É claro que Afrodite estranhou a postura de sua rival. Psique esclareceu que, com isso (reconhecia que errara e pedia perdão), pretendia acabar com os desentendimentos entre elas... A deusa explicou que as diferenças entre as duas seriam resolvidas com o trabalho escravo doméstico a que submeteria Psique. Isso, ela insistia, compensaria todos os prejuízos causados pela jovem... Revelou ainda a dramática situação vivida por Eros... Garantiu que, por tê-la enganado por tanto tempo, seria fatalmente condenado pelo tribunal do Olimpo.
Psique entristeceu-se e pediu à deusa que a escravizasse e a mandasse ao tribunal no lugar de seu amado... Afrodite viu coragem na manifestação da princesa, no entanto sentenciou que era por sua causa que Eros havia se corrompido...
Psique defendeu o seu amor e respondeu que a deusa poderia extrair-lhe a beleza... Disse que havia aprendido com o próprio Eros que “mesmo sendo monstruoso, pode-se amar e ser amado”... E finalizou clamando por piedade e pedindo permissão para amar o seu filho.
A deusa deixou bem claro que não era porque Psique se arriscara a encará-la naquele momento de tensão extrema que estava disposta a perdoá-la ou aceitar o casamento...
Humildemente, a princesa baixou a cabeça.
(...)
Na sequência, Afrodite perguntou se a jovem não temia
a própria morte... Houve perplexidade geral... Então Psique respondeu que tinha
aprendido com um amigo que “a Morte é um deus tão poderoso quanto a própria
Afrodite”... Sendo assim, ele poderia tirar-lhe a vida, mas a deusa da beleza
não.
Psique garantiu que não temia nem a morte nem o trabalho pesado a que a
deusa pretendia submetê-la.
(...)
Afrodite, como que a pretender que a princesa confirmasse sua devoção a
Eros, perguntou se ela o amava de fato... As lágrimas estavam a ponto de rolar
sobre as faces de Psique, que garantia que sim, mesmo se estivesse perante a
própria morte não hesitaria em manifestar o seu amor verdadeiro.
As pessoas ouviam com atenção o diálogo entre as duas belas mulheres,
mas não podiam deixar de considerar que entre elas havia uma que era frágil mortal.
Então se espantaram quando Afrodite disse que Psique deveria provar o seu valor
se quisesse desposar Eros... E isso significava que a princesa teria de passar
por três provas muito difíceis... Se falhasse em uma delas, morreria...
A deusa deixou claro que a princesa poderia se recusar, e isso não
implicaria a sua morte, porém em contrapartida ela se tornaria sua escrava para
o resto da vida em seu palácio.
Psique demonstrou que
estava muito confiante e disse que aceitava qualquer desafio que lhe fosse
apresentado... Afrodite parecia se divertir com as palavras da postulante,
principalmente porque as tarefas estavam à altura de deuses... Mas a princesa
não se importou. Ela voltou-se ao povaréu que assistia a tudo e falou bem alto
(para que a ouvissem bem) que todos ali eram testemunhas do acerto que se
firmava entre as duas... Deixou claro que aceitava os desafios e que esperava
casar-se com o deus do Amor... Todos ficaram sabendo que ela estava consciente
de que poderia morrer no caso de não ser forte o bastante para vencer os
obstáculos que se lhe seriam apresentados.
O final desse
episódio é apoteótico... Todos os que o presenciaram aplaudiram e gritaram
incentivos à jovem princesa... Rei e rainha tremiam e estavam assustados, mas
ao mesmo tempo sentiam orgulho de Psique e seu heroísmo.
As pessoas abriram passagem para permitir que a
deusa e a bela mortal passassem para acessar a escadaria dourada que as
levariam à Via-Láctea.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/02/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao_5.html
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto