quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O Pagador de Promessas, de Dias Gomes - Parte III

Talvez seja interessante você acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/02/o-pagador-de-promessas-de-dias-gomes_10.html antes de ler esta postagem:

Um fotógrafo e um jornalista também chegam ao palco dos acontecimentos. Todos querem faturar com o sofrimento de Zé do Burro... O jornalista quer que Zé do Burro permaneça na praça por uns três dias... Diz que o tornará famoso em todo o país. Ele distorce as palavras do simplório. O penitente é ao mesmo tempo tratado como alguém que quer se passar por Cristo, e por um revolucionário defensor da Reforma Agrária, um candidato a alto posto político... A concentração de pessoas na praça pode render a estima dos patrocinadores da Gazeta local. Retratos são tirados e o pessoal se assanha para aparecer na mídia. Zé não quer nada daquilo, pretende apenas colocar sua cruz na igreja e retornar à sua roça. Minha Tia tem pena dele e propõe levá-lo a um terreiro em festa em honra de Iansã... Mas ele recusa também essa proposta e diz que não está fazendo nada demais, que é católico, mas pessoas não o compreendem ou não querem entendê-lo. E o Bonitão? Ele está convencido de que pode tirar Rosa do convívio de marido, então, flerta com a mulher. Outra que reaparece ao final do Primeiro Quadro do Segundo Ato é Marli. Dessa vez ela chega ofendendo o Bonitão e a mulher que, ao que tudo indica, passou o resto da noite com ele... Dessa vez o Zé do Burro percebeu que sua estadia ali era mais dramática do que pensava.

Personagem importante é o Mestre Coca. Capoeirista dos bons, lidera um bom número de capoeiras. Ele é outro que fica indignado com a situação de Zé do Burro e concorda com este ao afirmar que fazer promessa e cumpri-la não é crime. Ao saber das notícias que circulavam, o Mestre percebe que estão tramando alguma coisa contra o pobre coitado. O mestre se mostra disposto a também desafiar o padre.

O Bonitão entra em conluio com o Secreta, que é um agente policial. Ele convenceu-o de que Zé do Burro é um tipo perigoso, desses que são capazes de liderar bandos de sem-terra para tumultuar a ordem local. Sabemos os reais interesses do Bonitão. A complicação com a Igreja fica insustentável quando o Monsenhor chega à localidade para negociar com Zé do Burro a alteração da promessa. Na verdade as autoridades mais confundem do que esclarecem. Zé rejeita, pois em seu entendimento nada fez que ofendesse à Santa Bárbara, à Igreja ou a Deus. O padre toma o episódio como demonstração da tolerância católica, ao mesmo tempo procura estigmatizar em Zé do Burro a “ferida” de pecador que insiste em permanecer no erro.

Depois da saída dos religiosos, Mestre Coca alerta Zé do Burro sobre o bando que estão armando contra ele. A própria Rosa vinha insistindo, demonstrando muito arrependimento, que deviam partir imediatamente dali. Mas é tarde demais... Chega o Secreta, que traz consigo o Delegado e seus policiais. O doutor exige documentos, que Zé do Burro deixe a praça e o acompanhe até o Distrito. O peregrino não tem documentos. Padre Olavo ganha ainda mais confiança e dirige outro sermão violento contra o “pecador”. Palavras de indignação proferidas pelo Zé ao repórter tomam a dimensão de “ameaças de terrorista”. O Delegado demonstra que não aceita desacato. O mestre Coca intervém em defesa do penitente... Mas o conflito torna-se inevitável, pois os praças se atiram sobre Zé do Burro e os capoeiras tentam protegê-lo... Ouve-se um tiro... Zé do Burro morre. Os capoeiras o colocam sobre o madeiro que de tão longe foi trazido e adentram a Igreja de Santa Bárbara. Trovões e relâmpagos são ouvidos e vistos. Só Santa Bárbara (ou Iansã) pode rogar por todos... Tudo está consumado.

Leia: O Pagador de Promessas. Bertrand Brasil.

Um abraço,

Prof.Gilberto

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