terça-feira, 12 de julho de 2016

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – apenas uma carta enviada por Nadine; as belezas naturais de Amalfi contrastavam com o coração destroçado de Anne; a carta de Lewis relata a comemoração em torno de seu sucesso; nenhuma linha sobre o desejo de reencontro

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2016/07/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_12.html antes de ler esta postagem:

A funcionária abriu um envelope... Anne mostrou-lhe o passaporte.
Um rapaz dirigiu-se a um armário e retornou com um pacote... Após breve pesquisa, entregou-lhe uma correspondência.
A carta havia sido remetida por Nadine...
Uma beleza. O correio funciona.
Mas Anne não escondeu a sua decepção e disse ao moço que devia haver outra carta para ela. O tipo respondeu negativamente. Ela insistiu garantindo que tinha certeza de que havia mais um envelope.
O rapaz colocou o pacote sobre o balcão e sugeriu que ela mesma investigasse... Anne leu os nomes de uma série de destinatários... Todos se iniciavam pela letra “D”... De fato, se houvesse algo mais para ela, estaria ali. Porém nada foi encontrado.
Não satisfeita, pesquisou outros pacotes (de “A” a “Z”). Notou que várias cartas aguardavam por semanas sem que as reclamassem...
Mais uma vez não obteve sucesso em sua busca.
Anne se desesperou e pensou que algum erro pudesse ter sido cometido por um dos funcionários. Pediu para verificar outros compartimentos... Mas o rapaz disse que as remessas para estrangeiros foram verificadas por ela; as demais eram para residentes.
Solícito, o moço ainda fez uma pesquisa no compartimento dos residentes que iniciavam com a letra “D”... Nada foi encontrado.
(...)
O que se pode dizer a respeito do estado de espírito de Anne ao sair do correio?
No mínimo que era de total insegurança... Toda a sua animação anterior caiu por terra... Dúvidas tomaram conta de seus pensamentos.
Nenhuma carta de Lewis... Isso significava que ele nada escrevera?
Não era momento de telegrafar um “sem notícias, preocupada”... Nem era hora de chorar...
Talvez tivesse ocorrido um atraso ou erro de cálculo.
(...)
Mais tarde, enquanto jantava num florido terraço com Robert à beira mar, Anne experimentava péssimas sensações... Simplesmente não participava do momento, assim, era como se estivesse espiritualmente ausente.
Ao longe, os faróis dos barcos de pesca podiam ser avistados... A atmosfera era das melhores, e o cheiro das plantas tornava tudo muito agradável.
Robert falava sobre Nadine e seus frequentes encontros com Henri... Era como se estivesse num monólogo.
(...)
No dia seguinte Anne retornou ao correio...
Dessa feita encontrou carta de Lewis.
Ele escrevera de Nova Iorque. Mandava notícias sobre o sucesso de seu livro e sobre a grande festa em sua homenagem e em honra de sua produção textual... Encontrava-se com muita gente... Uma alegria só.
Ter recebido a carta era um sinal positivo. Todavia novas preocupações assombraram os pensamentos de Anne.
É que em nenhuma das linhas vislumbrou qualquer chamado... Além disso, as notícias davam margem à sua imaginação que insistia em vê-lo satisfeito ao frequentar as altas rodas e a dirigir sorrisos e palavras gentis a tipos entre os quais ela não se achava.
De repente, a questão que passou a incomodar foi sobre o que podia estar se passando no coração amado... Será que ainda pretendia reencontrá-la?
Não havia alternativa... Teria de fazer como no ano anterior... Teria de esperar.
Mas é claro que esperar tornara-se demasiada tortura.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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