sábado, 1 de fevereiro de 2014

“Eu sou Malala – a história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo talibã”, de Malala Yousafzai – parte I de considerações diversas

Todos acompanharam sensibilizados os noticiários acerca do atentado que Malala Yousafzai sofreu em outubro de 2012...
Quem poderia imaginar que após a execução de Osama Bin Laden o pessoal do Talibã continuaria sua atuação terrorista? E por que perseguiram uma garota de apenas 15 anos?
Depois muito mais se falou a respeito dela, de sua atuação em defesa do direito das crianças à Educação Formal, dos prêmios que havia recebido e de sua aparição na ONU. Mas é bom que se saiba que a luta que ela desenvolve em defesa dos direitos à educação (notadamente das meninas) já ocorria há um bom tempo...
A história da jovem paquistanesa pode ser conhecida em Eu sou Malala, sua autobiografia escrita com a colaboração de Christina Lamb.
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O texto esclarece sua trajetória desde o nascimento (12 de julho de 1997) em Mingora, no Vale do Swat, que fica na região noroeste do Paquistão próxima ao Afeganistão.
Mas já na abertura Malala faz o relato sobre o dia (9 de outubro de 2012) em que foi atingida na cabeça por um disparo de um colt 45 no ônibus escolar logo após a manhã de aulas.
Esse episódio foi reivindicado pelo Talibã, que a acusava de contrapor-se à implementação de um tipo de sistema islâmico que seus partidários defendem e pretendem impor ao país... O terrorista que tentou assassiná-la entrou no ônibus escolar perguntando quem entre as crianças era Malala. Ao saber do seu alvo, disparou três tiros. Malala foi atingida na cabeça e outras duas meninas também se feriram.
Humanistas de todo o mundo ficaram chocados com o episódio...
Malala já era conhecida por sua militância. Daí a consequente repercussão.
O seu livro também é uma resposta à pergunta feita pelo assassino ao entrar no ônibus: “quem é Malala?”.
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Desde o início, texto segue empolgante.
A família Yousafzai levava uma existência como a dos demais pachtuns... Assim, não era de se estranhar que o nascimento de uma menina não trouxesse grande empolgação. O nome de Malala foi escolhido em homenagem a uma grande heroína pachtum do Afeganistão, Malalai de Mawand (ela participou de batalhas na luta contra as tropas inglesas em 1880)... Não foram poucos os que lamentaram a escolha por considerar que o nome se relaciona a martírio.
É com todo carinho que Malala apresenta a aldeia onde nasceu... Montanhas, árvores, rios... Mas ela não se esquece do modo como os políticos tradicionais desprezam a região, só aparecendo em épocas de eleição, e cheios de promessas para sanar os problemas de saneamento ou de abastecimento de água e energia.
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O pai de Malala, Ziauddin, diferentemente da maioria dos chefes de família pachtum, sempre incentivou a filha a estudar. Ele alimentou o sonho de manter uma escola que atendesse também as meninas. E isso antes do nascimento de Malala...
Não sem dificuldades, conseguiu fundar a Khushal (nome em homenagem a Khushal Khan Khattack, “guerreiro poeta” que, na luta contra os mongóis durante o século XVII, esforçou-se para unificar as tribos pachtuns. Também em homenagem a esse herói, o segundo filho de Ziauddin e Farhat chama-se Khushal. O segundo irmão de Malala é Atal).
Foi no ambiente escolar que Malala passou grande parte de sua infância.
Não demorou e tornou-se amante das aulas e livros. Aprendeu a cultivar o gosto pelo estudo e pela vontade de continuar a aprender... Um dos hábitos que Malala desenvolveu, além de zelar pelos estudos, foi o de escrever e proferir discursos.
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A dedicada atuação de Ziauddin fez com que a família mantivesse contato com outras pessoas envolvidas com as questões ambientais, educacionais e políticas na região... Desde cedo, Malala teve contato com essas discussões e sentiu-se atraída por elas. Jamais se esqueceu dos acontecimentos que marcam a História de seu jovem país tantas vezes marcado por intolerância e assassinatos de lideranças. Alguns podem imaginar que isso faria com que ela se sentisse acuada... Em vez disso, vemos Malala garantindo seu interesse de tornar-se política no futuro.
Leia: Eu sou Malala. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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