sexta-feira, 19 de julho de 2019

“Os Direitos Humanos”, de Ari Herculano de Souza – sobre o recorte de “Isto É” de 20 de fevereiro de 1985 para uma reflexão sobre o décimo primeiro “direito básico” dos seres humanos: “Direito de Associação e Reunião”; o atentado a um líder de trabalhadores rurais em Guariba; a história se repete

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2019/07/os-direitos-humanos-de-ari-herculano-de_19.html antes de ler esta postagem:

O recorte de “Isto É” de 20 de fevereiro de 1985 selecionado para “Os Direitos Humanos” traz uma reportagem sobre atentado a um líder camponês do interior do estado de São Paulo, mais precisamente da cidade de Guariba, localizada há 360 quilômetros da capital e que naquela época contava 30 mil habitantes.
A liderança em questão era J. de F. Soares, então um jovem de 28 anos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas de Guariba e filiado à Central única dos Trabalhadores e ao Partido dos Trabalhadores.
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Soares se destacara na condução das greves de bóias-frias que agitaram a região e foram notícias nos principais jornais do país. A matéria registra que na tarde da semana anterior à publicação da revista, ele foi procurado no terreiro ao fundo do casebre onde vivia por dois tipos que se identificaram como policiais...
Evidentemente a situação provocou desconfiança e o rapaz tratou de exigir que os desconhecidos apresentassem suas credenciais. Como resposta, ouviu que o que os haviam enviado não exigiu documentos. Para mais intimidá-lo, sacaram revólveres que traziam escondidos por baixo das camisas.
O líder sindical acompanhou-os por alguns metros, mas depois tentou fugir... Enquanto corria tornou-se alvo de balaços disparados pelos tipos. Soares caiu atingido de raspão no pescoço. Os agressores trataram de fugir enquanto familiares e companheiros se mobilizaram em seu socorro. Os médicos do Hospital Regional da cidade constataram aliviados que o líder do movimento camponês não corria risco de morte.
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A partir do texto selecionado, o autor destaca que:

                   “Todo cidadão ou todo grupo social tem direito de formar e participar de associações de classe, de bairro, de defesa de seus interesses, bem como de reuniões livres dessas associações.
                   Assim, por exemplo, os trabalhadores têm o direito de criar e de participar de sindicatos livres; os moradores de um bairro têm o direito de fundar uma associação para discutir e reivindicar melhorias; os estudantes têm o direito de se associar em grêmios estudantis, a nível da escola, e em órgãos estudantis a nível nacional”.

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Como se vê, também em relação a este direito básico podemos notar o desrespeito e a afronta dos segmentos mais poderosos da sociedade contra a organização dos menos favorecidos na luta por melhores condições de vida. O autor destaca que governos ditatoriais impedem a organização do povo em associações e, eventualmente quando permitem, atuam de modo a dominá-las e manipulá-las. Assim, o povo não tem a menor chance de se manifestar com autonomia.
Há o direito de associação que pressupõe ainda os direitos de manifestações, greves, protestos e reivindicações diversas. Pelo menos assim deve ocorrer nas democracias.
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Infelizmente constata-se cada vez mais que também este “direito básico” vem sendo afrontado e anulado em nosso país tão marcado pelas desigualdades. Semanalmente ocorrem atentados contra integrantes de associações de trabalhadores (notadamente rurais) e suas manifestações. Muitos dos ataques resultam em assassinatos. Nota-se que muitos formadores de opinião passaram a demonizar os movimentos sociais e a grande imprensa os ignora ou os classifica como criminosos.
A título de registro, o site jornalistaslivres.org noticiou que no dia de ontem (18/julho/2019) ocorreu um “atropelamento proposital” numa manifestação pacífica de trabalhadores “sem-terra” em Valinhos. Um veículo em alta velocidade foi lançado pelo seu condutor contra os manifestantes e atingiu L. F. da Costa, de 72 anos, que faleceu logo após ser socorrido. Um jornalista da Rádio Noroeste que cobria o evento também foi atingido pelo veículo, “também foi ferido e encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento da região”.
Leia: Os Direitos Humanos. Editora Do Brasil.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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