-a de “minha gaulesinha”.
(...)
No dia seguinte Anne não escondia a sua felicidade durante o passeio que fizeram à histórica e elevada Quetzaltenango (também na Guatemala)... Falava abertamente sobre os planos futuros... Uma temporada nos Estados Unidos, outra na Europa (onde ela o levaria para conhecer a França, a Itália...)...
Depois de alguns dias deixaram as altitudes e seguiram para a costa do país... Anne descreve a mudança da paisagem conforme o ônibus percorria a estrada até chegar a Motzatenango, onde havia uma feira em que os indígenas locais negociavam seus artigos...
Seguiram para a capital num trenzinho a vapor, e os cento e vinte quilômetros foram percorridos em dez horas... Do aeroporto local até a cidade do México foram outras cinco horas.
(...)
Lewis demonstrou toda a sua satisfação ao aterrissar numa cidade grande, que era o ambiente que ele mais apreciava... Haviam reservado vaga no hotel com antecedência, e é por isso que ao chegarem havia uma carta de Robert... Dessa vez Anne compartilhou a mensagem que recebera do marido... Ele dava notícias de Nadine (triste, mas calma) e de Paule (em tratamento; quase curada)...
Havia também uma correspondência para Lewis... Seus editores pediam alguns detalhes de sua biografia, pois providenciavam um lançamento espetacular para o seu novo livro...
Anne observou que seu trabalho lhe renderia um bom dinheiro... Lewis deu a entender que não dava a menor importância, mas acrescentou que tinha de responder imediatamente aquela carta...
Ela lamentou que se assim fosse não poderiam dar uma volta pela cidade... Lewis observou com humor que, para quem possuía cabeça pequena, ela tinha olhos que nunca se cansavam de olhar...
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas