sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Capítulo XI de “O livro de Ouro da Mitologia - Cupido e Psique”, de Tomas Bulfinch por parâmetro em análise de “Eros e Psique”, da Coleção Mitológica – Parte I

É claro que a antiga lenda de Eros e Psique contada por Roriz não resulta naquilo que a maioria das pessoas conhece. Como vimos, ele fez uma livre adaptação que se destaca por situar personagens em épocas diversas, e por incluir diálogos que envolvem conteúdos culturais e políticos de nosso tempo e de tempos anteriores e posteriores ao “período clássico” da Grécia.
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Para que se possa fazer uma análise do texto da Coleção Mitológica (o de Roriz), consideraremos o Capítulo XI Cupido e Psique de O Livro e Ouro da Mitologia – História de Deuses e Heróis, de Thomas Bulfinch.
O apresentado por Bulfinch é o que tradicionalmente se conhece a respeito deste e de muitos outros mitos... Podemos notar que a narrativa da Coleção Mitológica não abandona completamente, como não poderia deixar de ser, o conteúdo central da trama... Cada um deve fazer sua análise a respeito da iniciativa de Roriz e considerar o que há de positivo e aproveitável em seu texto. Sobretudo no que diz respeito às atividades com jovens leitores.
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Em O Livro de Ouro da Mitologia lê-se que Psique era a mais jovem de três princesas, filhas de “certos rei e rainha”. Não são citados nomes das irmãs mais velhas (como sabemos, Roriz chamou-as Téssora e Magnetes), e não vemos a caçula isolada desde a infância ou vivenciando formação voltada para o sacerdócio... Bulfinch confirma que eram muito bonitas e que Psique era mesmo dotada de “beleza maravilhosa”, sendo que até nos países mais afastados comentava-se a seu respeito.
Não demorou e começaram a compará-la a Vênus (o autor cita a denominação romana das divindades. Vênus/Afrodite).
Na “história original”, a deusa se irrita com as constantes homenagens que os mortais passaram a dedicar à princesa. Ela havia se tornado alvo da veneração de todos, ao passo que os altares consagrados à deusa se tornavam completamente desertos.
Vênus recorreu a seu filho Cupido (Eros).
O texto de Roriz dá a entender que o deus do Amor já tinha conhecimento da fama de Psique e sabia de sua beleza diferenciada. Bulfinch explica que Vênus apresenta sua rival solicitando que ele a fizesse se apaixonar por “algum ser baixo, indigno”... Disso resultaria que ela não mais triunfaria entre os viventes.
Esse foi o castigo solicitado...
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Mas aconteceu que Cupido cuidou de reservar gotas das duas fontes do jardim (não há referência, como no texto da Coleção Mitológica, a uma ordem expressa de sua mãe para que levasse apenas da água amarga)...
Ao visitar a donzela, Cupido encontrou-a dormindo... Despejou as gotas de água da fonte amarga sobre seus lábios. Na sequência tocou-a com a ponta da flecha. A moça se movimentou e Cupido nem percebeu que se feriu acidentalmente... Sem se dar conta do ferimento, e pensando unicamente em desfazer o mal que acabara de provocar, Cupido derramou “balsâmicas gotas de alegria sobre os sedosos cabelos da jovem”.
Desde esse episódio, apesar de Psique continuar sendo admirada por todos, não havia quem a pedisse em casamento...
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A narrativa a respeito das preocupações do rei com sua sucessão, suas reservas em relação à condição das mulheres, as propostas de casamento dos príncipes do reino vizinho e os enlaces dos mesmos com suas irmãs mais velhas são criações de Roriz.
Em Bulfinch conta-se que as irmãs mais velhas (e menos belas que Psique) se casaram com “dois príncipes herdeiros”... Psique passou a viver amarga solidão entendendo que sua beleza causava-lhe padecimento.
Foi essa situação que levou rei e rainha a consultarem o Oráculo de Apolo. Assim ficaram sabendo que a caçula estava destinada a casar-se com um monstro que habitava no alto de uma montanha, onde a aguardava...
Enquanto seus pais lamentaram a revelação, Psique manifestou sua resignação entendendo que as honrarias que recebera eram-lhes indevidas... Ela se reconhecia punida por a terem comparado a Vênus. Não tinha dúvida de que deveria seguir o seu “desventurado destino”.
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Leia: O Livro de Ouro da Mitologia. Ediouro.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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