sábado, 1 de fevereiro de 2014

“Eu sou Malala – a história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo talibã”, de Malala Yousafzai – parte II de considerações diversas

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/02/eu-sou-malala-historia-da-garota-que.html antes de ler esta postagem:

Ziauddin a incentivou e garantiu que faria de tudo para proteger a sua liberdade, cada vez mais ameaçada na medida em que os radicais tomaram espaço também na região.
E tudo se agravou depois dos ataques ao World Trade Center em setembro de 2001... Bin Laden fugiu para o Paquistão, onde contava com muitos seguidores e apoiadores... Um deles, Maulana Fazlullah, atuou no Swat (inicialmente a partir da “Mulá FM”) e propagou princípios éticos “islâmicos-fundamentalistas”... Isso incluía a instalação de tribunais independentes do governo e a aversão à educação de meninas...
                                                                *desde novembro do ano passado, Fazlullah é o novo chefe talibã no Paquistão.
Os talibãs conseguiram atrair vários jovens para a sua causa... Em 2007 promoveram o assassinato de Benazir Bhutto...
Garantindo que instituições como a Khushal vão contra os princípios islâmicos, Fazlullah resolveu que todas as escolas para meninas deveriam fechar.
(...)
Em 2008, sob o pseudônimo Gul Makai (“nome de uma heroína do folclore pachtum”), Malala redigiu o Diário de uma Estudante Paquistanesa, um blog que foi criado a partir da ideia de um correspondente da BBC (inspirado na experiência vivida por Anne Frank ao tempo da Segunda Guerra, Abdul Hai Hakar falou sobre esse intento com Ziauddin)... Malala contava apenas 11 anos, mas se ofereceu para escrever sobre sua vida escolar e as dificuldades que as crianças paquistanesas enfrentavam para estudar.
São palavras da própria Malala:

Quando ouvi meu pai falando a respeito, perguntei: “Por que não eu?”. Eu queria que as pessoas soubessem o que estava acontecendo. A Educação é direito nosso, eu dizia. Assim como é nosso direito cantar. O Islã nos deu esse direito ao dizer que toda menina e todo menino devem ir à escola. No Corão está escrito que devemos buscar o conhecimento, estudar com afinco e aprender sobre os mistérios do nosso mundo.

O blog foi produzido por alguns meses, mas alcançou grande repercussão fora do país.
(...)
Pelo menos por aquela época, a relação entre talibãs e o governo paquistanês podia ser entendida como muito ambígua, pois ao mesmo tempo em que se garantia que o exército colaborava com as ações norte-americanas, fechava-se acordo de paz com suas lideranças...
Os fundamentalistas avançaram, tomaram o Swat e isso provocou a reação do governo, que fez guerra e declarou a expulsão dos talibãs... Tudo isso se deu no decorrer de 2009. Dois anos depois ocorreu a execução de Bin Laden...
Embora o exército garantisse que a paz retornara, o talibã permanecia com sua atuação de intimidação. Ziauddin e a filha recebiam ameaças, e o atentado de 9 de outubro de 2012 foi a conclusão de um plano que se anunciava abertamente.
A comoção foi geral, governo e exército se esforçaram para salvar Malala. Após esforços tremendos, a estudante foi transferida para tratamento Birminghan, onde vive e estuda atualmente. Sua atuação tem prosseguimento, sobretudo com o Fundo Malala (visite www.malalafund.org).
(...)
Não há como negar que a jovem tornou-se liderança mundial. A revista Time a relacionou entre as cem personalidades mais influentes do mundo... Celebridades de todo o planeta (não só políticas) mantém contato com ela.
Havia grande expectativa de que ela recebesse o Nobel da Paz no final do ano passado, o que acabou não se confirmando (o prêmio foi para a OPAC – Organização de Proibição para as Armas Químicas).
Toda essa movimentação em torno de Malala gera críticas que garantem que o Ocidente a usa como peça de propaganda contra o mundo islâmico. Muitos dizem que ela preferiu trocar suas raízes pelo conforto britânico. Certamente o lançamento do documentário baseado em seu livro (previsto para este ano) sob a direção de Davis Guggenheim (Uma Verdade Inconveniente) será mais um episódio em que as críticas à família Yousafzai virão à tona, e mais uma vez Malala estará no centro das atenções e “bombardeios”.
(...)
Eu sou Malala está encontrando sérias restrições no Paquistão. O desejo de Malala de participar de um evento de lançamento do livro esbarra em ameaças diversas... Líderes de províncias se recusam a promovê-lo e o próprio governo não dá garantia de segurança plena.
Há essa realidade que a intolerância insiste em tornar permanente...
No último mês noticiou-se a morte de Aitezaz Hassan, de 17 anos, que tentou impedir a ação de um terrorista contra a escola de Khyber Pakhtunkhwa...
Muito triste.
Na última frase do livro a jovem garante que o seu mundo mudou, mas ela não.
Os radicais mostram que dificilmente mudarão.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas