O julgamento de Eros teve início.
Ele foi levado ao Olimpo sem oferecer resistência...
No mais alto estava posicionado Zeus, sua esposa Hera, Hades (deus do Inferno), Poseidon (deus das Águas), Ares (deus da Guerra), Apolo (deus das Artes) e Zéfiro (deus do Vento)... Outros deuses se faziam presentes: Ártemis (deusa da Caça e da Castidade), Hermes (deus Mensageiro), Dionísio (deus do Vinho), Héstia (deusa dos Lares), Atena (deusa da Razão), Deméter (deusa da Agricultura).
No início Zeus apresentou a Eros as acusações que recaíam sobre ele (fazer uso de mentiras para ludibriar Afrodite; não realizar suas funções sagradas junto aos mortais)... As graves denúncias poderiam resultar em condenação “por toda a eternidade”. O “deus dos Céus” lembrou que o acusado poderia admitir suas falhas e, assim, levar uma vida “normal e feliz” como qualquer mortal.
Podemos imaginar a dificuldade que Eros poderia enfrentar ao ter de admitir viver sem “seus poderes divinos”... Mesmo assim ele decidiu enfrentar o Julgamento. Pelo visto já havia subtraído de si qualquer sentimento que pudesse vinculá-lo mais estreitamente à condição divina.
(...)
É claro que essa decisão provocou espanto aos demais.
Após receber um raio das mãos de Hefesto, Zeus ordenou o início do julgamento.
O primeiro a se pronunciar foi Apolo. Sempre acompanhado por sua lira,
ele perguntou ao réu se era fato que ele deixou de tirar a beleza de Psique
como havia sido orientado por sua mãe. Eros respondeu que não podia “compactuar
com a vaidade de Afrodite”... Explicou também que a culpa que se podia
atribuir-lhe devia-se às suas ações em relação à Psique. No que dizia respeito
à mãe, Eros não se considerava culpado, pois ela desejou voltar a ser a mulher
mais amada de todos, e isso foi conseguido.
Apolo perguntou como Eros teve coragem de dedicar-se à paixão por uma
mortal e deixar de lado todo o devotamento da mãe. O acusado se defendeu
dizendo que o próprio Apolo poderia responder, pois ele mesmo havia se
apaixonado por Dafne (“uma ninfa que não amava ninguém”). O deus das Artes
mostrou-se indignado e respondeu que o episódio citado devia-se à iniciativa do
próprio réu, que o havia atingido com uma de suas flechas do amor.
A Revolta de Apolo contra Eros era nítida, ainda mais porque nunca foi
correspondido em seus sentimentos.
Eros dirigiu-se aos demais afirmando que, com ele, havia ocorrido o
mesmo que Apolo experimentara. Então pedia que o inocentassem. Garantiu que se
apaixonou por Psique, não queria perdê-la nem lhe fazer mal. E que jamais
renegaria seus sentimentos em relação a ela...
Nesse momento Zeus lançou
forte trovão e deu a palavra a Poseidon.
(...)
O deus das Águas
gostava muito de Eros. Ele perguntou se o réu estava mesmo apaixonado por
Psique, e se havia mentido a Afrodite ao dizer-lhe que adoeceu...
Sobre essa situação, Eros disse que não tinha noção de como suas flechas
provocam forte paixão nas pessoas, e que também não podia imaginar como “o amor
não correspondido arde na alma”. Poseidon quis saber se sua condição era a de
um verdadeiro adoentado.
Eros se disse “infectado
pelo amor”. Explicou que a mãe havia consentido na sua tentativa de cura... É
por isso que buscou viver junto a Psique. O jovem deus estava muito emocionado
quando disse isso. Os demais fizeram comentários uns com os outros. Zeus exigiu
que silenciassem.
Poseidon quis saber se Eros
ainda se sentia “convalescente”. O réu relatou seus vários sintomas (febre,
corpo doído e grande vazio interior) e revelou que só melhorava quando tocava
os lábios de Psique... Assim, admitia a necessidade dos “cuidados diários” que
só a vivência com sua amada poderia garantir.
O deus das Águas deu sua opinião. Defendeu Eros,
pois não considerava que ele tivesse cometido algum erro. E encerrou dizendo
que seu infortúnio era próprio dos mais jovens.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/02/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao_13.html
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto