Na manhã seguinte, Hugo abriu a loja de brinquedos. Atendeu aos clientes da melhor maneira que podia. Sua mão direita ainda doía muito. Notou que o afluxo de fregueses era reduzido, assim, por muito tempo, ficava na ociosidade. Imaginou o quanto o trabalho na loja devia ser enfadonho para uma pessoa talentosa como Georges Méliès... Calculou que só se animasse quando construía um novo brinquedo... Nada comparado à engenhosidade investida no autômato que um dia planejara. O garoto passou o tempo tentando aprender a escrever com a mão esquerda.

Hugo pensou sobre a punição de Prometeu... Acorrentado num rochedo, não tinha como evitar que seu fígado fosse devorado por uma águia. Seu sofrimento não tinha fim porque o fígado se regenerava e a ave retornava para alimentar-se dele. O menino comparou-se a Prometeu porque começou a roubar para “ajudar o autômato”... Qual seria a sua punição? Passaria o resto da vida trabalhando na loja de brinquedos? Esses pensamentos foram interrompidos quando passou a olhar para o relógio e indagou-se sobre quando é que pararia de vez.
Isabelle continuava ali ao seu lado... O menino decidiu pegar o ratinho azul. Ela quis saber sobre aquele brinquedo e Hugo contou-lhe toda a história, desde o dia em que ele o quebrou até quando o consertou a pedido do velho Georges. Isabelle disse que o zelo do tio em relação ao ratinho talvez fosse um sinal de que ele estimasse o amigo... Concluiu dizendo que ele tinha o hábito de conservar guardados desenhos que ela havia feito quando era ainda bem pequena... Isso agradou Hugo, que comentou que todas as máquinas são feitas por alguma motivação ou necessidade humana. É por isso que seu pai (e ele também) queria tanto consertar máquinas quebradas. Disse ainda que, quando estamos desmotivados, é como se estivéssemos quebrados... Isabelle logo pensou no tio Georges, que estava bem desmotivado. Hugo falou que a visita de René Tabard na semana seguinte poderia reanimá-lo... A menina, ao mesmo tempo em que perguntava, concluía que a motivação de Hugo seria “consertar coisas”.
Depois guardaram os brinquedos, Isabelle recolheu o dinheiro das vendas do dia... Mas antes que fossem embora, Hugo, convidou-a a entrar pelo sistema de ventilação... Com dificuldade devido aos machucados que tinham, chegaram aos relógios de vidro... De lá, Isabelle contemplou encantada a cidade e suas luzes. Hugo contou-lhe que havia noites em que, mesmo quando já não tinha nenhum reparo a fazer nos relógios subia ali para admirar a noite parisiense.
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Leia: A invenção de Hugo Cabret. Edições SM.
Um abraço,
Prof.Gilberto