quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O Pagador de Promessas, de Dias Gomes - Parte II

Talvez seja interessante você acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/02/o-pagador-de-promessas-de-dias-gomes.html antes de ler esta postagem:


Você pode perceber que o humilde roceiro chamaria muito a atenção das autoridades e do pessoal local. Ainda na madrugada, enquanto o penitente descansa junto à sua cruz, Rosa deita-se nos degraus da escadaria da igreja. Os dois aguardam que o dia se inicie. É festa de Santa Bárbara para os católicos; e no mesmo dia diversos terreiros locais celebram Iansã. Quase ao amanhecer aparecem dois novos personagens, o Bonitão e Marli. O Bonitão é um ex-policial e explora a mulher. Tudo o que ela recebe em suas noites de serviço é surrupiado pelo Bonitão. Ela sofre abusos dele, mas não consegue se livrar porque é apaixonada. Ocorre um diálogo em que ele a agride e tira todo o dinheiro que ela tem. Ele exige que ela siga em frente, enquanto ele se aproxima dos dois peregrinos. A conversa que tem com Zé do Burro permite que conclua que se trata mesmo de um simplório pobre coitado, bem fácil de ser “passado para trás”. O Bonitão percebeu os dotes de Rosa e deu um jeito de conseguir algumas horas com ela no hotel. Ele faz tipo de compadecido e convence Zé do Burro a retirar-se com Rosa ao conforto do hotel. Ele tem certeza de que o penitente se recusará a sair da praça, ao mesmo tempo sabe que autorizará a mulher ao merecido descanso...

Na sequência do Primeiro Ato temos o amanhecer... O sino da igreja toca e a primeira católica a chegar é a Beata. Ela muito estranha a presença do penitente adormecido na praça... Aparece o atrapalhado sacristão, que ouve as reclamações da Beata. O Bonitão também ressurge e a conversa que tem com o sacristão revela suas aventuras amorosas das últimas horas. Depois quem aparece é o Padre Olavo. O pároco quer saber de Zé do Burro de onde vem e quais suas intenções... O simplório penitente fala de sua trajetória até ali. O diálogo é muito bem escrito, de modo que só aos poucos o padre vai constatando o quão confusa e repleta de heresias é a história do peregrino... Tudo por causa de um burro! E num terreiro de Candomblé! O trecho apresenta situações engraçadas e trágicas... O padre decide que não abrirá a porta da igreja e que os fiéis adentrarão pela sacristia, onde era impossível que a cruz passasse. O padre determinou que as circunstâncias em que Zé do Burro se comprometera relacionaram-no à obra demoníaca... Não havia nada que pudesse ser aprovado pela Igreja Católica.

Zé do Burro começa a perceber que está impedido de cumprir a promessa com a santa. O dia prossegue e outras personagens aparecem: Minha Tia é a negra que vende quitutes em seu tabuleiro nas proximidades da igreja; o Galego é um espanhol dono do boteco; Dedé Cospe Rima é o poeta local, vive da venda do cordel. Notamos a indignação de Minha Tia ao tomar conhecimento do autoritarismo do padre... Galego percebe que o penitente pode ser uma atração e, com o movimento de pessoas acorrendo à localidade por causa dos últimos acontecimentos, poderia faturar mais... O Cospe Rima é um sujeito interessante, suas rimas dão graça às histórias que escreve e que conta em praça. Ele também via possibilidades de escrever versos sobre a inesperada aparição do penitente na praça... O Guarda local mostra-se um tipo que não quer confusões, revela-se incompetente, incapaz de tomar uma posição que não seja a de se submeter aos que têm poder... Rosa reapareceu e mal consegue disfarçar o adultério.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/02/o-pagador-de-promessas-de-dias-gomes_2230.html


Um abraço,
Prof.Gilberto

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