Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/04/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_24.html
antes de ler esta postagem:
É importante
esclarecer que apenas agora, com esta postagem, chegamos ao quinto capítulo de Os Mandarins... E isso significa mais ou
menos a metade do texto de Beauvoir. Na abertura, “vemos” Henri Perron
despertando de uma noite de bebedeira... Dormiu sobre tábuas na instalação de
retiro escolhida por Anne para as “férias do casal Dubreuilh”... Durante boa
parte da noite ele teve a sensação de ter notado Robert trabalhando... De fato,
Anne o informou que o marido aproveitava a ocasião de isolamento na montanha para
escrever diariamente, e isso podia avançar pela madrugada.
O dia começou com pedaladas até localidade mais abaixo... Diariamente o
casal fazia esses passeios... As bicicletas não eram das melhores e a que
conseguiram para Henri era bem precária. Sem dúvida, como já havia atestado no
dia anterior, ele notava que era o que menos preparo físico tinha para superar
os desafios do percurso... Sua “máquina” amassada e de pneus gastos e
enlameados exigia esforço redobrado. No caminho pararam numa pequena mercearia,
onde beberam algo escuro e de alto teor alcoólico... Na sequência encostaram à
beira do Loire e, apesar do frio, Henri molhou-se para recuperar alguma energia
em seu enferrujado organismo.
Anne e Robert, bem ao
contrário do amigo, exibiam vigor, bronzeados e disposição... Dubreuilh quis
saber de Henri como as coisas prosseguiram em Paris depois que eles deixaram a
cidade... Perron falou sobre o calor da capital, mas Robert queria notícias
sobre a política, o jornal e Trarieux... Henri explicou que Luc entendia que
não necessitariam de ajuda externa se suportassem sozinhos por dois ou três
meses... Robert alertou-o sobre a necessidade de não se endividarem demais...
Também lamentou o fato de a tiragem de L'Espoir ter baixado tanto depois da
aliança que firmaram, algo que ele não esperava. Henri sorriu e disse que se
fosse o caso de recorrer ao dinheiro de Trarieux, faria isso sem remorsos
porque o que contava era o êxito do SRL...
Robert reconheceu que o êxito do SRL
devia-se aos esforços de Henri... Nós sabemos das angústias que Henri viveu por
causa da ameaça à sua liberdade editorial, das negociações que envolveram a
aliança entre o seu jornal e o movimento político criado por Robert.
É bem verdade que o sucesso do comício, de alguma
forma, animou Henri... Podemos dizer que ele não esqueceria tão cedo aqueles
cinco mil rostos eufóricos... De certo modo, aquilo teve o efeito de anular em
muito as suas precauções em relação ao movimento do qual não estava muito
convencido.
De sua parte, Robert refletia sobre a delicada situação em que todos
(graças a ele) estavam metidos. Introspectivamente sabia que o SRL não ia muito bem... Estava
insatisfeito, embora entendesse que não era de uma hora para outra que o
movimento ganharia o vulto de importância do antigo PS...
Continuaram a pedalar em meio à paisagem do interior... O vento contra o
rosto e o cheiro do mato e das árvores, as subidas e descidas, faziam do
passeio um excelente “fragmento da vida”, e Henri tornou-se satisfeito com o “preenchimento
daquelas horas”... Uma paz imensa o invadiu e ele estava grato por poder contemplar
montanhas, prados e florestas... Para ele, que só reconhecia sossego nos
momentos de sono, a situação era diferenciada e agradável.
Então Henri tornou-se “só elogios” ao lugar.
Parabenizou Anne pela ideia... À noite manifestou sua aprovação e toda gratidão
a ela. Anne se animou e mostrou-lhe o mapa do percurso que fariam no dia
seguinte. O moço quis verificar de perto e admirou-se com o traçado que
indicava estradinhas em meio a inúmeras outras... Tudo muito bem planejado... Anne
respondeu que nisso repousava a grande diversão. Acabaram de jantar num
albergue e ingeriram outra forte bebida alcoólica... Mais clara, dessa vez.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/06/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-as.html
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto