terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Noite na Taverna, de Álvares de Azevedo

Para hoje estou deixando algumas considerações que fiz há uns seis anos sobre Noite na Taverna, texto de Álvares de Azevedo. Na ocasião discutia com professores sobre determinada situação escolar muito constante por aquela época: O comportamento de certos grupos de adolescentes que normalmente se vestem de preto e, nas escolas, costumam permanecer juntos.

Por ocasião da discussão, um professor falou sobre “guetização” (de gueto), quer dizer, um fenômeno que podemos associar ao isolamento voluntário ou imposto por outros. De minha parte, considerei “românticos” os referidos grupos e é por isso que, mesmo sem grande conhecimento da situação, citei o Noite na taverna como um texto de certo potencial entre vários desses jovens, que afirmam preferir a companhia dos mortos à convivência entre os vivos materialistas.

Uma “revisita”, ainda que apressadamente, ao texto fez-me ainda mais convencido da interpretação. Em um trecho das anotações de Douglas Tufano para livro paradidático da Editora Moderna lê-se: “Alguns jovens embriagados, contam histórias macabras de paixão, morte, crime, perversão sexual e violência, num clima de sonho e delírio. Na última parte, uma das figuras, que pareciam não passar de fantasias criadas pela embriaguez dos personagens, invade o espaço da taverna e provoca um epígolo sangrento,...”.

O texto é bem isso, os jovens estão bebendo e falando sobre o vinho, o fumo nos cachimbos e seus vapores... Sobre ciência, mulheres e várias citações filosóficas e românticas. A partir de determinado momento decidem que um a um dos presentes (Solfieri, Bertram, Gennaro, Claudius Hermann, Johann) contará alguma história, que seja “digna de ser considerada um conto fantástico e sanguinolento”.

A narrativa do Solfieri (só para ficar com a primeira, que foi a que eu li) é assustadora. Ele trata de uma situação em Roma onde, depois de uma orgia, viu-se em local ermo (uma igreja) onde jazia uma “bela defunta” em caixão entreaberto. Pois não é que o rapaz, achando-a bela, toma-a nos braços e cobre-lhe de beijos... Como não se tratava exatamente de uma morta, pois a moça era vítima de catalepsia, veio a ressuscitar e por dois dias ainda sobreviveu. O moço finaliza afirmando que sob o chão de mármore de seu quarto cavou com as próprias mãos um túmulo para a infeliz e que, durante um ano, noite a noite, dormiu sobre as lajes que a cobriam.

Leia: Noite na taverna. Editora Moderna.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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