Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/10/1984-de-george-orwell-de-livros.html antes
de ler esta postagem:
De acordo com o “livro proibido”, enquanto a
“classe alta” sempre defendeu a hierarquia como condição primordial da
organização social, a “classe baixa” foi mantida em sua condição miserável, de
labuta constante e na ilusão de que seria recompensada no “além-túmulo” por sua
subserviência pacífica.
Em nenhum momento a
“classe média” deixou de almejar a condição de superioridade. Em seus
históricos movimentos propagou ideais de “liberdade, justiça e fraternidade”.
Neste ponto percebe-se a referência aos movimentos liderados pela burguesia e
mais notadamente à Revolução Francesa. Essa e outras revoluções, embora
contrárias a tiranias, resultaram na imposição de outras.
(...)
Desde
o início do século XX surgiram muitas variantes do Socialismo... O livro
destacava que conforme o tempo passou, “liberdade e igualdade” que eram
prerrogativas do modelo deixaram de ser prioritárias e praticamente foram
abandonadas pelos ideólogos. Já na metade do século, o mundo assistiu aos
movimentos que tinham intenção deliberada de “perpetuar a desliberdade e a
desigualdade”. IngSoc da Oceania, Neobolchevismo da Eurásia e “Adoração da
Morte” da Lestásia surgiram desses movimentos.
Como não podia deixar
de ser, as três filosofias e suas respectivas ideologias conservaram
denominações e fundamentos de movimentos mais antigos, todavia
caracterizaram-se pela intenção de “deter o progresso e congelar a história num
dado momento”. Assim, pretenderam paralisar o ciclo de confronto das classes e
manter a estrutura de poder sem qualquer ameaça... A partir de então a “classe
alta” passou a manter sua posição de modo permanente.
(...)
Os
teóricos das “novas doutrinas” inspiraram-se no conhecimento histórico e
aprofundaram a ideia de “sentido histórico”, tornando o movimento cíclico
inteligível... Em comparação com os estudos desenvolvidos no século anterior,
isso representou uma conquista imensurável já que possibilitou a introdução dos
mecanismos de “alteração do passado”.
Mais que isso, no início
do século XX ninguém podia chamar de absurdas as ponderações a respeito da
possibilidade de “igualdade humana”, já que isso era “tecnicamente possível”.
Obviamente as questões relativas às aptidões e talentos natos permanecem e
favorecem determinadas especializações que acabam beneficiando os que os detém,
mas já não se podia dizer que as distinções de classe e as fortunas destoantes tivessem
“razão de ser” ou que fossem necessárias como no passado.
(...)
De fato, em tempos passados
houve quem defendesse as distinções sociais, algo que diziam ser necessário e
até desejável... Dizia-se que “a civilização resulta em desigualdades”. O caso
é que, com a mecanização das produções, essa premissa passou a ser questionada
e refutada.
Ainda que os diferentes ofícios e ocupações exijam competências específicas,
a sociedade industrial não impediu que os agentes de produção e profissionais
das mais diversas áreas vivessem o mesmo nível social e econômico. Os grupos que
ambicionavam chegar ao poder, não viam a questão da igualdade como
primordial... bem ao contrário, passaram a entendê-la como “um perigo que tinha
de ser evitado”.
Em épocas mais antigas, quando não se vislumbrava o advento da “sociedade
justa e pacífica”, a questão da igualdade era constantemente debatida e
tornou-se uma das principais causas dos movimentos sociais... Eram tempos em
que se acreditava que os grupos humanos pudessem viver com base nas relações “de
fraternidade, sem leis nem trabalho brutal”. Essa idealização empolgou a muitos
durante centenas de anos.
(...)
O “livro proibido” prosseguia na análise a
respeito dos ideais dos teóricos das sociedades e a defesa da liberdade, igualdade
e harmonia. As revoluções inglesa, norte-americana e francesa foram
impulsionadas por tais ideais e a reorganização das sociedades passou pelas
sugestões de vasta bibliografia, assim, estabeleceram-se legislações que
favoreceram novas condutas “dentro de limites especificados”.
No
momento mesmo em que as idealizações a respeito de sociedades perfeitas
pareciam se concretizar, teóricos da ciência política e outros pensadores desenvolveram
críticas ferrenhas às que haviam sido fundadas nos movimentos de final do
século XVIII... A partir dos anos 1930 e inícios da década de 1940 surgiram
correntes que faziam escancarada defesa de modelos baseados na hierarquização e no autoritarismo.
Leia: “1984”. Companhia Editora Nacional.
Um
abraço,
Prof.Gilberto