Vimos que Psique estava confiante para a realização do segundo desafio imposto por Afrodite... Ela imaginou que tosquiar carneiros seria algo muito simples. No caminho apareceu-lhe Poseidon, que fez várias advertências sobre o humor diferenciado daqueles animais... Próxima ao pasto, ela pôde conferir que eles eram mesmo muito mal humorados. Sem levar em consideração as palavras de Poseidon, atravessou o cercado assim que eles começaram a cochilar...
A princesa foi flagrada pelos carneiros sagrados e foi por eles ameaçada... Ela tentou reverter a situação dizendo que podia ajudá-los.
(...)
Mas os irritados animais
não davam chance para que Psique se explicasse, e garantiam que não precisavam
de nenhuma ajuda. Ela tratou de sensibilizá-los dizendo que sabia como acabar
com o cansaço que enfrentavam... Garantiu que depois eles até poderiam rir e
encarar a vida de outra forma. Porém os carneiros responderam que ela era
mentirosa e que estava ali para tramar algo contra eles.
Psique disse que era bem provável que eles nunca
tivessem ouvido uma piada... Como estranharam a palavra encheram-na de perguntas
e exigiram que ela se explicasse imediatamente. A princesa relacionou a palavra
à motivação do riso... Então eles também quiseram saber o que é o riso... E ela
saía-se como podia, garantindo que era o sentimento de satisfação que poderia
provocar o riso das coisas engraçadas.
Os carneiros perguntaram o que poderia haver de engraçado naquele
mundo... Citaram a sua lista de insatisfações (contra a grama, o Sol, o
tédio...).
É claro que Psique não era uma exímia contadora de
piadas, mas decidiu falar da semelhança entre a nuvem e Afrodite, que Zéfiro
havia contado certa vez... O resultado não foi dos melhores, pois nenhum dos
carneiros achou graça e ainda quiseram agredi-la dizendo que a piada os irritara
demais!
Psique viu que estava em uma condição muito delicada porque, além de se
perceber cercada pelos carneiros, tinha de pensar em algo que definitivamente a
livrasse da ameaça que sofria... Conseguiu nova chance para contar outra piada,
mas concluiu que as anedotas de Zéfiro eram todas sem graça. Então teve de
inventar.
Exigiam que ela se apressasse. E foi do improviso que saiu uma pergunta
que a princesa dirigiu a eles: “Por que o carneiro bale?” Ninguém sabia
responder. Ela mesma respondeu que é “porque não é um sapo para coaxar”...
Disse isso e ficou esperando que a atacassem. Mas, em vez disso, eles caíram na
maior gargalhada e rolaram na grama de tanto que riam.
A gargalhada foi duradoura... Depois Psique quis saber por que eles
viviam tão irritados. Eles responderam o que afirmaram anteriormente (o calor,
a grama, o tédio...). Ela explicou que não adiantava se irritar... Seria melhor
se eles procurassem soluções para aqueles problemas. Incoerentemente, um deles
disse que não possuíam problemas. Psique garantiu que todos os viventes têm
problemas. Eles a desafiaram a falar de problemas piores do que os deles mesmos
(então eles reconheciam que também tinham problemas!). Reclamaram que as
pessoas só chegavam até eles para roubar sua lã.
Psique aproveitou para
dizer que a sua liberdade havia sido roubada por Afrodite, que a impedia de
juntar-se a Eros. Depois explicou o desafio imposto pela deusa e que, se
retornasse sem a lã, morreria.
Os carneiros sentenciaram que Afrodite era
“muito irritadinha” (disso eles entendiam bem). Psique percebeu que a situação
estava se tornando menos desfavorável para ela, então completou que se
conseguisse cumprir as tarefas poderia viver do lado do marido.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/02/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao_12.html
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto