segunda-feira, 25 de outubro de 2021

“1984”, de George Orwell - ideais de liberdade, igualdade e de sociedade fraterna inspiraram revoluções e embasaram legislações; advento da mecanização e possibilidades de organizações sociais igualitárias; as teorias socialistas passaram por muitas variações até o advento das filosofias totalitárias de Oceania, Lestásia e Eurásia; estagnação do progresso, congelamento da História e alteração do passado; sugerindo a retomada da hierarquização e autoritarismo, interrompendo o avanço do igualitarismo

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/10/1984-de-george-orwell-de-livros.html antes de ler esta postagem:

De acordo com o “livro proibido”, enquanto a “classe alta” sempre defendeu a hierarquia como condição primordial da organização social, a “classe baixa” foi mantida em sua condição miserável, de labuta constante e na ilusão de que seria recompensada no “além-túmulo” por sua subserviência pacífica.
Em nenhum momento a “classe média” deixou de almejar a condição de superioridade. Em seus históricos movimentos propagou ideais de “liberdade, justiça e fraternidade”. Neste ponto percebe-se a referência aos movimentos liderados pela burguesia e mais notadamente à Revolução Francesa. Essa e outras revoluções, embora contrárias a tiranias, resultaram na imposição de outras.
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Na sequência, o texto fazia referências ao Socialismo, sobre sua sistematização durante o século XIX, influências nos ideais rebeldes da antiguidade e vertentes relacionadas a utopias.
Desde o início do século XX surgiram muitas variantes do Socialismo... O livro destacava que conforme o tempo passou, “liberdade e igualdade” que eram prerrogativas do modelo deixaram de ser prioritárias e praticamente foram abandonadas pelos ideólogos. Já na metade do século, o mundo assistiu aos movimentos que tinham intenção deliberada de “perpetuar a desliberdade e a desigualdade”. IngSoc da Oceania, Neobolchevismo da Eurásia e “Adoração da Morte” da Lestásia surgiram desses movimentos.
Como não podia deixar de ser, as três filosofias e suas respectivas ideologias conservaram denominações e fundamentos de movimentos mais antigos, todavia caracterizaram-se pela intenção de “deter o progresso e congelar a história num dado momento”. Assim, pretenderam paralisar o ciclo de confronto das classes e manter a estrutura de poder sem qualquer ameaça... A partir de então a “classe alta” passou a manter sua posição de modo permanente.
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Os teóricos das “novas doutrinas” inspiraram-se no conhecimento histórico e aprofundaram a ideia de “sentido histórico”, tornando o movimento cíclico inteligível... Em comparação com os estudos desenvolvidos no século anterior, isso representou uma conquista imensurável já que possibilitou a introdução dos mecanismos de “alteração do passado”.
Mais que isso, no início do século XX ninguém podia chamar de absurdas as ponderações a respeito da possibilidade de “igualdade humana”, já que isso era “tecnicamente possível”. Obviamente as questões relativas às aptidões e talentos natos permanecem e favorecem determinadas especializações que acabam beneficiando os que os detém, mas já não se podia dizer que as distinções de classe e as fortunas destoantes tivessem “razão de ser” ou que fossem necessárias como no passado.
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De fato, em tempos passados houve quem defendesse as distinções sociais, algo que diziam ser necessário e até desejável... Dizia-se que “a civilização resulta em desigualdades”. O caso é que, com a mecanização das produções, essa premissa passou a ser questionada e refutada.
Ainda que os diferentes ofícios e ocupações exijam competências específicas, a sociedade industrial não impediu que os agentes de produção e profissionais das mais diversas áreas vivessem o mesmo nível social e econômico. Os grupos que ambicionavam chegar ao poder, não viam a questão da igualdade como primordial... bem ao contrário, passaram a entendê-la como “um perigo que tinha de ser evitado”.
Em épocas mais antigas, quando não se vislumbrava o advento da “sociedade justa e pacífica”, a questão da igualdade era constantemente debatida e tornou-se uma das principais causas dos movimentos sociais... Eram tempos em que se acreditava que os grupos humanos pudessem viver com base nas relações “de fraternidade, sem leis nem trabalho brutal”. Essa idealização empolgou a muitos durante centenas de anos.
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O “livro proibido” prosseguia na análise a respeito dos ideais dos teóricos das sociedades e a defesa da liberdade, igualdade e harmonia. As revoluções inglesa, norte-americana e francesa foram impulsionadas por tais ideais e a reorganização das sociedades passou pelas sugestões de vasta bibliografia, assim, estabeleceram-se legislações que favoreceram novas condutas “dentro de limites especificados”.
No momento mesmo em que as idealizações a respeito de sociedades perfeitas pareciam se concretizar, teóricos da ciência política e outros pensadores desenvolveram críticas ferrenhas às que haviam sido fundadas nos movimentos de final do século XVIII... A partir dos anos 1930 e inícios da década de 1940 surgiram correntes que faziam escancarada defesa de modelos baseados na hierarquização e no autoritarismo.
Leia: “1984”. Companhia Editora Nacional.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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