segunda-feira, 21 de setembro de 2015

“Estado de Sítio”, de Albert Camus – primeiro ato – o governador e sua necessidade de manter os hábitos; os fiéis são levados a crer que depois de se arrependerem dos pecados estão livres dos temores (de todos?); o juiz Casado entende que sua piedosa família se livrará da epidemia se se mantiver trancada no casarão; Vitória ainda deseja Diogo; Diogo se sente confuso em relação ao seu amor e a piedade que nutre pelos doentes

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/09/estado-de-sitio-de-albert-camus_18.html antes de ler esta postagem:

É neste momento da peça que o Governador manifesta em seu palácio que tem esperança, pois acredita que tudo se arranjará... Apenas lamenta que devesse ir à caça (algo importante a se realizar)... O primeiro alcaide emendou que em nenhuma hipótese ele deveria faltar à atividade, pois a caçada demonstraria sua serenidade... Seria um bom exemplo a dar.
(...)
Na igreja teve prosseguimento a confissão coletiva... Os fiéis pediam perdão a Deus... Por tudo o que haviam feito e também pelo que jamais haviam feito.
O coro cantou que os arrependidos não teriam nada a temer... Terrores da noite, flechas que voam de dia, peste que caminha na sombra ou epidemia que se arrasta à luz do dia...
Uma voz à parte exclamou: Ó grande e terrível Deus!
(...)
Na casa da família de Vitória, o juiz Casado fazia leituras de salmos... Ele estava cercado pela família: O Senhor é meu refúgio e minha cidadela. Pois é Ele que me preserva da armadilha do passarinheiro. E da peste assassina.
A mulher do juiz gostaria que pudessem sair da casa... Mas Casado a repreendia afirmando que ela saíra demais durante a vida, e aquele comportamento não trouxera felicidade à família... Ela argumentou que Vitória ainda não retornara e que isso a afligia, pois a moça podia ser atingida pelo mal.
Casado respondeu que a esposa nunca receara por nenhum mal... Deviam permanecer em casa porque ele mesmo providenciou tudo para que não passassem necessidades... A casa permaneceria “tranquila no meio do flagelo”... Contariam com a benevolência de Deus, e nada sofreriam...
O homem recomendou que ela pensasse mais no filho e que mandasse buscar provisões para armazenar... Disse isso e retomou a leitura dos salmos.
(...)
E agora, o que vemos?
A luz dos holofotes evidencia a praça...
Vitória surge e chama por Diogo... Onde ele estaria?
Uma mulher responde que o rapaz se encontra entre os doentes, a quem procura prestar atendimento...
Vitória se dirige às pressas para um dos lados... Choca-se com o próprio Diogo... O rapaz traz no rosto a máscara dos médicos que atendem os infectados.
(...)
A moça soltou um grito de pavor... Diogo perguntou-lhe se ele causava tanto medo assim. Ela disse que ele devia retirar a máscara e abraçá-la... Se estivessem juntos, nenhum mal a acometeria... Fazia um bom tempo que o procurava por toda a parte, então quis saber se algo havia mudado entre os dois... Temia que o mal o houvesse atingido... A visão daquela máscara não era nada animadora...
Novamente Vitória pediu-lhe que tirasse a máscara e a abraçasse... Ele tirou a máscara, mas não a abraçou... Ela manifestou sede e insistiu que a beijasse. Não podia suportar o fato de há apenas um dia terem se comprometido, e de passar toda a noite querendo estar ao seu lado e ser por ele beijada...
Diogo explicou que sentia piedade... Vitória respondeu que também tinha esse sentimento, mas por eles mesmos... Mais uma vez ela falou sobre como esteve desesperada à sua procura.
Ela se aproximava cada vez mais de Diogo... Ele se afastou e pediu que ela não o tocasse...
Vitória quis saber os motivos... E ouviu do amado que ele mesmo já não se reconhecia... Jamais sentira medo que pudesse ser provocado por outro homem... Mas aquela situação era diferenciada... A honra não lhe bastava e, além disso, sentia-se como que abandonando a si mesmo...
(...)
A donzela parecia avançar sobre seus braços... Diogo a advertiu que nem sabia se já estava contaminado e, por isso, devia precavê-la.
Ao fundo podiam ser ouvidos gemidos... Diogo lamentou que também não sabia como ampará-los... Suas mãos tremiam de horror e seus olhos estavam cegos de piedade.
Vitória implorava que não a deixasse... Ele respondeu que tudo aquilo teria fim... A morte seria vencida...
Ela parecia não entender... Disse que estava viva! (não abdicava de seu amor).
Diogo respondeu que se sentia envergonhado porque, na verdade, sentia medo.
Leia: Estado de Sítio. Editora Abril.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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