quinta-feira, 23 de maio de 2013

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – Começo do capítulo V; o casal Dubreuilh está em retiro e recebe a visita de Henri Perron; bicicletas, trilhas, e beberagem em meio à floresta; Robert preocupa-se com o futuro do SRL e de L’Espoir; Henri experimenta um feliz “fragmento da vida”

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/04/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_24.html antes de ler esta postagem:
É importante esclarecer que apenas agora, com esta postagem, chegamos ao quinto capítulo de Os Mandarins... E isso significa mais ou menos a metade do texto de Beauvoir. Na abertura, “vemos” Henri Perron despertando de uma noite de bebedeira... Dormiu sobre tábuas na instalação de retiro escolhida por Anne para as “férias do casal Dubreuilh”... Durante boa parte da noite ele teve a sensação de ter notado Robert trabalhando... De fato, Anne o informou que o marido aproveitava a ocasião de isolamento na montanha para escrever diariamente, e isso podia avançar pela madrugada.
O dia começou com pedaladas até localidade mais abaixo... Diariamente o casal fazia esses passeios... As bicicletas não eram das melhores e a que conseguiram para Henri era bem precária. Sem dúvida, como já havia atestado no dia anterior, ele notava que era o que menos preparo físico tinha para superar os desafios do percurso... Sua “máquina” amassada e de pneus gastos e enlameados exigia esforço redobrado. No caminho pararam numa pequena mercearia, onde beberam algo escuro e de alto teor alcoólico... Na sequência encostaram à beira do Loire e, apesar do frio, Henri molhou-se para recuperar alguma energia em seu enferrujado organismo.
Anne e Robert, bem ao contrário do amigo, exibiam vigor, bronzeados e disposição... Dubreuilh quis saber de Henri como as coisas prosseguiram em Paris depois que eles deixaram a cidade... Perron falou sobre o calor da capital, mas Robert queria notícias sobre a política, o jornal e Trarieux... Henri explicou que Luc entendia que não necessitariam de ajuda externa se suportassem sozinhos por dois ou três meses... Robert alertou-o sobre a necessidade de não se endividarem demais... Também lamentou o fato de a tiragem de L'Espoir ter baixado tanto depois da aliança que firmaram, algo que ele não esperava. Henri sorriu e disse que se fosse o caso de recorrer ao dinheiro de Trarieux, faria isso sem remorsos porque o que contava era o êxito do SRL... Robert reconheceu que o êxito do SRL devia-se aos esforços de Henri... Nós sabemos das angústias que Henri viveu por causa da ameaça à sua liberdade editorial, das negociações que envolveram a aliança entre o seu jornal e o movimento político criado por Robert.
É bem verdade que o sucesso do comício, de alguma forma, animou Henri... Podemos dizer que ele não esqueceria tão cedo aqueles cinco mil rostos eufóricos... De certo modo, aquilo teve o efeito de anular em muito as suas precauções em relação ao movimento do qual não estava muito convencido.
De sua parte, Robert refletia sobre a delicada situação em que todos (graças a ele) estavam metidos. Introspectivamente sabia que o SRL não ia muito bem... Estava insatisfeito, embora entendesse que não era de uma hora para outra que o movimento ganharia o vulto de importância do antigo PS...
Continuaram a pedalar em meio à paisagem do interior... O vento contra o rosto e o cheiro do mato e das árvores, as subidas e descidas, faziam do passeio um excelente “fragmento da vida”, e Henri tornou-se satisfeito com o “preenchimento daquelas horas”... Uma paz imensa o invadiu e ele estava grato por poder contemplar montanhas, prados e florestas... Para ele, que só reconhecia sossego nos momentos de sono, a situação era diferenciada e agradável.
Então Henri tornou-se “só elogios” ao lugar. Parabenizou Anne pela ideia... À noite manifestou sua aprovação e toda gratidão a ela. Anne se animou e mostrou-lhe o mapa do percurso que fariam no dia seguinte. O moço quis verificar de perto e admirou-se com o traçado que indicava estradinhas em meio a inúmeras outras... Tudo muito bem planejado... Anne respondeu que nisso repousava a grande diversão. Acabaram de jantar num albergue e ingeriram outra forte bebida alcoólica... Mais clara, dessa vez.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/06/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-as.html
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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