quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O Pagador de Promessas, de Dias Gomes - Parte I


Hoje vou escrever sobre O Pagador de Promessas, que é um texto de Dias Gomes, autor consagrado da dramaturgia brasileira, muito conhecido também pelas adaptações de seus textos para o cinema e a televisão.
O Pagador de Promessas acabou fazendo história porque o filme, que foi dirigido por Anselmo Duarte, em 1962, recebeu a Palma de Ouro no Festival Internacional de Cinema, em Cannes.

Escrevo sobre este texto porque acabei de lê-lo. É uma ocasião interessante porque nossos alunos das escolas estaduais aqui em São Paulo receberam um kit com alguns títulos muito interessantes. Entre eles está essa peça teatral de Gomes. Há muitos anos vi o filme, mas só agora tive a oportunidade de ler o texto na íntegra.

A trama se passa na Bahia e envolve algumas questões importantes de nossa formação cultural: realidade campesina; Reforma Agrária; sincretismo religioso; folclore; intolerância religiosa (só para citar alguns)... É claro que tudo isso pode ser trabalhado com nossos alunos (por que não uma dramatização?).
O protagonista é Zé do Burro, um humilde sitiante que percorreu sessenta léguas, carregando uma cruz pesadíssima, desde o sertão onde vivia até uma cidade onde há uma Igreja de Santa Bárbara, onde pretende depositá-la. Ele cumpre uma promessa, e sua mulher, Rosa, o acompanha desde o início da jornada. Os dois chegaram de madrugada à praça da “cidade grande”, encontram o lugar adormecido. Rosa queixa-se da andança, gostaria de banhar-se, dormir para recuperar-se da caminhada. Insiste que o marido deixe a cruz na praça e procurem um lugar decente onde possam passar algumas horas de descanso. Zé do Burro, porém, não aceita. Além de ser fiel à promessa que fez, teme que alguém afane a cruz.
A promessa: Os episódios que levaram o casal a tal investida são carregados situações engraçadas, mas eles revelam a simplicidade do camponês e o seu despojamento. O nosso protagonista tem essa alcunha porque no rincão onde vivia era acompanhado diuturnamente por um burro, seu fiel companheiro para todos os momentos. O animal atendia pelo nome de Nicolau. O burro havia sido ferido por uma árvore atingida por um raio. Ficou ferido por vários dias e tudo indicava que não suportaria a hemorragia. Tentou-se de tudo, até benzimento com as rezas de Preto Zeferino... Depois das várias alternativas, Zé do Burro foi parar em um terreiro de Candomblé em honra a Iansã, onde enfim o animal encontrou a cura. Zé do Burro fez a promessa e cumpriria seu trajeto até uma igreja de Santa Bárbara porque era católico e porque Santa Bárbara corresponde a Iansã, divindade do Candomblé (isso ocorre com outros santos católicos). Zé do Burro fez mais... Ele prometeu que dividiria suas terras com outros camponeses mais necessitados que ele. Prometeu e cumpriu.
Leia: O Pagador de Promessas. Bertrand Brasil.
Também disponível (em partes) em: http://books.google.com.br/books?id=qGhpiDn4QFMC&printsec=frontcover&dq=o+pagador+de+promessas&hl=pt-BR&ei=mW5UTYPXE4H_8AaGopmYCQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CDAQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false
Um abraço,
Prof.Gilberto

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