terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – de Nova Orleans para o Yucatán; uma carta de Robert; Anne e sua imaginação sobre uma vida entre os simples descendentes de maias; talvez Lewis não aprovasse totalmente a opção de “dupla vida” levada pela amada; viagem a Chichen-Itza

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/02/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-de.html antes de ler esta postagem:

Chegaram a Nova Orleans, e Lewis a apresentou a partir da vivência que experimentara há muitos anos, quando levava uma existência entre os excluídos locais... Não era sem empolgação que ele mostrava para Anne os ambientes onde tivera de vender sabonetes e se alimentar de bananas roubadas... Cada travessa abarrotada de gente lembrava-lhe suas aventuras dignas de roteiros cinematográficos.
(...)
Partiram para a Península do Yucatán (tal como aparece no livro), no México. Instalaram-se num hotel junto a uma vasta floresta. Logo que se ajeitaram decidiram passear numa das várias charretes que disponibilizavam aos turistas...
O ambiente se apresentava como um dos mais pobres que Anne já conhecera... Notava-se a ocupação espanhola dos tempos coloniais e via-se que o casario com seus jardins e grades era uma decadência só.
Por sugestão de Anne, o condutor da charrete os levou a uma agência dos correios, onde era certo que haveria correspondência para ela... Dito e feito... Carta de Robert dava notícias de seu artigo político para a Vigilance, sobre a correção das últimas provas de seu livro e sobre o tenebroso tempo que pairava sobre Paris... O fato de saber que o marido retomara sua produção de textos políticos retirava-lhe um tremendo peso da consciência.
De volta ao passeio, Anne e Lewis percorreram extensa praça onde se organizava uma feira com artigos locais (frutas, peixes, sandálias, tecidos de algodão...)... As mulheres usavam longas tranças e saias compridas... As crianças indiazinhas eram sorridentes e falantes...
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Numa taberna tomaram cerveja escura e comeram azeitonas...
Apesar da pobreza local, a atmosfera romântica era mais que satisfatória... O casal passeava como turistas numa terra exótica... Quem os visse não poderia imaginar que sua interação pudesse ser tão vulnerável.
Anne contemplava a paisagem e analisava a simplicidade dos que tinham ascendência maia... Os dois poderiam viver ali... Comprariam uma casa, aprenderiam a falar a língua local e a fazer tortilhas... Dormiriam em redes como todos.
Lewis estava pensativo e de repente disparou que Anne podia mesmo pensar daquela forma, pois tinha “duas vidas”... Isso gerou certo mal estar porque Anne pensou que ele estivesse sinceramente angustiado com ela... Talvez fosse por causa da carta que ela não compartilhou totalmente com ele...
De repente ela se sentiu insegura... É claro que ele poderia dizer-lhe francamente que não recebia dela todo o amor que ela pudesse dedicar-lhe... É claro que ela sempre teria de partir...
Anne resolveu perguntar-lhe se seriam inimigos em algum momento... Ele respondeu perguntando sobre quem é que poderia se tornar inimigo dela...
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Mais tarde jantaram no hotel cercados por flamingos... Anne ainda pensava sobre o diálogo que tiveram à tarde e se sua pergunta (se poderiam vir a se tornar inimigos) havia sido a ideal...
Estava mergulhada nessas inquietações quando um representante da agência de turismo apareceu para falar-lhes a respeito da viagem a Chichen-Itza (onde há florestas com vários monumentos maias, entre eles, a famosa pirâmide de Kukulkan)... O tipo insistia que eles deviam fazer uso do automóvel disponibilizado... Poderiam se hospedar no hotel Maya e teriam vantagens... Mas Anne e Lewis estavam decididos a viajar de ônibus... Lewis disparou que detestavam guias e que preferiam andar... Anne emendou que se hospedariam no hotel Victoria.
O rapaz da agência quis que eles entendessem que o Victoria era, na verdade, um pequeno albergue indígena... Certamente eles passariam por situações que exigiriam muitos sacrifícios... Mas não foi insistente, sorriu e se despediu.
(...)
A viagem para Chichen-Itza (tal como aparece no livro) ocorreu conforme Lewis e Anne planejaram... Seguiram de ônibus e festejaram ao notar que o Maya era um hotel para americanos... Brogan não tinha a menor disposição de lidar com compatriotas falantes depois de uma viagem de retiro como aquela...
O caminho para o Victoria não era nada fácil em meio à floresta úmida... Por um bom tempo eles nem tinham certeza de que estavam no caminho certo... A tarde escureceu e avistaram vaga-lumes... Ao longe ouviram vozes espanholas e o que parecia ser uma parede... Passaram por uma barreira e notaram animais de criação como porcos e galinhas...
Haviam chegado ao albergue, mas não pela porta principal... O lugar estava às escuras devido a uma pane elétrica. A recepção foi das mais improvisadas... Foram recebidos à luz de velas.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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