(...)
Para
que se possa fazer uma análise do texto da Coleção
Mitológica (o de Roriz), consideraremos o Capítulo XI Cupido e Psique de O Livro e
Ouro da Mitologia – História de Deuses e Heróis, de Thomas Bulfinch.
O apresentado por Bulfinch
é o que tradicionalmente se conhece a respeito deste e de muitos outros mitos...
Podemos notar que a narrativa da Coleção
Mitológica não abandona completamente, como não poderia deixar de ser, o
conteúdo central da trama... Cada um deve fazer sua análise a respeito da
iniciativa de Roriz e considerar o que há de positivo e aproveitável em seu
texto. Sobretudo no que diz respeito às atividades com jovens leitores.
(...)
Em
O Livro
de Ouro da Mitologia lê-se que Psique era a mais jovem de três princesas,
filhas de “certos rei e rainha”. Não são citados nomes das irmãs mais velhas
(como sabemos, Roriz chamou-as Téssora e Magnetes), e não vemos a caçula
isolada desde a infância ou vivenciando formação voltada para o sacerdócio...
Bulfinch confirma que eram muito bonitas e que Psique era mesmo dotada de
“beleza maravilhosa”, sendo que até nos países mais afastados comentava-se a
seu respeito.
Não
demorou e começaram a compará-la a Vênus (o autor cita a denominação romana das
divindades. Vênus/Afrodite).
Na
“história original”, a deusa se irrita com as constantes homenagens que os
mortais passaram a dedicar à princesa. Ela havia se tornado alvo da veneração
de todos, ao passo que os altares consagrados à deusa se tornavam completamente
desertos.
Vênus
recorreu a seu filho Cupido (Eros).
O
texto de Roriz dá a entender que o deus do Amor já tinha conhecimento da fama
de Psique e sabia de sua beleza diferenciada. Bulfinch explica que Vênus
apresenta sua rival solicitando que ele a fizesse se apaixonar por “algum ser
baixo, indigno”... Disso resultaria que ela não mais triunfaria entre os
viventes.
Esse foi o castigo solicitado...
(...)
Mas aconteceu que Cupido
cuidou de reservar gotas das duas fontes do jardim (não há referência, como no
texto da Coleção Mitológica, a uma
ordem expressa de sua mãe para que levasse apenas da água amarga)...
Ao visitar a donzela,
Cupido encontrou-a dormindo... Despejou as gotas de água da fonte amarga sobre
seus lábios. Na sequência tocou-a com a ponta da flecha. A moça se movimentou e
Cupido nem percebeu que se feriu acidentalmente... Sem se dar conta do
ferimento, e pensando unicamente em desfazer o mal que acabara de provocar,
Cupido derramou “balsâmicas gotas de alegria sobre os sedosos cabelos da
jovem”.
Desde
esse episódio, apesar de Psique continuar sendo admirada por todos, não havia
quem a pedisse em casamento...
(...)
A narrativa a respeito das
preocupações do rei com sua sucessão, suas reservas em relação à condição das
mulheres, as propostas de casamento dos príncipes do reino vizinho e os enlaces
dos mesmos com suas irmãs mais velhas são criações de Roriz.
Em
Bulfinch conta-se que as irmãs mais velhas (e menos belas que Psique) se
casaram com “dois príncipes herdeiros”... Psique passou a viver amarga solidão
entendendo que sua beleza causava-lhe padecimento.
Foi
essa situação que levou rei e rainha a consultarem o Oráculo de Apolo. Assim
ficaram sabendo que a caçula estava destinada a casar-se com um monstro que
habitava no alto de uma montanha, onde a aguardava...
Enquanto seus pais lamentaram a revelação,
Psique manifestou sua resignação entendendo que as honrarias que recebera eram-lhes
indevidas... Ela se reconhecia punida por a terem comparado a Vênus. Não tinha
dúvida de que deveria seguir o seu “desventurado destino”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/02/capitulo-xi-de-o-livro-de-ouro-da_26.html
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Leia: O Livro de Ouro da Mitologia. Ediouro.
Um abraço,
Prof.Gilberto