O eclipse... O vermelho sol...
Não é possível que as investigações conduzidas por Sinclair cheguem a prejudicar o conceituado doutor Cláudio. Quem poderia pensar o contrário?
Aliás, os que sempre estiveram no controle parecem se sentir mais à vontade para manter sua condição conforme a sociedade segue “eclipsada”.
Sempre há alguém que conhecia um ou outro que militava num sindicato ou demais movimentos sociais... Os que poderiam incomodar estão desaparecendo cada vez em maior número! Logo os boatos sobre corpos largados pelo deserto chegam aos ouvidos de todos.
Homens de bem como o doutor Cláudio não têm motivos para se preocupar... Seu ofício o torna conhecedor das leis que legitimam o Estado de Direito, mas de sua boca não sai nenhum comentário a respeito dos desaparecimentos políticos.
(...)
Todavia devemos considerar que em seu íntimo o doutor
sabia que as coisas não estavam tão bem... Havia o Sinclair que pretendia
conversar...
E
não é só isso. A realidade provinciana não estava de modo algum apartada do conflito
político que agitava o país. Quem poderia dizer que o estranho do restaurante
da fatídica noite fosse um jovem parente da Mabel envolvido no contexto de
resistência?
Certo
dia, após a costumeira partida de tênis no clube, enquanto se trocavam no
vestiário, os sócios se assustaram com o disparo acidental do rifle sempre bem
cuidado pelo tipo que se colocava a um canto... O susto levou o doutor Cláudio
a conferir se algo de mais grave havia ocorrido... O homem o sossegou, estava
tudo bem.
Mas por que será que aquele tipo era tão zeloso no trato
daquela arma? Talvez ele a mantivesse sempre em ordem porque esperava ter de
utilizá-la a qualquer momento... Contra quem?
(...)
Mas não é que vemos novamente em cena o pobre homem que
havia contratado os serviços do doutor Cláudio para defendê-lo no interminável
processo de indenização trabalhista?
O vemos a assinar uns papéis no escritório de Cláudio...
Há um outro tipo ao seu lado... O pobre homem recebe um envelope e na sequência
cumprimenta o doutor. Não podemos nos enganar. O que ocorreu ali nada tem a ver
com a indenização! Na verdade, o advogado deu um jeito de envolver o cliente
desesperado no negócio da fraudulenta aquisição da casa pelo Vivas. O pobre homem
entrou como “laranja” e recebeu uma quantia em dinheiro que lhe vinha em boa
hora.
Evidentemente
se algum dia o caso fosse descoberto, o pobre homem é que seria acusado como fraudador.
(...)
Gostava da filha do doutor e o relacionamento era
promissor. Mas o rapaz andava frustrado com o relacionamento travado... E tudo
piorou depois que, mesmo à distância, passou a entender que os ensaios do balé proporcionavam
um envolvimento de Paula com outro jovem.
Santiago
estava disposto a descobrir o que havia de verdade em suas suspeitas... E numa
noite em que curtia com os amigos passeando de carro pela cidade teve a
oportunidade ideal. Ouviam música, certamente haviam bebido e passavam o tempo
provocando as garotas do caminho.
Ele notou que um tipo que fazia parte do círculo de
amizade do parceiro de balé da Paula estava caminhando sozinho pela calçada... Então
pediu para o que estava dirigindo o carro encostar. De dentro do veículo fez as
perguntas sobre o relacionamento de Paula com o bailarino, quis saber se ela
transava com o rapaz.
O
tipo amigo do bailarino mostrou-se irritado, já que por mais de uma vez a
inquirição foi feita... Disse que não sabia e que era melhor Santiago perguntar,
ele mesmo, ao outro. Onde já se viu, um namorado playboy desconfiando que a
parceira transava com outro e ainda saía por aí expondo o caso?
Santiago
dispensou o tipo... Mas o caso não se encerrou assim. É que mais à frente, o
jovem que dirigia o carro resolveu manobrar o veículo e voltar até onde haviam
deixado o amigo do bailarino. Ele orientou o Santiago a pedir-lhe desculpas e a
oferecer-lhe uma carona.
As intenções do rapaz não eram nada boas... Para ele, o
tipo tinha sido abusado. Como ousara falar daquela maneira com o Santiago? O
tipo não passava de um pobretão! Eles pertenciam a outra classe e estavam em
quatro no carro!
No final da cena vemos os moços conseguindo convencer o
rapaz... Eles se sentem no direito de abatê-lo...
A sociedade segue “eclipsada”.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2019/09/filme-vermelho-sol-um-final-sinclair.html
Indicação (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto