domingo, 20 de fevereiro de 2011

The Closet - uma análise

Talvez seja interessante você acessar (http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/02/filme-closet.html) antes de ler a postagem deste dia. Um filme como The Closet é mesmo para divertir... São tantos momentos engraçados que o pessoal cai na gargalhada. Sabe de uma coisa? Esse negócio de ficar analisando demais irrita. Lembro de um livro do Fernando Sabino, o Encontro Marcado, em que o protagonista e seus amigos vivenciavam situações em que um deles sempre envolvia os demais, que se tornavam seus “cúmplices”. Quando a situação era impensada, ou trazia o inesperado, alguém vinha com conversas e advertências, mas era normalmente respondido com um “não analisa não!” Deixa pra lá... Isso é assunto para outra ocasião...
Quero que entendam que em 2005 participei do curso Cidadania e Cultura, promovido pela UNICAMP e destinado a professores da rede estadual de ensino. Havia vários módulos, como Natureza e Cidadania, História e Cidadania, Ética e Cidadania... E assim por diante. Além das aulas presenciais, tínhamos um ambiente “de rede”, que proporcionava discussões, esclarecimentos de dúvidas, postagem de trabalhos e vários debates. Gostei muito daquela experiência. Hoje estou deixando aqui algo que escrevi, “umas análises”, naquele ambiente sobre o filme que havíamos assistido juntos. Suprimi alguns trechos e adaptei outros para este blog. Acho que o texto pode ajudar a refletir sobre o filme, além de “ilustrar” um pouco a experiência do curso.
Caros amigos das manhãs e tardes de sábado,
O filme trabalhado no último dia 12 de novembro propiciou um debate muito interessante. Acredito que há certo consenso em relação à sua pertinência. Fiquei um pouco intrigado... Os colegas de retorno (caronistas) (...) são testemunhas de algumas inquietações minhas em relação ao filme. Penso que faltou algo a ser discutido, então, procuro “desabafar nessas linhas traçadas pelo computador” algo do que refleti depois que cheguei em casa.
Não me lembro de termos falado da possibilidade de a trama na qual Pignon se envolveu ter sido, de certa forma, antiética. Será que é o “vale tudo?” É, afinal de contas ele não era homossexual e vale-se de uma mentirosa montagem para permanecer no tão valioso e necessário emprego. Mas isso é o que milhões de trabalhadores no mundo querem em tempos de falta de estabilidade no trabalho, tempos em que o trabalhador precisa tornar-se mais “versátil”!
De fato, ele tem certos escrúpulos de consciência, já que diz ao Michel Aumont, o amigo vizinho, que a ideia poderia não dar certo, pois não saberia “comportar-se como gay”. Pignon é convencido de que se sairia melhor na trama, quer dizer, enganaria mais, se não tentasse teatralizar. Então, sendo aquilo que ele sempre foi, consegue o singelo mimo da empresa, mas fica a engraçada ideia de que o modo desajeitado do personagem leva à conclusão (a que chegam as colegas mais próximas na empresa) de que ele só pode ser mesmo um escamoteado e perigoso homossexual.
Bem resolvido (não sexualmente) a manter-se na trama, mente à chefia imediata quando esta indaga sobre a veracidade da fotografia. Mas afinal... Já que tudo estava dando certo...
Há que se considerar, ainda, que o seu “vizinho mentor” o orienta a um contra-ataque em relação às suspeitas da funcionária que coloca em dúvida a situação... A denúncia de assédio que Pignon faz ao big boss rende a ela uma demissão. A bem da verdade evitada pelo próprio Pignon, mas ficou a tensão da perda do emprego, que renderia a ele uma bela promoção!
Félix Santini é o preconceituoso machão da empresa. O seu comportamento é o limite da formação que ele teve, mas isso não o isenta de ser antiético, é claro. Fica a ideia de que ele é um “tipo do passado” e, assim, para ele não há lugar. Ele é tão inconveniente que até o big boss o repreende na reunião em que as fotos montadas são apresentadas. Há ainda outros três funcionários, que colocam Santini na trama... Que tipos representam? São homossexuais? Simpatizantes da causa? Seriam a síntese daquilo que deve ser o “novo homem”? Verdade seja dita, eles próprios perceberam que colocaram o “Fefê” em um grande embaraço existencial.
E a ética do big boss? Nem precisamos registrar que o seu interesse é apenas o de atingir a divindade do lucro. Se inicialmente a demissão do Pignon tinha a ver com os “necessários cortes” orçamentários, ela passa a ser inviável para os negócios na medida em que podia ser encarada pelo mercado como uma perseguição da empresa a um homossexual. Poderíamos pensar: o capital deu o braço a torcer! Mas logo vem a decepção: Pignon é usado no desfile do Pride Gay pela empresa com o objetivo de capitalizar ainda mais sobre a situação. Depois do “flagra” na própria empresa, e na mesa de (re) produção, o big boss começa a questionar-se se não foi trapaceado por um funcionário que, para garantir o emprego, submeteu-se a toda aquela trama. Mas não importa. Vimos que a tara por mulheres demonstrada por Pignon também rendeu à empresa muitos dividendos. Mesmo sendo um mentiroso, ele é um cara interessante e legal, bom mesmo, bom camarada... Ninguém, nem o patrão, pode negar.
Fiquem à vontade para criticar. Nada de melindres...

Um abraço,

Prof.Gilberto

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