Quem poderia imaginar que após a execução de Osama Bin Laden o pessoal do Talibã continuaria sua atuação terrorista? E por que perseguiram uma garota de apenas 15 anos?
Depois muito mais se falou a respeito dela, de sua atuação em defesa do direito das crianças à Educação Formal, dos prêmios que havia recebido e de sua aparição na ONU. Mas é bom que se saiba que a luta que ela desenvolve em defesa dos direitos à educação (notadamente das meninas) já ocorria há um bom tempo...
A história da jovem paquistanesa pode ser conhecida em Eu sou Malala, sua autobiografia escrita com a colaboração de Christina Lamb.
(...)
O texto esclarece sua trajetória desde o nascimento (12 de julho de
1997) em Mingora, no Vale do Swat, que fica na região noroeste do Paquistão
próxima ao Afeganistão.
Mas já na abertura Malala faz o relato sobre o dia (9
de outubro de 2012) em que foi atingida na cabeça por um disparo de um colt 45 no ônibus escolar logo após a
manhã de aulas.
Esse episódio foi reivindicado pelo Talibã, que a acusava de
contrapor-se à implementação de um tipo de sistema islâmico que seus partidários defendem e pretendem impor ao país... O terrorista que tentou assassiná-la entrou no ônibus escolar
perguntando quem entre as crianças era Malala. Ao saber do seu alvo, disparou
três tiros. Malala foi atingida na cabeça e outras duas meninas também se
feriram.
Humanistas de todo o mundo ficaram chocados com o episódio...
Malala já era conhecida por sua militância. Daí a consequente repercussão.
O seu livro também é uma resposta à pergunta feita pelo assassino ao
entrar no ônibus: “quem é Malala?”.
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A família Yousafzai
levava uma existência como a dos demais pachtuns... Assim, não era de se
estranhar que o nascimento de uma menina não trouxesse grande empolgação. O
nome de Malala foi escolhido em homenagem a uma grande heroína pachtum do
Afeganistão, Malalai de Mawand (ela participou de batalhas na luta contra as tropas
inglesas em 1880)... Não foram poucos os que lamentaram a escolha por considerar
que o nome se relaciona a martírio.
É com todo carinho que Malala apresenta a aldeia onde nasceu...
Montanhas, árvores, rios... Mas ela não se esquece do modo como os políticos
tradicionais desprezam a região, só aparecendo em épocas de eleição, e cheios
de promessas para sanar os problemas de saneamento ou de abastecimento de água
e energia.
(...)
O pai de Malala, Ziauddin,
diferentemente da maioria dos chefes de família pachtum, sempre incentivou a
filha a estudar. Ele alimentou o sonho de manter uma escola que atendesse
também as meninas. E isso antes do nascimento de Malala...
Não sem dificuldades, conseguiu fundar a Khushal (nome em homenagem
a Khushal Khan Khattack, “guerreiro poeta” que, na luta contra os mongóis
durante o século XVII, esforçou-se para unificar as tribos pachtuns. Também em
homenagem a esse herói, o segundo filho de Ziauddin e Farhat chama-se Khushal.
O segundo irmão de Malala é Atal).
Foi no ambiente escolar que Malala passou grande parte
de sua infância.
Não demorou e tornou-se amante das aulas e livros. Aprendeu a
cultivar o gosto pelo estudo e pela vontade de continuar a aprender... Um dos
hábitos que Malala desenvolveu, além de zelar pelos estudos, foi o de escrever e
proferir discursos.
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A dedicada atuação de Ziauddin fez com que a
família mantivesse contato com outras pessoas envolvidas com as questões ambientais,
educacionais e políticas na região... Desde cedo, Malala teve contato com essas
discussões e sentiu-se atraída por elas. Jamais se esqueceu dos acontecimentos
que marcam a História de seu jovem país tantas vezes marcado por intolerância e
assassinatos de lideranças. Alguns podem imaginar que isso faria com que ela se
sentisse acuada... Em vez disso, vemos Malala garantindo seu interesse de
tornar-se política no futuro.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/02/eu-sou-malala-historia-da-garota-que_1.html
Leia: Eu sou Malala. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto