Pela manhã, Psique estava mais animada e preparou-se para a nova prova... No próprio celeiro encontrou a cesta com as ferramentas necessárias à tosquia. No caminho para o pasto pôde notar que o Sol fazia reluzir a lã de ouro dos carneiros.
A princesa sentia-se de tal modo confiante que manifestou a sua segurança em relação à tarefa... De repente, próxima do rio, foi interrompida por uma voz que lhe fez uma advertência... Chamando-a pelo nome, avisou que não deveria contar com tanta facilidade... Ela se assustou e ficou sabendo que a voz era de Poseidon, o deus das Águas.
Os dois tiveram uma breve conversa que serviu para esclarecer que o nome de Psique já era bem conhecido e que todos sabiam de sua luta para casar-se com Eros... O deus das Águas conferiu sua beleza e sentenciou que, de fato, a beleza de Psique estava mesmo à altura de causar encanto ao deus do Amor.
Poseidon estava ali exatamente para conhecê-la... Disse que se sensibilizou com a perseguição injusta promovida por Afrodite, e que poderia ajudá-la a realizar a tarefa com os carneiros.
Ele explicou que aqueles animais eram muitos diferentes dos que Psique conhecia... Esclareceu que seus dentes e chifres eram afiados... Eles eram muito violentos e podiam matar com facilidade qualquer pessoa que deles se aproximasse.
Psique não podia entender por que reagiriam daquela forma... Ela não pretendia fazer-lhes mal! Poseidon disse que eles não aceitariam a tosquia, e que todos os que se dispuseram a essa tarefa acabaram devorados, ou “foram mortalmente feridos”.
Poseidon sugeriu que depois que o Sol se põe os animais se tornam menos agressivos e dormem profundamente... Seria, então, a ocasião ideal para se “apanhar a lã que fica grudada nos arbustos”...
Psique acomodou-se nas proximidades do pasto e conseguiu ouvir a conversa dos animais... De um modo geral, manifestavam o seu mau humor em relação a tudo (comer grama como os demais carneiros; o calor era demais...). Nada os agradava e todos expressavam “balidos de irritação”... A própria discussão os irritava e isso os levava a querer dar mordidas e patadas... Ficaram indispostos por todo o tempo enquanto repetiam seu estado de insatisfação com tudo... Isso ocorria indefinidamente...

Psique não entendia os motivos de tanta agressividade, pois o dia era lindo e tudo ali era revigorante... Concluiu que eles provavelmente se sentissem muito solitários. Poseidon garantiu que já havia tentado falar com eles, mas eles eram muito inflexíveis... Quando tinham sede aproximavam-se do rio, mas sempre protestavam contra a temperatura da água.
Apesar de tudo o que ouviu de Poseidon, a princesa tentou imaginar o que poderia haver de errado com aqueles animais e decidiu atravessar o rio por um caminho de pedras.
Não demorou e ela passou pelo cercado e começou a coletar a lã que se juntava nos arbustos. Foi flagrada por um dos carneiros, que passou a gritar no mesmo instante para despertar aos demais... Evidentemente eles acordaram manifestando irritação uns com os outros até perceberem que havia uma mortal no pasto... Logo passaram a proferir impropérios contra os mortais. Mas Psique não se desesperou nem mesmo com o fato de eles garantirem que a matariam.
Ela argumentou que não tinha medo de morrer e que também não os temia... Se morresse naquele momento estaria de bem consigo mesma. Suas palavras deixaram os carneiros ainda mais irritados.
Ela procurou ganhar a confiança deles dizendo que poderia ajudá-los. Porém sua situação era das mais delicadas.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/02/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao_10.html
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto