quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

“Eros e Psique” – a partir de texto de João Pedro Roriz – o primeiro desafio tem lugar no celeiro; Psique tenta se animar, mas percebe que a missão de separar grãos de trigo dos de aveia é impossível; as formiguinhas “ideologizadas”

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/02/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao_4.html antes de ler esta postagem:

Depois que deixaram o país de Psique, Afrodite seguiu com ela até o seu palácio... Ali tudo era belo e reluzente. Nas cercanias podiam ser contemplados jardins e rios com quedas d’água. Tudo era fantástico, desde as flores de cores variadas até os exóticos animais que apresentavam constituições híbridas (formados da mistura de duas ou três espécies)... Cavalos alados, minotauros amistosos e querubins também podiam ser avistados.
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Mas o primeiro desafio a que Psique foi submetida teve lugar em um local menos atraente: o celeiro... Ali, Afrodite mostrou-lhe “uma tonelada de grãos de trigo misturados a grãos de aveia”... A princesa deveria separar os grãos até o anoitecer, pois no dia seguinte os pombos sagrados deviam ser alimentados.
É claro que Psique perguntou como poderia resolver a tarefa em tão pouco tempo. Mãos humanas não teriam condições de realizar a separação dos minúsculos e incontáveis grãos... A deusa debochou e disse que suas belas mãos não suportariam o trabalho... Psique pediu mais tempo, porém ouviu a deusa repetir o que ela mesma havia garantido anteriormente, ou seja, que “faria qualquer tarefa” para conquistar o direito de se casar com Eros.
Afrodite se despediu dizendo que tinha de participar do banquete dos deuses, e esbravejou que esperava encontrar tudo organizado quando retornasse.
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Apesar de não saber por onde começar a separação dos grãos, Psique lembrou-se do velho misterioso que lhe fez companhia logo depois de ter saído do palácio de Eros. Lembrou-se que ele havia afirmado que sua trajetória seria marcada por batalhas, mas ela contaria com os três dons (sensibilidade, política e força) por ele concedidos.
A princesa não via como algum daqueles dotes poderia ajudá-la na resolução do desafio... O tempo passou e Psique concluiu que suas mãos não eram de modo algum adequadas para a tarefa... Desesperada, pôs-se a chorar...
Bem perto dela estavam cinco formigas que se movimentavam como que capitaneadas por outra “mais falante”...
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O autor lança mão de humor e brinca com eventos relacionados aos grupos esquerdistas quando se refere às formiguinhas e os diálogos que mantêm. Elas se chamam Papata, Pepeta, Pipita, Popota e Raimundinho... Seguem orientação marxista e a todo instante o chefe as adverte sobre a necessidade de trabalharem com afinco...
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As operárias protestavam por terem de carregar muitos grãos e receberem como paga apenas um salário mínimo... Uma delas se dizia animada com o trabalho hercúleo que realizavam e perguntou o motivo de tantos grãos acumulados num único local, emendou que eles bem poderiam ser usados na alimentação de “muitas bocas numa reforma social”... Pipita era a menos empolgada do grupo por saber que todo aquele alimento seria destinado aos pombos sagrados (o cúmulo do liberalismo!)... Popota suspirou ao dizer que gostaria de ser um daqueles pombos, que tinham “tudo no biquinho” e viviam às custas do Estado... Raimundinho ouviu as colegas e protestou ao concluir que naquele palácio não havia distribuição da riqueza... Este era um tipo com problemas fonoaudiológicos e se pronunciou ao seu modo característico (“unch com tantoch e outroch com tão pouco”)...
Na sequência o capitão exigiu ordem e iniciou um discurso doutrinário entremeado por perguntas que as outras respondiam sem pestanejar... Lembrou que naquele regimento possuíam princípios, leis e liderança. Ao tratar dos objetivos relacionados à liderança sobre os demais “insetos pobres contra a injustiça social”, quis saber dos demais se conheciam “o principal dever da Constituição; o dever do Estado segundo o ideal Comunista; o dever do cidadão e da sociedade unificada...” Papata, Pepeta, Pipita e Popota respondiam satisfatoriamente... Raimundinho não entendia por que devia responder às questões mais difíceis, como “quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?”, então dizia apenas “não facho ideia”...
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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