terça-feira, 22 de setembro de 2015

“Estado de Sítio”, de Albert Camus – primeiro ato – Diogo seguiu em direção aos gemidos dos necessitados; o primeiro alcaide anuncia as restrições impostas pelo governador; as autoridades “maquilam” a realidade; Peste e a Secretária chegam à cidade

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/09/estado-de-sitio-de-albert-camus_21.html antes de ler esta postagem:

Gemidos vindos dos fundos atraíram Diogo... Ele se retirou do palco.
Ao que tudo indica, ele decidiu se dedicar aos adoecidos mais necessitados.
(...)
Vê-se que o povo faz movimentos repetitivos enquanto entoa coro com temática a respeito da situação do jovem casal:
Quem está errado? Quem está errado?
Sonha
Que tudo aqui embaixo é mentira.
Só há verdade na morte.
(...)
Na sequência, as luzes se voltam novamente para a igreja e o palácio do governador... Orações e recitação de salmos ecoam da igreja.
O primeiro alcaide apareceu na sacada do palácio para dirigir ao povo as ordens do governador... Seu pronunciamento fez referência à interdição a qualquer forma de reunião ou divertimento público... A proibição devia-se à situação de “desgraça comum”, de todos conhecida.
Ele interrompeu sua falação porque no meio do povo uma mulher começou a gritar que estavam escondendo um morto... Por que o escondiam? Ela reclamou que era preciso enterrá-lo, pois certamente ele espalharia a peste pelos ares.
Houve princípio de tumulto... Dois tipos arrastaram a mulher do ambiente... Era certo que as autoridades pretendiam esconder a calamidade.
O primeiro alcaide retomou seu pronunciamento dizendo que o governador queria que todos se tranquilizassem porque a cidade se livraria das infecções... O líder político garantia que, de acordo com os médicos, bastaria que o vento do mar soprasse para a situação se reverter...
“Se Deus ajudar, tudo terminará bem”.
(...)
Mas aconteceu que dois estampidos foram ouvidos... Depois ocorreram mais dois... O sino dos mortos soou... Silêncio.
(...)
Dois tipos diferentes aparecem na reunião a céu aberto: um homem corpulento trajando “uma espécie de uniforme” que ostenta condecorações, e uma mulher (também em uniforme) “com mangas e golas brancas”... Ela carrega um caderno... Os dois seguem até à frente do palácio do governador e o saúdam.
(...)
Estava na cara que aqueles estranhos não eram da região... O Governador foi logo querendo saber o que eles pretendiam. O tipo corpulento não pestanejou ao dizer que desejava tomar-lhe o lugar.
Evidentemente todos se espantaram. O Governador disse que o momento não era propício para aquele estranho modo de se intrometer... Aquela insolência poderia custar bem caro ao tipo... Todavia o líder político quis saber quem era aquele...
O corpulento sugeriu que adivinhassem... O primeiro alcaide respondeu que não tinha a menor ideia, mas podia supor como aquilo terminaria... O estrangeiro perguntou à sua secretária se seria necessário revelar a sua identidade àquelas pessoas.
A Secretária disse que era assim que procediam habitualmente, embora sempre procedessem “com mais diplomacia”. O tipo explicou que aqueles eram “homens insistentes”... A mulher concordou que eles deviam ter suas razões e (ademais) quem devia se curvar aos costumes locais eram eles, recém-chegados.
O problema estava em apresentarem-se sem a menor polidez ou “irem direto ao assunto” e, assim, criar confusão... A Secretária garantiu que a confusão seria preferível... Era uma questão de “dizer ou não dizer”... Ao revelarem-se àquelas pessoas, todos saberiam do que se tratava... No caso de omitirem sua identificação, era certo que alguém descobriria e causaria barulho em meio aos demais.
(...)
Em silêncio, o Governador ouviu aquele diálogo... Finalmente anunciou que precisava da informação para que pudesse “tomar as medidas”... Então, pela última vez, intimou o tipo a dizer quem era e o que pretendia.
O estrangeiro identificou-se como a Peste.
Leia: Estado de Sítio. Editora Abril.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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