quarta-feira, 8 de maio de 2013

“O ladrão de sementes” – considerações sobre o texto de Louis Carlos Forline em “Revista de História da Biblioteca Nacional” nº 8, abril de 2013 - sobre o ciclo da borracha; trabalho do seringueiro; H. A. Wickham – Parte I

A edição 91 (abril de 2013) da Revista de História da Biblioteca Nacional traz o texto O ladrão de sementes, de Louis Carlos Forlaine, professor de Antropologia da Universidade de Nevada e pesquisador visitante no Museu Emílio Goeldi, do Pará.
Sobre O ladrão de sementes, algumas considerações merecem destaque.

Por algum tempo a floresta amazônica forneceu a borracha que os países industrializados necessitavam. Dizemos que a região viveu o ciclo econômico responsável por um surto de desenvolvimento... O teatro Amazonas, as calçadas, parques luxuosos e os bondes elétricos são provas de um período marcado por riqueza e pujança... Por cinco décadas as cidades de maior destaque da região puderam experimentar hábitos comuns aos da Belle Époque europeia.
extraído de quintetodaarte5.blogspot.com
A opulência se sustentava graças ao trabalho de seringueiros que conheciam bem a floresta... Muitos deles, atraídos pela oportunidade de trabalho, eram originários de localidades distantes, principalmente da região Nordeste... O trabalho explorado por empresários seringalistas inescrupulosos (os “barões da borracha”) era caracterizado pelo acampamento na floresta e pelos longos percursos mata adentro em busca das seringueiras naturalmente dispostas entre outros diversos exemplares (acampamento e longos percursos pela floresta ainda são marcas do trabalho seringueiro)...Calcula-se que, em média, a cada hectare (um campo de futebol) o seringueiro encontra uma seringueira, que deve ser “sangrada” para o recolhimento do látex numa tigelinha... Esse processo é muito lento e por isso o seringueiro segue em busca de outras árvores para a fixação de mais recipientes... Mais tarde ele retorna e recolhe o látex de cada uma das tigelinhas depositando-o num balde... Depois há o processo de defumação...
Ao tempo do ciclo da borracha a exploração dos seringueiros era brutal, mas ainda assim os capitalistas procuraram a todo custo tornar a extração do látex mais barata... Sabemos que esse objetivo foi alcançado graças ao contrabando (biopirataria) de sementes de seringueira para as colônias britânicas do sudeste asiático (em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2010/09/blog-post.html assistimos a uma produção que faz referência a esses episódios).
Henry Alexander Wickham, o botânico inglês que viveu entre 1846 e 1928, teve importante papel no contrabando de 70 mil sementes de seringueiras da floresta brasileira... Elas passaram por estudos no Jardim Botânico Real de Londres, onde desenvolveram mudas... Parte das que vingaram foram transferidas para as referidas colônias inglesas (Sri Lanka, Índia e Malásia).
Sobre Wickham, pode-se dizer que era de família próspera... Sua mãe possuía uma chapelaria... E foi em busca de plumas que ele viajou ao continente americano pela primeira vez. Contava 20 anos de idade... Seu destino foi a Nicarágua, onde, cuidadoso e atento aos possíveis empreendimentos futuros, fez vários registros sobre o Novo Mundo... O jovem considerou mesmo a importância da extração da borracha que, por aquele tempo de crescimento econômico inglês sob o reinado da rainha Vitória (1837-1901), poderia possibilitar enriquecimento.
Pessoas como ele havia às centenas... Seus registros chegaram ao diretor do Kew Gardens, Joseph Hooker... O que mais chamava a atenção em seus diários e anotações era a ênfase sobre a produção da borracha em grandes quantidades... Hooker o contatou e ofereceu-lhe 10 libras para cada mil sementes de seringueira (Hevea brasiliensis).
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/05/revista-de-historia-da-biblioteca.html
Um abraço,
Prof.Gilberto

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