quinta-feira, 10 de setembro de 2015

“Estado de Sítio”, de Albert Camus – o prólogo – um cometa risca o céu; os habitantes de Cádiz agitam-se e fazem previsões catastróficas; o oficial tem dificuldade para dispersar o povo; Nada, um tipo sarcástico; Diogo sugere equilíbrio emocional; o cometa risca o céu

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/09/estado-de-sitio-de-albert-camus-uma.html antes de ler esta postagem:

A peça tem uma abertura espetacular... Música... Escuridão... Algo como uma sirena de alerta invade o ouvido de todos...
Aos poucos a música silencia, mas “o tema de alerta permanece”. Sinos do relógio da torre soam anunciando que a madrugada avança: quatro horas.
Nota-se que há um zumbido que sinaliza a aproximação do cometa... Os “muros de uma velha fortificação espanhola” são iluminados pela luz do astro celeste.
Há personagens no palco. Eles se viram e apontam para o céu. Os tipos iniciam uma falação que lembra o resmungar dos espantados... Sussurram frases sobre o fim do mundo e a respeito do mal que o cometa traz consigo... Alguns sustentam que nada daquilo ocorrerá, e que “o mundo acaba, mas não a Espanha”.
O cometa se aproxima, sua forte luz ilumina toda a cidade... O zumbido se torna ameaçador. Tudo isso começa a se reverter depois que uma mulher solta um grito de horror...
Ela disparou em fuga. Os remanescentes prosseguiram com falas pouco compreensíveis...
Suas frases anunciam a guerra. Também há os que insistem que o cometa nada sinaliza... Alguns garantem que ele trará muito calor... Cádiz é uma cidade quente! Mas o cometa também pode ser um sinal de que alguma praga tomará conta do lugar...
Lamentos diversos são ouvidos. Alguém exige que se faça silêncio.
(...)
Entre os tipos há um oficial da Guarda Civil. Ele ordena que todos retornem às suas casas, pois já viram o suficiente... Garante que nada ocorrerá porque “Cádiz é sempre Cádiz”.
Apesar das advertências do oficial, várias pessoas insistem que a aparição do cometa é um aviso, um sinal... Alguém sugere que Deus pretende punir o lugar... Voltam a falar de guerra. Um tipo destoa dos demais e sentencia que a época não é mais de crendices e que todos já são suficientemente inteligentes e maduros para rejeitar as superstições... Outro qualquer discordou completamente, pois entendia que todos ali eram “burros como porcos”, e porcos são sangrados.
O oficial voltou a exigir que retornassem às suas casas... Não havia motivos para permanecerem ali, pois a “guerra é assunto dos militares”.
De repente, Nada (o tipo niilista, doentio e alcoólatra) se intrometeu e disse que o oficial não falava a verdade, já que os generais “morrem na cama” enquanto o povo é que fica com a “estocada” nos tempos de guerra.
Seu comentário chamou a atenção dos demais... Alguém quis saber se Nada podia explicar o significado do que havia acabado de se passar... O doente ponderou que ninguém ali apreciava as coisas que ele comumente dizia e que com frequência riam de suas palavras... Então sugeriu que perguntassem ao estudante que em breve seria formado doutor. De sua parte preferia “conversar com a garrafa”.
(...)
Diogo, que era o jovem ao qual Nada fizera referência, falou que pouco importava o que o maluco dissesse... Garantiu que todos deviam “conservar os corações firmes”, e isso bastava.
As pessoas se mostravam curiosas... Uma voz em meio ao aglomerado sugeriu que a Guarda Civil devia orientar a todos... O oficial protestou novamente e reafirmou que para a Guarda aquele ajuntamento não passava de uma perturbação da ordem pública.
Nada, que estava apartado do grupo, pronunciou que “a Guarda Civil tem sorte” por ter “ideias simples”.
Essas palavras não provocaram novos argumentos porque o zumbido que anunciava o cometa recomeçou de repente... As pessoas voltaram a manifestar suas inquietações...
Os sinos do relógio anunciaram cinco horas.
Leia: Estado de Sítio. Editora Abril.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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