Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/10/1984-de-george-orwell-ideais-de.html antes
de ler esta postagem:
Na sequência, o texto apresentava as atrocidades
praticadas por regimes que se beneficiaram da movimentação em torno das ideias
que defendiam o retorno da hierarquização e autoritarismos às organizações
sociais.
Durante a década de
1930 ocorreram prisões arbitrárias, punições sem qualquer julgamento e a
utilização de prisioneiros em campos de trabalho escravo. Além da tortura
utilizada como método para obter confissões e “provas” contra inimigos
políticos, a repressão promovia a execução pública dos condenados. Tornaram-se
comuns a utilização de reféns pela polícia política e a deportação de segmentos
da população. Tudo isso com o aval de setores tidos como “esclarecidos”.
A política expansionista dos países totalitaristas levou-os a confrontos
com outros... Por toda parte seguiram-se “guerras civis, revoluções e
contrarrevoluções”, ao final do longo período de derramamento de sangue o mundo
assistiu ao surgimento do IngSoc e seus rivais que se impuseram como “teorias
políticas completas”.
(...)
O
“livro proibido” deixava claro que os novos governos tinham sido antecipados
por modelos ditatoriais e totalitaristas e que eles já sinalizavam a conjuntura
marcada por estados em permanente beligerância.
A rigor já se podia
prever que “burocratas, cientistas, técnicos, organizadores sindicais, peritos
em publicidade, sociólogos, professores, jornalistas e políticos profissionais”
tomariam posição de destaque nas sociedades emergentes. Em síntese, tratava-se
de uma gente que pertencia à “classe média” que vivia de salários ou aos
quadros mais elevados do operariado e havia sido formada pela estrutura marcada
pela esterilidade da “indústria monopolista e do governo centralizado”.
Em
comparação com os que ocupavam posições de poder no passado, pode-se dizer que
os que assumiram a vanguarda administrativa eram menos dados a ostentações,
estavam mais interessados pelo poder e não escondiam seu ódio pelos opositores,
a quem pretendiam esmagar.
O modo de ser dos
dirigentes assombraria as tiranias do passado, que eram vistas por eles como
“frouxas e ineficientes”. Para o texto, os poderosos governantes de outrora não
conseguiam se livrar das tendências liberais e acabavam permitindo aos súditos
certa autonomia de raciocínio e crítica... Até mesmo os inquisidores da Igreja
Católica do período medieval podiam ser considerados tolerantes se comparados
com a classe dirigente que começava a chegar ao poder em meados da década de
1940.
(...)
Ainda a respeito da
menor eficácia dos tiranos do passado em exercer controle pleno sobre os
governados, o conteúdo dava conta de que eles não possuíam os mecanismos que
passaram a existir e que vinham sendo muito bem utilizados pelos novos
poderosos...
Entre os instrumentos que favoreceram a maior manipulação da opinião
pública, destacavam-se a imprensa, o cinema e o rádio. Mas nenhum deles
superava a televisão com tecnologia transmissora e receptora... A instalação
desse equipamento nos lares, departamentos de governo e ambientes de grande
circulação tornou impossível a privacidade da vida particular.
Desse patrulhamento resultava que o governo conseguia manter sob rígida vigilância,
e em tempo integral, todo cidadão que pudesse representar algum perigo para o
sistema. Fortes aparelhos de propaganda e de repressão policial atuavam de modo
a impedir que se formassem grupos rebeldes e cuidavam de coletar o máximo de
informações a respeito de movimentações sediciosas.
Desse estado de coisas conclui-se que os
governos estabelecidos na Oceania, Lestásia e Eurásia passaram a ter plenas
condições de manter suas populações na mais completa submissão, e de
estabelecer uma única forma de pensar.
(...)
Como podemos notar, o
conteúdo do “livro proibido” que Winston estava lendo se fundamentava nos
movimentos sociais históricos desde a antiguidade, passando pelas revoluções
burguesas dos séculos XVII e XVIII, até as guerras mundiais do século passado...
Orwell faleceu no início de 1950... Obviamente ele refletiu sobre o
desencadear da Segunda Guerra Mundial, as aberrações cometidas pelos fascistas,
o início da Guerra Fria e o desencanto com o Stalinismo... Como não podia
deixar de ser, o cenário geopolítico e os mecanismos de poder a partir dos anos
1950 “contido no livro proibido” se baseia em suas conjecturas.
(...)
O
texto prosseguia tratando do período entre 1950 e 1970, quando ocorreram uma
série de revoluções que alteraram a configuração social e fundaram a base da
estrutura tirânica do IngSoc...
Logicamente
a sociedade continuou a apresentar os estratos de sempre, as classes “alta,
média e baixa”. Mas os que apareceram no topo, diferentemente dos privilegiados
do passado, sabiam bem o que precisavam para se manterem no comando e
abandonaram por completo toda e qualquer resolução que resultasse de impulsos instintivos.
Leia: “1984”. Companhia Editora Nacional.
Um
abraço,
Prof.Gilberto