O texto de José de Alencar nos apresenta um quadro mais completo da família de d. Antônio de Mariz. Porém, de um modo geral vamos conhecendo traços físicos e personalidades conforme a história vai se desenvolvendo... Sobre o clã do fidalgo, observa-se:
Dona Lauriana era paulista e, em nota, ficamos sabendo que a personagem real chamava-se Lauriana Simoa... Era dedicada ao lar e disciplinada nos compromissos da religião. Alencar a descreve como um tipo egoísta, mas isso não a limitava na prática de eventuais boas ações... Diogo de Mariz, o filho do casal, era um moço que passava o seu tempo em “correrias e caçadas”. Em outra das notas ficamos sabendo que ele também é histórico, e que se tornou provedor da alfândega do Rio de Janeiro, tendo substituído o próprio pai naquela função... Cecília era a jovem de dezoito anos, a moça mimada pela família e o centro de todas as atenções daquele lugar... Isabel era sobrinha de d. Antônio e companheira de Cecília em seus passatempos. Sobre ela, o romance destaca que os companheiros do fidalgo desconfiavam que ele fosse o pai da garota, cuja mãe devia ser uma índia com a qual ele se envolveu no passado... Mas sobre isso não se falava.
O texto prossegue tratando da “bandeira” chefiada por Álvaro de Sá, que era jovem da confiança de d. Antônio. Alencar preocupa-se em explicar que as bandeiras eram caravanas de aventureiros que entravam pelos sertões na esperança de encontrar ouro, brilhantes e pedras preciosas. Essa, que faz parte do romance, retornava do Rio de Janeiro, onde havia negociado os produtos que conseguiu graças às incursões por terras auríferas.

O rapaz notou que Loredano estava querendo provocá-lo de alguma maneira, então quis saber o que o outro pretendia... Sobre isso, Loredano disse apenas que, pelo ritmo que seguiam, era provável que chegassem antes das seis da tarde. O moço corou e garantiu que, de fato, seria melhor que chegassem com a luz do dia.
Loredano continuou a provocá-lo e fez referência à Escritura, dizendo que “não há pior surdo do que aquele que não quer ouvir”... Álvaro gracejou, pois aquela observação era algo inusitado entre os aventureiros. O italiano respondeu que aprendeu aquele ensinamento na Rua dos Mercadores, com um vendedor de brocados e joias... Dessa vez Álvaro ficou ainda mais enrubescido, pois notava que o outro sabia algo sobre ele e aquela conversa servia apenas para provocá-lo.
O chefe do grupo quis por um fim ao diálogo, mas Loredano perguntou se ele não havia entrado na referida loja... Sem jeito, Álvaro respondeu que não se lembrava e que, além disso, não tinha tempo para as “galantarias de damas e fidalgas”... Ainda em tom provocativo, Loredano disse entender a falta de tempo do outro já que “se demoraram no Rio de Janeiro apenas cinco dias, quando o normal seria dez ou quinze dias”.
A provocação do subalterno persistiu pelo caminho... No final restou uma desagradável tensão entre ele e o jovem Álvaro... Mas isso fica para a próxima postagem.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/05/o-guarani-de-jose-de-alencar-novas.html
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto