sábado, 20 de julho de 2019

“Os Direitos Humanos”, de Ari Herculano de Souza – final da quarta parte; não podemos abandonar a luta em defesa dos Direitos Humanos; a nossa cômoda distância dos que mais sofrem violações; “Mas, continuo...”, poema de autor anônimo do Malawi

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2019/07/os-direitos-humanos-de-ari-herculano-de_20.html antes de ler esta postagem:

A defesa dos Direitos Humanos não se esgota.
As postagens anteriores mostraram que há muitas situações que impedem que eles se tornem realidade, e por isso milhares de nossos semelhantes estão sofrendo violações neste momento.
Trata-se de luta árdua, cujos avanços são quase imperceptíveis. Em contrapartida, os ataques aos direitos provocam o que há de mais bárbaro, estragos gigantescos e imediatos.
Infelizmente há quem defenda que os direitos não devem ser para todos.
Então podemos abandonar a defesa dos Direitos Humanos?
Isso seria o mesmo que concordar com políticas segregacionistas, de exclusão e extermínio! Seria o mesmo que abandonar os nossos vínculos com a humanidade para sermos coniventes com a barbárie.
(...)
Finalizando a quarta parte, que se propôs a discutir um pouco a respeito de tudo o que acaba ferindo os direitos humanos, Ari Herculano de Souza selecionou um poema de autor anônimo do Malawi.
O texto nos leva a refletir sobre até que ponto os debates a respeito das temáticas dos Direitos Humanos resultam em mudanças efetivas da realidade dos mais necessitados.
Acontece que as desenvolvidas sociedades ocidentais se comportam assim... Enxergam os desfavorecidos das sociedades mais pobres à distância e muitas vezes deixam de observar as injustiças que ocorrem em sua própria vizinhança... Ficam chocadas com as carências que se evidenciam e de diversos modos manifestam indignações sem sequer ouvir os necessitados.
Depois retornam aos seus cotidianos marcados pelo bem-estar e, ao darem as costas para os problemas humanitários, os tornam invisíveis... E esquecidos.

(...)

     Mas, continuo...
                                      Poeta anônimo do Malawi

         Eu tinha fome
         e vocês fundaram
         um clube humanitário
         para discutir a minha fome.
         Agradeço-lhes.

                   Eu estava na prisão
                  e vocês foram à igreja
                   rezar pela minha libertação.
                    Agradeço-lhes.

         Eu estava nu
         e vocês examinaram,
         seriamente,
         as consequências morais
         da minha nudez.
         Agradeço-lhes.

                   Eu estava doente
                   e vocês ajoelharam
                   e agradeceram a Deus
                   o dom da saúde.
                   Agradeço-lhes.

         Eu não tinha casa
         e vocês pregaram sobre
         o amor de Deus.
         Vocês pareciam tão piedosos,
         tão perto de Deus!

                   Mas eu continuo com fome
                   continuo só, nu, doente,
                   prisioneiro.
                   E tenho frio,
                   Sem casa.
                                      
Leia: Os Direitos Humanos. Editora Do Brasil.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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