A semana que seguiu foi de trabalho para as crianças. Mas elas conseguiram juntar dinheiro suficiente para que Isabelle pudesse comprar os remédios que Georges tanto precisava. Hugo percebeu que os relógios começavam a apresentar algumas diferenças nos horários... Sabia que logo eles parariam de vez. Notou que o inspetor da estação estava querendo falar com o desaparecido tio Claude, pois deixara um bilhete anexado ao seu cheque-salário... Preocupado, o menino esperava ao menos poder descobrir tudo sobre o autômato e as situações que acabaram envolvendo também o velho Georges, o cinema e Isabelle.

Depois de despertar, Hugo caminhou pela estação e conseguiu furtar uma garrafa de leite e alguns croissants... Retornou para o quarto e se alimentou... Aguardou o momento do encontro na casa de Georges Méliès.
Na hora combinada, Hugo seguiu para lá. Sua chegada coincidiu com as de Tabard e Etienne. Estava chovendo e Isabelle também aguardava ansiosa pelo encontro porque se antecipou a recebê-los. A primeira coisa que Tabard quis saber era o sobrenome do tio da garota... Ele trazia um grande pacote e mostrou-se muito interessado em encontrar o velho Georges... Isabelle pediu que todos entrassem sem os sapatos, pois o tio detestava sapatos dentro da casa.
Na verdade Isabelle não havia dito nada sobre aquela visita para a tia Jeanne... A mulher que preparava uma refeição (cortava legumes) estranhou a chegada dos homens... Hugo entregou o livro que havia emprestado da Academia de Cinema à Isabelle. Então a menina explicou à tia que Hugo havia descoberto muita coisa sobre o tio Georges graças àquele livro escrito pelo senhor Tabard, do qual Etienne era aluno... Ela disse que os dois queriam ajudar e que adoravam os filmes de Georges Méliès.
O senhor Tabard percebeu o constrangimento, pediu desculpas e disse que retornariam... A senhora Jeanne concordou e justificou que o marido ainda estava adoentado e que muito provavelmente não os convidaria para uma próxima visita... Isabelle insistiu com a tia para que não desperdiçasse a oportunidade.
Tabard contou como havia conhecido Georges Méliès. Disse que era ainda um garotinho quando o seu irmão mais velho trabalhou no estúdio do cineasta... Disse que ficava encantado com tudo o que via... Algo como um “palácio de contos de fada”... Eram os tempos dos primeiros filmes, tudo muito artesanal, mas muito bem feito... Tabard não se esquecia da primeira vez que apertou a mão de Méliès e do que ouviu do mestre... O professor contou que Méliès o instigara a fazer filmes, pois aquele ofício estava vinculado à “arte de produzir sonhos”... Tabard gostaria de retribuir as lições que recebera de Méliès... Ilustrações de duas páginas mostram-nos o episódio referido por Tabard... Vemos o estúdio abarrotado de artefatos cenográficos e Méliès agachado próximo à criança, que o ouvia atentamente.
As palavras de Tabard levaram Hugo a lembrar-se do que seu pai lhe dissera a respeito dos filmes, “era como ver os próprios sonhos em pleno dia”... Tia Jeanne se emocionou com tudo o que o professor havia contado, sentou-se numa cadeira e disse que Georges havia mesmo sido muito importante, mas no momento encontrava-se fragilizado e “desenterrar o passado” talvez não fizesse bem a ele.
Então Tabard revelou que havia trazido um antigo filme de Méliès e um projetor... Ele também estava muito comovido porque, inclusive, imaginava que o velho cineasta estivesse morto há muito tempo... Hugo e Isabelle manifestaram o desejo de assistir ao filme naquele mesmo instante, mas Jeanne mostrou que não era boa ideia porque Georges poderia acordar... As crianças insistiram e tia Jeanne também foi tocada pela curiosidade e desejo de assistir à fita. Olhou para a porta do quarto que permanecia fechada e solicitou que fossem rápidos com o que pretendiam mostrar.

Tia Jeanne chorou de emoção... A surpresa ficou por conta de o próprio Georges Méliès abrir a porta do quarto e, encostado à parede, assistir ao final da projeção. Ele também se mostrava emocionado... Quis saber quem eram aqueles que se encontravam em sua sala... Isabelle tratou de contar-lhe a história do autômato que havia sido revelada por Hugo... O menino entregou-lhe as duas partes coladas do desenho que o boneco havia feito... Isabelle apresentou Etienne e Tabard, referindo-se à Academia Francesa de Cinema, e destacou que o seu amigo Etienne era aluno de Tabard... E que os dois eram seus fãs.
Ao pegar o desenho feito pelo autômato e ouvir toda história que Isabelle contou, Georges solicitou o projetor... Desconectou-o da eletricidade e o carregou para o quarto... Trancou a porta, deixando os demais do lado de fora.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/11/a-invencao-de-hugo-cabret-de-brian_27.html
Leia: A invenção de Hugo Cabret. Edições SM.
Um abraço,
Prof.Gilberto