quarta-feira, 27 de outubro de 2021

“1984”, de George Orwell - IngSoc e aparelhos repressivos de Lestásia e Eurásia surgiam do caos que se abateu sobre as sociedades a partir da década de 1930 e das guerras subsequentes; televisão e outros equipamentos utilizados para manipular e vigiar consciências; Orwell só podia conjecturar sobre um futuro incerto; dos quadros que chegaram ao topo da sociedade a partir do estabelecimento dos “novos donos do poder” e seu modo de agir

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/10/1984-de-george-orwell-ideais-de.html antes de ler esta postagem:

Na sequência, o texto apresentava as atrocidades praticadas por regimes que se beneficiaram da movimentação em torno das ideias que defendiam o retorno da hierarquização e autoritarismos às organizações sociais.
Durante a década de 1930 ocorreram prisões arbitrárias, punições sem qualquer julgamento e a utilização de prisioneiros em campos de trabalho escravo. Além da tortura utilizada como método para obter confissões e “provas” contra inimigos políticos, a repressão promovia a execução pública dos condenados. Tornaram-se comuns a utilização de reféns pela polícia política e a deportação de segmentos da população. Tudo isso com o aval de setores tidos como “esclarecidos”.
A política expansionista dos países totalitaristas levou-os a confrontos com outros... Por toda parte seguiram-se “guerras civis, revoluções e contrarrevoluções”, ao final do longo período de derramamento de sangue o mundo assistiu ao surgimento do IngSoc e seus rivais que se impuseram como “teorias políticas completas”.
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O “livro proibido” deixava claro que os novos governos tinham sido antecipados por modelos ditatoriais e totalitaristas e que eles já sinalizavam a conjuntura marcada por estados em permanente beligerância.
A rigor já se podia prever que “burocratas, cientistas, técnicos, organizadores sindicais, peritos em publicidade, sociólogos, professores, jornalistas e políticos profissionais” tomariam posição de destaque nas sociedades emergentes. Em síntese, tratava-se de uma gente que pertencia à “classe média” que vivia de salários ou aos quadros mais elevados do operariado e havia sido formada pela estrutura marcada pela esterilidade da “indústria monopolista e do governo centralizado”.
Em comparação com os que ocupavam posições de poder no passado, pode-se dizer que os que assumiram a vanguarda administrativa eram menos dados a ostentações, estavam mais interessados pelo poder e não escondiam seu ódio pelos opositores, a quem pretendiam esmagar.
O modo de ser dos dirigentes assombraria as tiranias do passado, que eram vistas por eles como “frouxas e ineficientes”. Para o texto, os poderosos governantes de outrora não conseguiam se livrar das tendências liberais e acabavam permitindo aos súditos certa autonomia de raciocínio e crítica... Até mesmo os inquisidores da Igreja Católica do período medieval podiam ser considerados tolerantes se comparados com a classe dirigente que começava a chegar ao poder em meados da década de 1940.
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Ainda a respeito da menor eficácia dos tiranos do passado em exercer controle pleno sobre os governados, o conteúdo dava conta de que eles não possuíam os mecanismos que passaram a existir e que vinham sendo muito bem utilizados pelos novos poderosos...
Entre os instrumentos que favoreceram a maior manipulação da opinião pública, destacavam-se a imprensa, o cinema e o rádio. Mas nenhum deles superava a televisão com tecnologia transmissora e receptora... A instalação desse equipamento nos lares, departamentos de governo e ambientes de grande circulação tornou impossível a privacidade da vida particular.
Desse patrulhamento resultava que o governo conseguia manter sob rígida vigilância, e em tempo integral, todo cidadão que pudesse representar algum perigo para o sistema. Fortes aparelhos de propaganda e de repressão policial atuavam de modo a impedir que se formassem grupos rebeldes e cuidavam de coletar o máximo de informações a respeito de movimentações sediciosas.
Desse estado de coisas conclui-se que os governos estabelecidos na Oceania, Lestásia e Eurásia passaram a ter plenas condições de manter suas populações na mais completa submissão, e de estabelecer uma única forma de pensar.
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Como podemos notar, o conteúdo do “livro proibido” que Winston estava lendo se fundamentava nos movimentos sociais históricos desde a antiguidade, passando pelas revoluções burguesas dos séculos XVII e XVIII, até as guerras mundiais do século passado...
Orwell faleceu no início de 1950... Obviamente ele refletiu sobre o desencadear da Segunda Guerra Mundial, as aberrações cometidas pelos fascistas, o início da Guerra Fria e o desencanto com o Stalinismo... Como não podia deixar de ser, o cenário geopolítico e os mecanismos de poder a partir dos anos 1950 “contido no livro proibido” se baseia em suas conjecturas.
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O texto prosseguia tratando do período entre 1950 e 1970, quando ocorreram uma série de revoluções que alteraram a configuração social e fundaram a base da estrutura tirânica do IngSoc...
Logicamente a sociedade continuou a apresentar os estratos de sempre, as classes “alta, média e baixa”. Mas os que apareceram no topo, diferentemente dos privilegiados do passado, sabiam bem o que precisavam para se manterem no comando e abandonaram por completo toda e qualquer resolução que resultasse de impulsos instintivos.
Leia: “1984”. Companhia Editora Nacional.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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