Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/10/1984-de-george-orwell-conteudo-do.html?zx=5532feac7dc37ca4 antes
de ler esta postagem:
Winston continuou a leitura do “livro proibido”
composto por longos textos que explicavam “a guerra moderna”. Evidentemente as
referências de Orwell eram as do pós-segunda guerra e o terrível panorama de
Guerra Fria tristemente marcada pela corrida armamentista.
(...)
Na sequência o livro evidenciava
questões referentes à sociedade industrial e os problemas que ela passou a vivenciar
após o final da década de 1940, “quando ocorreram guerras atômicas”.
O “texto de Goldstein” dava conta de que desde o início da segunda fase
da Revolução Industrial as sociedades tiveram de enfrentar o problema do
excedente produzido... O autor esclarecia que seus leitores não podiam ter uma
exata dimensão da questão porque conheciam apenas a realidade em que a maioria
levava uma existência marcada pela escassez. Salientava que bem poucos
privilegiados tinham mais do que necessitavam e que se não fosse a “intervenção
do processo destruidor artificial” as condições de bem-estar certamente
chegariam a todos.
O caso é que os resultados
de séculos de exploração industrial e de contínuas guerras tornaram o planeta
“faminto e dilapidado”, algo não imaginado pelos empreendedores dos anos
anteriores a primeira grande guerra... Uma verdadeira catástrofe quando
comparado ao futuro que se imaginava por aquele tempo em que se experimentavam grandes
realizações possibilitadas pela indústria. Pelo menos entre os escolarizados
acreditava-se que o mundo vindouro conheceria uma sociedade “incrivelmente
rica, repousada, ordeira e eficiente”.
A vida se tornara mais
fácil e confortável. Comunicação, transportes e entretenimentos foram
contemplados com inventos impulsionados pela tecnologia e ciência... Muitos
acreditaram que o desenvolvimento e os benefícios que dele resultavam seriam
contínuos, todavia não foi isso o que se observou. Guerras e sedições populares
provocaram empobrecimento, e a isso devia se acrescentar o declínio do
empirismo e do espírito inventivo que não resistiram ao tipo de sociedade
regimentada que emergiu da crise.
(...)
A conclusão era a de que o
mundo piorara, tendo se tornado mais primitivo do que no início do século. A
guerra atômica “que ocorrera durante a década de 1950” havia deixado estragos
de reparação complexa. Apesar de certas regiões terem passado por melhorias,
sobretudo devido aos investimentos relacionados ao belicismo e “à espionagem
policial”, a ciência sofreu franca decadência e já não realizava experimentos e
invenções.
A contradição em relação à
maquinaria permaneceu. Desde os primórdios, todos perceberam que as máquinas
substituiriam o trabalho braçal... E isso possibilitaria eliminar as
desigualdades, já que elas podiam mesmo ser utilizadas para este fim. Ninguém
mais seria submetido longas jornadas de trabalho e, desse modo o analfabetismo
seria erradicado em alguns anos... O saneamento básico chegaria a todos e isso
contribuiria para eliminar diversas doenças. Mas o que se viu foi um panorama
bem diferente, já que os poderosos não tiveram como impedir que parte da
riqueza produzida chegasse à gente comum e, com a “elevação do padrão de vida”
entre o final do século XIX e início do XX, o tipo de sociedade hierárquica que
os mantinha no topo sofreu uma considerável ameaça.
O raciocínio era de que a
industrialização poderia promover certa “generalização da riqueza”, ou pelo
menos o gosto por ela, e isso provocaria o fim das distinções sociais... O
argumento apresentado pelo “livro proibido” era o de que a nova realidade seria
a de trabalhos menos árduos, abundância de alimentos e de habitações decentes,
com utensílios variados e bens duráveis que facilitariam mais a vida.
(...)
A distribuição da riqueza gerada pela industrialização permitiria que o
poder de decisões ficasse nas mãos de alguns poucos. Esses formariam uma “casta
privilegiada”, mas não por muito tempo. É que a melhoria das condições da
maioria colocaria fim à consciência ingênua típica da vida miserável e, a partir
do embasamento crítico proporcionado pelo aprendizado, a gente comum passaria a
“pensar por si”, entenderia que a “minoria privilegiada” não tem qualquer
função e “acabaria com ela”.
O texto insistia que a sociedade fundamentada na hierarquia e nas distinções
só era possível graças à manutenção da pobreza da maioria mantida na
ignorância. Ressaltava que alguns teóricos humanistas de inícios do século XX
escreveram sobre o “regresso ao passado agrícola” como ideal de vida para que
as sociedades se tornassem menos injustas e mais igualitárias... Todavia o
“livro proibido” sentenciava que tal retorno não se configurava “solução
praticável”, já que a “tendência para a mecanização”, algo quase que instintivo
dos grupamentos humanos, certamente prevaleceria por fim. Acrescentava ainda que
os países que não se industrializassem permaneceriam indefesos e fatalmente
seriam invadidos por potências econômicas e militares.
Uma deliberada restrição à indústria não podia
mesmo ser considerada benéfica, pois populações inteiras seriam atiradas à
miséria. O texto ensinava que este processo se verificou “mais ou menos entre
1920 e 1940”, momento em que “o capitalismo passava por sua fase derradeira”.
(...)
Essa
última citação só pode ser uma referência ao período da “Grande Depressão” que
abalou o capitalismo, sobretudo a partir da “Quebra da Bolsa de Nova York” em
1929.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/10/1984-de-george-orwell-ainda-leitura-do_12.html
Leia: “1984”. Companhia Editora Nacional.
Um
abraço,
Prof.Gilberto